segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

capitulo 11 - vocês vão amar esse capitulo :)


Capítulo 11: Declarando-se
Miley Narrando


Coloquei uma mão no rosto, não acreditando na situação que estava. Me preparei para desvencilhar-me daquele braço forte, mas minha coragem foi roubada por um sussurro junto ao meu ouvido.
“Miley...”
Revirei os olhos, dando-me conta de que se tratava de Nicholas. Eu não precisava olhar para trás pra saber disso. Considerei a possibilidade de dormir mais um pouco, pois minha cabeça doía muito. Relaxei, me aconchegando ainda mais nos braços do homem atrás de mim. Fechei os olhos e cedi ao sono.
Minutos depois, alguém me cutucou. Sem vontade, abri os olhos.
“Vamos embora, seu pai deve estar em desespero. Ou vai ficar aí deitada o dia todo com seu novo namorado?”-Nicholas falou sério, de pé à minha frente.
Ainda sentia o braço em volta da minha cintura. Espera aí, se não era o Jonas que estava dormindo comigo, quem era?
Abruptamente, me virei para checar. 
“AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!”-Gritei ao ver o narcotraficante de lenço na cabeça que sorria, malicioso.
“Bom dia, muchacha.”
Levantei-me do sofá velho tão rápido que quase fui ao chão. O idiota do NICKZINHO riu, divertindo-se.
“Por que me deixou dormir com um narcotraficante?”-Dei um soco no ombro do estúpido.
“Antes ele do que Liam.”-Sorriu torto.
“Foi la mejor soneca de mi vida.”-O colombiano parecia incrivelmente satisfeito.
“Ela é cheirosinha, né?”-Nicholas zombou só pra me tirar do sério.
Coloquei as mãos na cabeça, determinada a não surtar, não àquela hora da manhã, de ressaca.
“Onde está Liam?”-Tentei mudar de assunto.
“Foi embora há alguns minutos atrás, disse que ia tentar resolver o assunto do roubo do Aston Martin. Liam quem dormiu aí no sofá com você.”-Ele revirou os olhos. “Quando saiu, pedi o chapadão pra deitar com você. Só queria mesmo, só para sacanear.”
Acho que o babaca gostava de apanhar, só podia ser! Ainda assim foi um alívio imensurável saber que eu não tinha passado horas agarrada com aquele latino estranho. Porém, me questionava o porquê de pensar que era Nicholas dormindo comigo e não meu namorado. Não fazia sentido.
Quando voltamos para casa, um verdadeiro cerco de policias estava armado no local. Perdi um tempo precioso explicando a eles o que havia acontecido, juntamente com os demais. Todo mundo queria contar sua versão dos acontecimentos ao mesmo tempo e a bagunça foi grande. Joe falou do porco, que usaram como arma, Marius do Strip poker, Emily não esqueceu os seguranças e Nicholas ficou perdido entre o arrastão e os narcotraficantes, que ninguém lembrou de perguntar o nome. Por fim, os policias foram embora zangados achando que nossa história era algum tipo de piada de mal gosto. O delegado prometeu que tomaria as devidas providências, mas não conseguiu ser convincente. Notei que até mesmo meu pai teve dificuldades de acreditar na nossa versão da noite passada. Ele não insistiu com as autoridades, mas jurou que ficaria de olho em mim o tempo todo para que eu não me envolvesse em mais problemas. Lógico que eu não gostei nadinha.
Fui para o meu quarto,tomei um banho demorado, vesti um jeans e uma camiseta e comecei a pensar em como contaria a Billy que eu iria viajar. Olhei para o relógio ansiosa, dando-me conta de que eu não poderia perder mais um segundo. No closet, peguei um punhado de roupas e as joguei em cima da cama. Quando vi as peças lá, jogadas, me perguntei se estava fazendo a coisa certa. Realmente queria passar um tempo com meu lobo, mas parecia-me, de certa forma, precipitado, com pouco tempo para organizar as coisas na minha vida e na minha cabeça. Suspirei, sentando-me na cama, já considerando a possibilidade de pedir a Liam que não fôssemos ainda.
Foi aí que Billy entrou no quarto sem bater, com uma expressão de insatisfação que, raramente, via nele.
“Destiny Hope Ray Cyrus. Precisamos conversar!”
Nossa, quando ele me chama pelo nome completo, coisa boa não pode ser!
“Seja lá o que for, não fui eu.”-Adverti logo.
“Que história é essa de você viajar para Paris com um rapaz?”
Arregalei os olhos, surpresa. Como ele sabia dos meus planos? Ninguém sabia.
“Não vou viajar.”-Menti, ainda perplexa.
“E o que é isso em sua cama?”-Perguntou ele, apontando para as roupas.
Mentir não ia mesmo adiantar. Eu não era muito boa nisso.
“Tudo bem, eu vou para Paris com Liam, volto em algumas semanas. É só. Pode me deixar sozinha agora?”-Respondi dando de ombros.
“Não vai a lugar algum, eu te proíbo, Miley. Aliás, te proíbo até mesmo de ver esse tal rapaz. Fazem apenas algumas horas que foi raptada por causa dele, nem quero imaginar o que poderia acontecer com você em outro país.”-O tom da sua voz aumentava gradativamente, gotas de suor formavam-se em sua testa.
Não permitiria que ele me tratasse como criança.
“O Liam não tem culpa do que a louca da Susan fez! E você não tem nenhum direito de me proibir de nada, já sou grandinha não tenho mais doze anos, Billy. Sei me virar em qualquer lugar.”-A raiva começava a me dominar lentamente.
“Isso é um disparate, seu lugar é aqui com sua família e não solta pelo mundo com um garoto que mal conhecemos!”-Agora ele estava realmente alterado.
Quando ele pronunciou a palavra “família”, meu peito encheu-se de dor.
“Família?”-O encarei, cerrando o punho.“Que família? Pelo que eu saiba, não tenho família desde que resolveu noivar com a mosca morta! Está completamente cego por ela. Eu e Taylor simplesmente não existimos mais para você!”-A muito tempo eu queria por aquelas palavras para fora. Foi uma sensação boa e ao mesmo tempo ruim.
“Não fale asneiras! Você e Taylor são tudo pra mim. Eu sei que as coisas estão um pouco diferentes agora porque tenho me dado ao luxo de ter um momento só meu, depois de anos sendo o pai e a mãe de vocês. Me desculpe se estive muito ausente, eu só... só... queria me sentir vivo novamente.”-As últimas palavras saíram em um fio de voz.
“Você precisa de um mulher ridícula para se sentir vivo? Ok, eu que falo asneiras, não é? Eu não sabia que nós fazíamos você se sentir morto.”-Ironizei engolindo seco.
“Não é isso, está deturpando minhas palavras. Não entende, Miley. Mesmo amando muitíssimo você e sua irmã, desde que sua mãe se foi...”-Nesse momento, eu achei que ele não conseguiria completar a frase, mas, para minha angústia, continuou. “Desde que Tish se foi, não amei mais ninguém, passei muitos anos sozinho, convivendo apenas com as lembranças do passado. Finalmente, encontrei Denise, que é uma mulher maravilhosa, uma mulher que amo muito e esse amor me fez rejuvenescer. Agora, não sou mais só o pai ou o médico, sou Billy, o homem. Por que é tão difícil para você entender? Tão difícil aceitar?”
Fiquei por alguns segundos apenas fitando-o. Por mais que eu quisesse entendê-lo, não conseguia. Será que meu pai não percebia que eu precisava dele tanto quanto ele precisava de Denise?
“Nada justifica... nada! Ela tem o melhor de você e eu só tenho as broncas e indiferença?”-Murmurei lhe dando as costas.“Chega!”-Esbravejei. “Não quero falar sobre o seu casinho! Só quero ir embora daqui, ficar longe de você, da sua noiva, dos filhos dela, de toda essa nova família que você tanto preza e que de forma alguma faço parte.”-Já não conseguia esconder a minha dor, porém nenhuma lágrima caiu de meus olhos. Era melhor assim, minha força era a minha única aliada.
Miley, vou ter que me impor como pai, por mais que você se chateie, não posso autorizar essa viagem! Não vou mais fazer vista grossa, mocinha! Já está mais que na hora de você ter limites! Então, essa é a minha última palavra, esqueça Paris e Liam.”-Não precisava ver o rosto dele para saber o quão sério falava, a determinação em sua voz me fez estremecer.
Virei-me ardendo em ira e pronta pra explodir.
“A VIDA É MINHA, FAÇO DELA O QUE EU QUISER. NÃO VAI ME PROIBIR DE NAMORAR QUEM EU QUERO! VOU SIM NESSA DROGA DE VIAGEM E TALVEZ NUNCA MAIS VOLTE!”-Gritei o mais alto que pude.
“Não vou discutir mais, isso não está nós levando a lugar algum.”-Meu pai cruzou os braços, voltando a sua calma habitual. “Quando seu momento de adolescente rebelde passar, voltamos a conversar. Por enquanto, fique aqui e repense as bobagens que falou. Minha filha, estou fazendo isso para o seu próprio bem.”
Quando ele saiu do quarto, comecei a socar uma parede, gritando enraivecida. Queria pôr toda a raiva para fora, mas não estava conseguindo.
Estava decidido, eu iria para Paris de qualquer jeito. As dúvidas já não importavam.
Rapidamente, coloquei as roupas que estavam na cama em um mochila, não me preocupando com o que estava levando. Só queria dar o fora daquela casa, sair do hospício e ter um pouco de paz longe de todos. Com minha pequena bagagem pronta, liguei para Liam e ele logo atendeu. Foi bom ouvir sua voz amigável, e melhor ainda, saber que ele já esperava-me no hotel. Ele me passou o número do quarto e o andar onde encontrava-se.
Faltavam algumas horas para o vôo, mas eu queria sair imediatamente dali, pretendia correr para os braços de Liam. Um abraço era tudo o que eu necessitava, após a dolorosa discussão com meu pai.
Joguei a mochila pela janela e saí do quarto fingindo tranquilidade para passar despercebida. Na sala, avistei somente Taylor e Denise conversando. Elas não se deram conta de que eu estava fugindo. Logo que me afastei da entrada da casa, corri para o jardim, em direção à minha janela, onde, no chão próximo a ela, a mochila estava. Fiquei parada por um segundo encarando-a. Então, após um longo suspiro a peguei. Era melhor eu sair dali rapidinho e pegar um táxi antes que Billy notasse minha ausência.
“Onde vai?”
Virei-me assustada só para dar de cara com o maldito Nicholas. Ao encará-lo, a ficha caiu.
“Foi você, seu desgraçado!”-Irada, tentei socá-lo, mas ele deteve meu punho. Queria esmagar o crânio do infeliz.“Não acredito que foi tão covarde a ponto de me apunhalar pelas costas. Isso foi baixo até mesmo para alguém como você!”-O imbecil segurou minhas mãos, deixando-me sem ação e totalmente zangada.
“Posso ao menos explicar?”-Perguntou o sujeitinho.
“Miley?”-Ao longe, ouvimos a voz de meu pai. Quando olhei para cima, percebi que vinha de dentro do quarto.
O Jonas soltou-me e eu não perdi tempo. Corri para fora do jardim o mais rápido que pude, até chegar a uma esquina próxima, torcendo para encontrar um táxi.
“Não vá, preciso falar com você!”-Pediu Nicholas, correndo atrás de mim.
Não queria encará-lo. A mágoa e o rancor fervilhavam em minhas veias.

Nicholas Narrando

Miley parou de correr, mas não virou-se para mim. Pus uma mão em seu ombro, obrigando-a a me fitar. Seu olhar acusatório e amargo fez-me sentir realmente um traidor.
“Precisei contar para Billy sobre a viagem, isso foi para o seu próprio bem, acredite.”-Minhas primeiras palavras foram calmas, embora não me sentisse da mesma forma.
Cyrus afastou-se bruscamente.
“Todo mundo resolveu agora interferir na minha vida? Para o meu próprio bem? A única pessoa que sabe o que é melhor para mim sou eu mesma.”-Bateu no próprio peito. “Não um pai ausente ou um Jonas traidor. Vou para Paris e talvez nunca mais volte, provavelmente caia na estrada com meu namorado.”-Era notório seu nervosismo e a raiva contida em suas palavras.“Não acredito que confiei em você. Como sou tola de confiar no inimigo! Lógico que você só estava esperando a oportunidade de me ferrar! Parabéns, Nicholas, conseguiu! Espero que tenha se divertido com a troca de farpas entre mim e meu pai.”
Passei a mão pelo rosto, chateado por não conseguir encontrar as palavras certas que a fizessem entender o porquê da minha atitude egoísta.
“Miley... Não sou seu inimigo, não foi minha intenção provocar um conflito entre você e Billy. Não sabe o que está fazendo.”-Com cautela, aproximei meus dedos de seu rosto quente . “Não gosto de imaginar como ficaria na França sem mim, ou o que Liam faria a você.”
Por um segundo, a pirralha pareceu acalmar-se, ao meu toque. Foi uma sensação agradável.
“Antes...”-Ela fez uma longa pausa. “...Antes até pensei na possibilidade de não ir, mas agora as coisas são diferentes, virou questão de honra embarcar naquele avião.”-Miley retirou minha mão do seu rosto.
“Por quê? Por orgulho? Para chatear Billy?”-Bufei.
“Não é só por orgulho, também quero ficar com Liam.”-Sua voz tremia levemente, como se não tivesse certeza das próprias palavras.
Ao ouvir o nome do meu amigo, quase explodi em raiva. Como ela não conseguia ver que ele não a merecia? Me arrependi profundamente de tê-la ajudado a conquistar o babaca.
“Como pode seguir um cara que mal te conhece? Será que ele está mesmo apaixonado por você?”-Questionei.
“Do que está falando? É lógico que está, ele gosta de mim, me conhece o suficiente...”-Balançou a cabeça revoltada com minha insinuação. “Não quero ter essa conversa agora ou vou me atrasar.”-A garota deu alguns passos. Insatisfeito, me antecipei, ficando à sua frente e a impedindo de prosseguir.
“Eu digo que ele não te conhece o suficiente pra gostar realmente de você, mal sabe seu nome!”-Afirmei seguro. Peguei a mão da minha pirralha e coloquei-a no meu peito.

Miley Narrando

Fiquei surpresa com as batidas inacreditavelmente fortes do coração do Jonas. O coração dele parecia ditar o ritmo do meu. Era como se nossos corações pulsassem em uma sincronia perfeita.
Queria ir embora, mas minhas pernas não obedeciam, meu corpo inteiro estava subjugado à vontade do homem à minha frente.
“Miley...”-Nicholas, de forma intensa, me encarou, fazendo-me paralisar.“Duvido que Liam note como você ruboriza quando está envergonhada, ou como mente mal só para não dar o braço a torcer; não sabe que você pisca os olhos rapidamente ao ficar confusa; ele não reconhece seu olhar melancólico, ou como fica engraçada quando fala palavrão, jamais perceberia que gagueja nos momentos em que fica constrangida...”-Minha respiração ficou suspensa quando ele tocou meus lábios.“Ele não sabe que você estremece quando é beijada. Liam não te conhece.”
“Ninguém me conhece.”-Sussurrei hipnotizada pelos olhos acobreados.
“Eu conheço!”-Nicholas cerrou os olhos, apertando minha mão com força. “Não sei explicar como isso aconteceu, mas conheço! Sei que por trás de toda essa armadura rebelde que se obrigou a usar, existe uma garota solitária, que não sabe como superar os traumas do passado.”-Sua voz era suave e reconfortante.
Virei o rosto, não querendo que ele visse em meus olhos o quão certo estava. Passei uma mão na cabeça, atordoada.
Nicholas Narrando

Tentei abraçá-la, mas ela escapou de meus braços.
“Eu sei que está confusa, eu também estou, mas não sei como lutar contra o que estou sentindo. Pra falar a verdade, não quero lutar contra.”
“Está dizendo que... que...”-Miley deu um passo atrás. 
Engoli seco, armando-me de coragem para confessar o que ela não conseguia perguntar.
“Quero dizer que... estou apaixonado por você!”-Até eu fiquei surpreso com minhas palavras. Senti um misto de prazer e dor ao pronunciá-las. Prazer por finalmente confessar a ela o que evitava admitir para mim mesmo, e dor, pelo medo inevitável da rejeição.
Miley encarava-me em choque. Deu mais alguns passos para trás até tropeçar em um pedra e cair sentada. Tentei ajudá-la, mas ela gesticulou para que eu permanecesse onde estava. Obedeci. A garota parecia mesmo assustada.
“Você está bem?”-Perguntei tentando acalmá-la.
“Isso... é... algum tipo de brincadeira, Nicholas? Porque eu juro que...”-Nervosa, se levantou.
“Não é brincadeira!”-Interrompi. “Estou mesmo apaixonado. E você? Sente algo por mim?”-Precisava saber, mesmo que a resposta fosse “não”.
Cyrus abriu a boca para falar e minha expectativa aumentou. Depois de tudo que passamos não era possível que ela fosse negar que tínhamos algo. Uma conexão, um elo que eu não conseguia descrever.
Foi aí que seu celular tocou. Bufei chateado, ela ficou alguns segundos estagnada, como se estivesse alheia ao toque irritante.
“O celular.”-Apontei, já não suportando ouvir o aparelho tocar.
A pirralha caiu em si, e o atendeu.
“Liam?”-Quase gritou, surpresa.
Era bem o que eu precisava! Liam, o imbecil atrapalhando mais um momento nosso. Revirei os olhos. A vontade de estraçalhar o celular não era pouca.
“Eu... eu... já estou indo!”-Cyrus gaguejou, fitando-me constrangida.
Enraivecido e enciumado, tomei o aparelho de suas mãos e o joguei para longe.
“Miley, não vá!”-Pedi, segurando-a pelos ombros. Eu não conseguia disfarçar a dor que me causava vê-la tão manipulada por seu namorado.
“Nicholas... preciso ir, não posso lidar com isso agora, não quero voltar pra casa.”-Ela afastou-se de mim, sinalizando para um táxi que se aproximava.
Quando o carro parou à nossa frente, me desesperei. Sabia que iria perdê-la, me odiava por ter lutado pouco no tempo que tive e, ao mesmo tempo, sentia-me um idiota de insistir em conquistar uma garota que sempre me odiou.
Quando meu frango abriu a porta do veículo, vi minha esperança se esvair como sangue em um ferimento mortal. Já não ligando para o que ela pensaria de mim, a encostei na lateral do carro, violentamente.
“Dê uma chance para nós, Miley!”
“Não vejo como isso pode dar certo. É loucura, loucura!”-Ela colocou as mãos na cabeça como se tentasse convencer a si mesma. “Você é filho da Denise, preciso odiá-lo tanto quanto odeio ela. Não posso ceder, Nicholas, não vou!”-Sua voz estava embargada, como se lágrimas estivessem prestes a escorrer por seu lindo rosto, mas isso não aconteceu.
A pirralha, com toda sua força, me empurrou para longe e adentrou o táxi.
Fiquei parado, olhando a única garota por quem já senti algo realmente intenso ir embora.
Cada célula do meu corpo a desejava, a queria como nunca antes. Sem Miley por perto era como se faltasse um parte insubstituível de mim. Um nó se formou em minha garganta, meus olhos arderam, anunciando a lágrima que acabara de contornar minha face. Me dei conta, naquele momento, que sempre foi uma luta injusta, eu não tinha como competir com Liam e, muito menos, contra o ódio incompreensível que ela sentia pela minha família.

Miley Narrando

Meu peito pareceu que ia explodir quando, dentro do carro, olhei para trás e avistei Nicholas, imóvel, como se esperasse a minha volta. Voltei a olhar para frente, não suportando ver aquela cena.
Não consegui respirar devido os espasmos em meu tórax. Nada na minha vida havia me preparado para aquele momento, eu não sabia o que fazer. Era quase impossível acreditar que o Jonas gostava de mim. Ele era meu inimigo declarado, sempre foi, e, agora, quando estava decidida a seguir os passos do meu lobo, tudo explodia diante de mim, jogando-me em um mar de dúvidas.
Durante o trajeto até o hotel de Liam, um milhão de coisas passou pela minha cabeça. Não consegui fugir das lembranças que me cercavam, intensificando meu sofrimento.
Momentos entre mim e Nicholas vagavam pela minha mente como um filme antigo, nossas brigas, implicâncias, gargalhadas, brincadeiras, as aulas para conquistar Liam, as vezes que dançamos, a noite de tempestade que ele me proporcionou sensações incríveis e, por fim, os beijos. Beijos inflamados, ousados e carinhosos.
Quando o motorista estacionou em frente ao hotel, saltei para fora, quase esquecendo-me de pagar a corrida. Já dentro do requintado Maxim, corri para o elevador sem passar pela recepção. Precisava ver o homem com quem estava fugindo. Talvez, junto dele, minha cabeça parasse de girar, precisava me concentrar nas coisas certas.
Dentro do elevador, apertei um botão, na dúvida de qual andar meu namorado estava. Ele havia me falado pelo telefone, mas lembrar, naquele momento, estava sendo difícil.
Olhei para o espelho ao meu lado e notei que estava um caco, olheiras, descabelada, a roupa, uma bagunça. Tentei melhorar minha aparência penteando os cabelos com os dedos, mas não estava adiantando.
Naquele momento, percebi a garota ao meu lado. Entrei tão desorientada no elevador, que nem me dei conta de que não era a única ali.
A menina aparentava ter uns 14 anos, óculos de grau, cabelo solto, uma típica estudante. Ela segurava um caderno e o rabisco na capa me chamou atenção.

"Temer o amor é temer a vida e os que temem a vida já estão meio mortos."

Não consegui tirar meus olhos daquele rabisco até que a porta do elevador se abriu. A garota se foi, mas a frase permaneceu em minha cabeça durante todo o tempo que fiquei procurando o quarto de Liam. Depois de alguns minutos, o achei. Havia passado por ele 3 vezes, mas, distraída, não percebi o quarto 215.
Bati na porta, impaciente. Não demorou para que ele abrisse.
“Oi, entra. Estou fazendo as malas.”-Sorridente, gesticulou para dentro do cômodo.
Analisei rapidamente o lugar, impessoal, arrumado e sem nenhuma característica da personalidade do homem ao meu lado. Não dei importância, Afinal, era só o quarto de hotel.
“Estava com saudades.”-Murmurou ele, abraçando-me por trás.
Sorri, sem vontade.
“Posso sentar ali?”-Perguntei,indicando um canto da cama onde não tinham roupas espalhadas.
“À vontade.”-Respondeu,voltando à mala quase cheia,próxima ao local onde ia sentar-me

Acomodei-me timidamente.
“Só vai levar isso?”-Perguntou, trocando olhares entre mim e a mochila que eu acabara de jogar no chão.
“Sim.”-Sussurrei.
“Você vai adorar Paris, é linda, a noite sempre agitada com muitos rachas, vinho...”-Ele pausou, aproximando a mão do meu rosto, a qual deslizou até o decote discreto que eu exibia.“Vamos nos divertir muito.”-Sorriu malicioso. Em outra ocasião, eu teria ficado contente, mas não estava no clima. Minha mente maltratava-me com lembranças e questionamentos incessantes.
Levantei e caminhei até uma janela próxima.
“Fiz algo errado?”-Curioso, tocou meu ombro.
“Não!”-Me limitei a responder, apenas.
Liam voltou à cama e continuou a fazer as malas.
A brisa que adentrou a janela me fez, finalmente, respirar sem dificuldade. Fiquei por alguns segundos de olhos fechados, apreciando o vento em meu rosto, aliviada por sentir que meu corpo já não tremia tanto. Tentei pensar em como seria maravilhoso estar na França com meu lobo, mas a dúvida que Nicholas plantou em mim se recusava a ir embora.
Será que ele estava certo? Será que Liam me conhecia? Ele era apaixonado por mim?
Miley, não seja tola. Esqueça tudo isso!
Tentei convencer a mim mesma, mas minha mente insistia em se manter irracional. Foi aí que falei, de supetão.
“Liam, qual o meu nome?”
“O que?”-Ele virou-se para mim, sem entender.
“Você sabe o meu nome completo?”
“Ah... Miley, só Miley?”-Riu, dando de ombros.
Baixei a cabeça, sem acreditar no que ele acabara de falar. Então, fiz outra pergunta.
“O que eu faço quando fico confusa?”-Cruzei os braços enquanto ele sorria, perdido.
“Não sei, por que está perguntando isso?”
Coloquei as mãos no rosto, dando-me conta que o Jonas estava certo. Liam não me conhecia.
“Por que me pediu em namoro?”-Eu realmente precisava saber. Precisava encontrar as respostas para as questões torturantes da minha cabeça.
Ele se aproximou, abraçando-me.
“O que você tem? Está tão estranha hoje.”-Quando passou a mão pelos meus cabelos, me fiz a mesma pergunta.
“Me desculpe.”-Suspirei. “Por favor, responde a minha pergunta.”-Insisti.
“Ok, respondo! Estava cansado de mulheres fúteis, você é diferente, me faz sentir melhor, tem todo esse jeitinho de moleca encrenqueira. Isso é novo para mim.”-Respondeu, beijando-me o pescoço.
Confesso que aquilo não foi o que eu esperava ouvir. Mesmo não sendo uma romântica incurável, imaginei que ele diria algo mais sentimental.
Engoli seco, decepcionada com ele e comigo mesma.
“Vem cá!”-Ele me puxou para a cama, deitando-me nela e posicionando-se em cima de mim.
Tentei disfarçar o nervosismo, mas não estava tendo sucesso algum.
“O que está fazendo?”-Banquei a idiota.
“Nada...”-Beijou meu maxilar.“Como já disse antes, só estou com saudades.”
Liam apertou minha coxa e isso me fez reagir de forma inesperada, o empurrei com violência e me afastei, nervosa.
“O que foi?”-Chateado, levantou-se também.“Não fiz nada, mesmo assim, me desculpe. Nossa!”
“Você não tem culpa, eu é que estou enlouquecendo!”-Afirmei, já pensando na possibilidade de me internar.
O silêncio foi constrangedor, nos segundos seguintes. Então, ele me puxou para si e sussurrou em meu ouvido.
“Posso ao menos te beijar?”
Queria me concentrar e ficar feliz, mas, as insanidades que Nicholas me falou ficavam rodeando minha mente como uma abelha zumbindo.
“Deve!”-Murmurei, fechando os olhos. Coloquei meus braços em volta do seu pescoço, enquanto ele juntava ainda mais nossos corpos.
Podia sentir a respiração quente de Liam próximo ao meu rosto, suas mãos apertavam minha cintura com firmeza, apossando-se de mim. Suspirei pela última vez, preparando-me para me entregar ao beijo que tanto sonhei. O beijo que me faria esquecer todos os outros que troquei com NICKZINHO, que me livraria de meus dilemas.
Senti, pela primeira vez, seus lábios carnudos, movimentando-se junto aos meus, sua língua explorando minha boca e retribuí da melhor forma possível. Porém, foi só. Nada de arrepios, tremores, tontura, nem mesmo pulsação acelerada.
Afastei-me, embasbacada.
“Só isso?”-Tentei entender o que acabara de acontecer.
“Como?”
“Desculpe, é que pensei que seria diferente nosso primeiro beijo!”-Passei a mão na testa, lembrando-me de todas as sensações maravilhosas que sentia quando era beijada por Nicholas. 
“Não, não, é melhor! Nós só ficamos nervosos, acho. Vou beijá-la outra vez.”-Liam parecia ofendido quando agarrou-me com violência e me beijou com empolgação e determinação. Esforcei-me ao máximo, para me entregar àquele momento. O lobo até beijava muito bem, parecia fazer tudo certo, eu é que não sentia absolutamente nada. O pior era que o rosto do Jonas não saía da minha cabeça um só segundo.
Outra vez, afastei-me percebendo que não adiantava insistir, Liam não era quem eu desejava beijar.
“Desculpa, Liam, eu não consigo, não sinto nada!”-Admiti, envergonhada.
“Não acredito no que estou ouvindo.”-Aborrecido, cruzou os braços.
“Não é você, sou eu...”-Não sabia como explicar, mal entendia.
Fechei os olhos, balançando a cabeça enquanto ria da minha tolice. Finalmente, me dava conta de que havia passado tempo demais encantada com o jeito bad boy do Liam. Determinada a conquistá-lo, não vi que minha paixonite por ele não passava de empolgação, fogo de palha, atração física.
Era Nicholas e não Liam que me tirava o fôlego, que fazia-me estremecer a cada toque. O maluco conseguia arrancar risos de mim e, ao mesmo tempo, enlouquecia-me de raiva. Me envolvi com meu inimigo e desafeto, era como cair em uma armadilha do destino. Agora estava ali parada diante do bad boy, sorrindo feito uma demente, enquanto todas as peças do quebra cabeça encaixavam-se.
“Espera, você está terminando comigo?”-Ele não estava nada feliz.
“Sim, parece loucura, mas é pelos motivos certos, acredite.”-Tagarelei nervosa.
“Que motivos?”
“NICHOLAS!”-Quase gritei, me lembrando da burrice que tinha cometido em deixá-lo sozinho na rua, triste e rejeitado.
PUTA MERDA!
O remorso me atingiu como um raio, quase me partindo ao meio. Foi nesse momento que pirei. Chutei e soquei o ar chacoalhando-me, com vontade de espancar a mim mesma. Liam deu um passo atrás, com as sobrancelhas erguidas, não entendendo nada e, provavelmente, achando que eu estava recendo algum espírito maligno.
Rapidamente, peguei a mochila e abri a porta do quarto, totalmente distraída com a minha recém descoberta.
“Onde você vai?”-Liam, aborrecido, perguntou.
Após um logo suspiro, respondi.
“Vou fazer o que mais odeio, dá o braço a torcer!”-Sorri naturalmente.
“Não vai mesmo para Paris?”
“Desculpe, mas não! Logo te explico melhor, agora preciso correr porque cometi uma enorme injustiça.”-Voltei para lhe dar um beijo no rosto. “Boa sorte no racha, e divirta-se na França!”
Não esperei para ver a reação de Liam às minhas palavras, saí correndo pelos corredores. Quando cheguei na recepção do hotel, convenci a recepcionista antipática a me deixar usar o telefone. Por sorte, Emily atendeu em casa. Disfarçadamente, perguntei por Nicholas e a Fofolete não sabia do paradeiro dele, até que perguntou a Joe. O bisonho nos disse que ele havia pego a moto para dar uma volta próximo ao rio Adige. Desliguei o telefone na cara da curiosa e corri para a calçada do hotel, em busca de um táxi. Assobiei e logo apareceram três de uma vez.
ERA SORTE?
Já dentro do carro, pedi para o motorista me levar ao parque que fica próximo ao rio Adige. Quando Emily falou o nome do local, logo percebi que se tratava do lugar onde Nicholhas e eu trocamos nosso primeiro beijo.
A dor que antes sentia era substituída por remorso, euforia e nervosismo. Estava agindo por impulso, como nunca agi antes, tentava não pensar no fato de que ia ao encontro do filho de Denise, pois isso, provavelmente, me faria desistir.
Concentrei-me apenas na lembrança de Nicholas me pedindo uma chance para ficarmos juntos, aquilo me motivava quase me fazendo esquecer o medo que sentia de ele não me perdoar por tê-lo deixado sozinho com seus sentimentos, enquanto jogava-me nos braços de alguém que mal me conhecia. 
Minhas mãos estavam incrivelmente frias, eu não sabia o que faria ou falaria quando o encontrasse, só sabia que lhe devia desculpas, principalmente por ter sido covarde em não admitir que eu também o queria. Os minutos nunca foram tão lentos para mim.
“Não dá para ir mais rápido, moço?”-Perguntei impaciente.
“Infelizmente não, a avenida está engarrafada. Deve ter acontecido alguma batida.”-Respondeu indiferente.
Chutei o banco do motorista, não queria passar horas presa no trânsito. Tinha medo que quanto mais o Jonas ficasse pensando nas palavras duras que lhe lancei, mais difícil seria ficarmos juntos, devido a nossa tendência a nos desentender.
Pensar em nós dois juntos ainda era estranho para mim, quase surreal. Mas não podia conter a vontade dentro de mim de abraçá-lo, de confessar o quanto fui burra de não perceber que estávamos envolvidos a muito tempo.
“Falta muito para chegar ao rio Adige?”-Mal conseguia ficar sentada.
“Algumas quadras, por quê?”
Nem respondi, joguei algum dinheiro para o taxista e saí do carro,enquanto ele ainda me chamava de louca.
Olhei para o engarrafamento gigantesco, jamais chegaria ao meu destino pelos meios convencionais. Então, corri.
Enquanto corria, deixava para trás meus medos tolos, preconceitos, dúvidas, as lembranças da briga com Billy, tudo. Meu único objetivo era alcançar Nicholas e pedir-lhe perdão. Eu não era o tipo de pessoa que fazia isso,mas o cretino era mesmo o único que importava-se comigo, que tentava me proteger e que teve a coragem de se declarar para mim. Ele merecia aquele esforço, merecia que eu engolisse o orgulho.
Quando passei por uma esquina, quase atropelei uma senhora que deixou suas compras caírem no chão. Ela gritou algum xingamento em italiano que não entendi. Não queria nem olhar para trás. Se eu parasse, podia pensar demais e estragar tudo.
Corria como nunca havia corrido antes, já não estava sentindo minhas pernas quando vi o rio Adige. Infelizmente, ainda faltava muito para chegar lá, eu estava no parque que fora construído próximo a ele.
Podia ver a cara das pessoas assustadas com meu jeito estabanado de correr. Me distraí por um segundo, rindo dos olhares estranhos que me lançavam.
“CUIDADO!”
Só fui entender o alerta quando me choquei contra um poste. A dor que veio a seguir foi intensa. Eu teria xingado as pessoas que gargalhavam à minha volta se minha cabeça não estivesse doendo tanto. Eu juro que vi estrelinhas. Zonza, levantei-me, sacudi a poeira e voltei a correr mancando. A ponte Pietra que corta o rio parecia cada vez mais distante.
Após alguns minutos de corrida dolorosa, finalmente cheguei à ponte. A uns 15 metros de distância, avistei o homem que me tirava o fôlego no meio da ponte, encostado, sozinho fitando a água abaixo de si.
Parei, pondo as mãos nos joelhos exausta, sedenta e totalmente sem forças. Era irônico como eu havia corrido tanto para chegar ali, e, agora que faltavam poucos metros, eu já não conseguia dar um passo.
Depois de respirar fundo algumas vezes, joguei minha mochila no chão. Então, peguei toda a coragem que havia em mim, e, antes que a vergonha me dominasse, gritei:
“NICHOLAS!”
Ele virou-se para me olhar, confuso. Antes que me ignorasse por rancor, coloquei para fora.
“ME DESCULPE!”-Berrei.
“O QUE?”-Perguntou como se não tivesse ouvido direito. Revirei os olhos, não crendo que ele me faria repetir.
“ME DESCULPA, VOCÊ TINHA RAZÃO SOBRE TUDO!”-Não podia estar mais corada como naquele momento. “EU TAMBÉM ESTOU APAIXONADA POR VOCÊ!"
Meu coração quase parou de bater quando o Jonas baixou a cabeça. Ele estaria me odiando mais do que um dia eu já o odiei? E agora quem iria ser rejeitada era eu? Olhei para os lados, não havia ninguém para me socorrer, caso enfartasse de desgosto. Todo meu esforço para chegar ali teria sido em vão?
“MILEY!”-Finalmente ele gritou dando sinal de vida. Eu arfava descontroladamente.“EU SEMPRE SOUBE QUE ERA ESTÚPIDA, POR ISSO... TE DESCULPO!”-Nicholas sorriu de forma encantadora.
Com aquelas palavras e sorriso, ignorei minhas pernas cansadas e corri ao encontro dele, tirando forças da louca paixão que sentia. Foi a melhor corridinha da minha vida.
Quando faltaram uns dois metros para chegar, diminuí o ritmo e, literalmente, pulei nele, envolvendo minhas pernas em seu quadril. Graças ao equilíbrio de NICKZINHO, não caímos. O beijo que lhe dei foi libertador e arrebatador.
Nicholas segurava-me com força, enquanto saboreávamos os lábios um do outro. Meu coração parecia que ia explodir dentro do peito. Nunca havia sentido uma emoção igual. Agarrei seus cabelos, o impedindo de descolar a boca da minha. Cada pedacinho de mim ardia em paixão por aquele homem, eu poderia morrer sem fôlego ali mesmo que nem me importaria. A textura e maciez de sua língua simplesmente me enlouquecia. Então, sem mais nem menos, começamos a rir no meio do beijo. Era estranho tentar aprofundar o ato e, ao mesmo tempo, prender a gargalhada. Por fim, afastamos os rostos arfando.
“E Paris?”-Perguntou ele pausadamente recuperando o fôlego.
“Que Paris?”-Dei de ombros também ofegando.
Seu sorriso iluminado era capaz de ofuscar os suaves raios solares do crepúsculo.
Foi aí que ele começou a cantarolar...
“Você me quer... você me quer... meu frango me quer...”
Revirei os olhos, rindo.
“NICKZINHO, cala a boca!”-Falei, beijando-lhe com vontade.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

capitulo 10!


Capítulo 10: Strip Poker
Nicholas Narrando

“Ariba, ariba! Agora la fiesta está completa!”-O narco de lenço na cabeça comemorou. Tentei dissipar a imagem dos sujeitos, que pulavam felizes com meu irmão bisonho.
Me concentrei na Cyrus que parecia alheia ao que estava acontecendo. A puxei para a cozinha, onde estava menos movimentado, enquanto ela murmurava reclamações.
“O que deu em você? Por que não me ligou? Por que não nos avisou que estava bem?”-Bufei chateado. “Não faz idéia do que passamos por sua causa. Seu pai quase faz toda a polícia italiana te procurar, Emily se sacrificou beijando um segurança gordão, infringimos a lei invadindo a casa da ruivona, Joe atravessou uma janela, torturamos o pobre Toicinho obrigando-o a quase beijar a psicopata e, por pouco, a galera não vira comida de cachorro. E tudo isso pra quê? Pra te encontrar aqui tocando guitarra com aqueles dementes!”-
Por um segundo, me perguntei onde estariam Liam, Emily e Marius. Será que estão dispersos na multidão e, por isso, não nos encontram?
“Eu não sabia que vocês estavam me procurando.”-Miley puxou meu braço para verificar as horas no relógio de pulso. “Só fazem cinco horas que fui raptada. Quando cheguei aqui, os hermanos me reconheceram ao tirar o capuz da minha cabeça,então, começamos a conversar, eles me contaram como foram contratados pela vaca ruiva para me darem um surra, bebi uma dose de tequila pra me acalmar, uma dose levou a outra e, quando dei por mim, já estava rolando a festa. Fiquei empolgada de tocar pra toda essa gente porque eu nunca toquei pra ninguém, acabei por me distrair, foi só.”
Como ela podia falar aquilo? Eu já não conseguia esconder minha raiva. Quase enlouqueci de preocupação e ela sorria contente?
“Eu vou ligar pro seu pai avisando que te encontramos e logo vamos para casa.”-Falei altivo.
“Ele se preocupou comigo?”-Sussurrou Cyrus.
“O que?”-Perguntei incrédulo.
“Nada.”-Desconversou.
“Lógico que Billy se preocupou, todos se preocuparam! O que te faz achar que não é importante para sua própria família?”-Consegui ficar ainda mais irritado. Não entendia o tom agressivo em minha voz.
“Pensei que você estaria lá soltando fogos junto com sua mãe e irmãos! Afinal, a vida de vocês seria bem mais fácil sem mim por perto. Até a vida de Billy seria mais fácil.”-A garota alterou também seu tom de voz, enfrentando-me.
Cruzei os braços decidido a não comprar aquela briga. Tudo que eu queria era levá-la segura para casa e encerrar aquela maldita noite.
“Eu não vou brigar agora pirralha, não vou. Então não fala idiotices, vamos embora.”-Tentei puxá-la pelo braço, mas desvencilhou-se facilmente.
“Vou ficar na festa. Depois me mando!”
“Não mesmo!”-Sorri irônico. “Você vai comigo agora!”-Cerrei o punho com vontade de socar uma parede.
“Quero ver você me forçar.”-A pentelha me desafiou, cruzando os braços. Fitou-me como se já tivesse ganhado a parada. 
Revirei os olhos, determinado a encerrar aquele impasse. Fui ao seu encontro e, abruptamente, a ergui, colocando-a em meu ombro.Miley chacoalhava-se em um misto de surpresa e ira. Os palavrões que saíram de sua boca foram ignorados por mim, enquanto a segurava firme para que não fugisse.
“NICKGAYZINHO, EU VOU TE MATAR, JURO!”-Berrou ela, batendo em minhas costas.
“Como se eu já não tivesse ouvido isso antes.”-Murmurei, dando-lhe um leve tapa na bunda. Prendi o riso enquanto imaginava a expressão assassina que ela deveria estar fazendo.
Já caminhava para fora da cozinha, quando o tumulto começou.
“UM PORCO,UM PORCO, CUIDADO COM A GRIPE SUÍNA, CUIDADO COM A GRIPE SUÍNA!”-Aquele grito de pavor anônimo foi o suficiente pra causar uma histeria coletiva desnecessária.
Iniciou o pior alvoroço que já presenciei. Parecia que eu estava andando em círculos, enquanto me puxavam, empurravam, pisavam em meu pé. Era o inferno!
Eu até podia ouvir os gritos de Emily e Marius, mas não os conseguia ver. Estariam na sala?
“CADÊ O TOICINHO? CADÊ O TOICINHO?”-A voz desesperada do meu irmão vinha de um outro cômodo.
Eu queria matar a criatura que soltou o animal dentro de casa.
Enquanto colocava Miley no chão senti mãos invadindo os bolsos traseiros da minha calça. Que merda era aquela? Foi nesse momento que alguém empurrou fortemente a pirralha e isso nos fez ir ao chão. O meu corpo amorteceu a queda dela, mas nossas testas chocaram-se, causando uma forte dor.
“Aiiii!”-Ao mesmo tempo resmungamos.
À nossa volta, o pandemônio dispersava-se, mas ainda assim, a abracei com força, temendo que fôssemos pisoteados.
Cyrus me encarou, surpresa com minha atitude protetora. Piscou os olhos rapidamente, do jeitinho que faz quando está atônita.
“Você está bem?”-Perguntei, esfregando minha testa machucada.
“Estou.”-Miley respondeu automaticamente.
Eu não soube como agir quando a ponta de seus dedos delicados tocaram minha testa, não conseguia tirar os olhos de seu rosto, enquanto ela me examinava com cautela.
“Vai se formar um galo dos grandes.”-Cyrus sussurrou, massageando o local.
Sorri ao ver a expressão preocupada que formava-se em seu rosto.
“Vou sobreviver.”-Respondi, deliciando-me com o suspiro que ela deixou escapar.
Nossos rostos estavam tão próximos, nossos corpos tão colados que me deixei envolver pelo momento e, por alguns segundos, esqueci totalmente de onde estávamos. Só tinha olhos para a garota deitada em cima de mim. Os dedos de Miley que, antes tocavam minha testa, agora aproximavam-se cautelosamente de meus lábios, decidi não me mover. Deixei-a decidir o que fazer, mas, intimamente, torcia para que ela saciasse minha vontade de beijá-la. Quando aproximou ainda mais o rosto do meu, notei que ela não respirava. Não a julguei, pois não era a única. Quando Miley fechou os olhos, soube que seus lábios tão desejáveis seriam mais uma vez meus.
Nesse exato momento, ouvimos alguém pigarrear. Cyrus levantou-se tão rápido, que nem me deu chance de protestar. Olhei para o lado e lá estava Liam, de braços cruzados, carrancudo. O amaldiçoei por atrapalhar nosso quase beijo. Levantei-me frustrado e pouco me importando com o que ele pensaria sobre a cena que acabara de ver.
“Você me parece muito bem.”-Liam ironizou.
“Ah...é...estou, os narcotraficantes não me fizeram mal algum.”-A idiota estava nervosa?
Olhei à minha volta, me dando conta de que não havia mais ninguém na cozinha além de nós. A casa estava incrivelmente silenciosa.
TODO MUNDO FOI EMBORA COM MEDO DO TOICINHO?
MILEY!”-Emily berrou, adentrando o cômodo, feliz por ver a prima a salvo. Marius a seguiu, com um sorriso safado. Não queria nem imaginar o que aquela bichona tinha aprontado durante o tumulto.
“CADÊ O TOICINHO? CADÊ O TOICINHO? AH, MEU DEUS!”-Joe apareceu atordoado com as mãos na cabeça. “LEVARAM O MEU PORCO!”-Ele já estava lacrimejando.
“O QUE? LEVARAM O BICHINHO?”-Emily preocupou-se.
Os hermanos, que pareciam bêbados ou drogados demais pra entenderem o que estava acontecendo, riram.
“Que bichinho?”-Perguntou o que usava chapéu de cowboy em uma mistura estranha de nossa língua e espanhol. “Aquele?”-Ele apontou para Marius.
“Estou oficialmente ofendido... mas... HU!...HOHOHOHOHOH. É bichinha, muchacho.”
“Espera, vamos nos concentrar no animal! Quem estava com ele antes da confusão?”-Tentei pôr ordem naquela zôrra.
“O Marius! Ele soltou o Toicinho no meio da sala, mandando ele ir dançar!”-Emily se pronunciou, também com voz de choro.
“Sua caboeteira!”-Murmurou a bicha, em resposta, com um olhar frio e assassino.
Joe, irado, partiu pra cima do viadão, na intenção de vingar seu porco:
“AGORA EU SANGRO ESSE SEM PREGAS!”
“AAAAAAHHHHHHH!”-Gritou o lunático, vindo se esconder logo atrás de mim!
EU MEREÇO!
Tentei acalmar meu irmão, mas ele estava incontrolado! A briga chegou a tal ponto, que eu girava no meio dos dois, já ficando tonto, enquanto eles corriam à minha volta. Bem próximo a nós, ouvia as risadas dos colombianos, que sentaram para assistir o espetáculo e ainda acenderam “unzinho”.
Já bem irritado, gritei com os dois briguentos:
“Ei, chega! Parem com isso! Por que não agem como adultos e vão procurar esse porco, ao invés de ficarem com nesse joguinho infantil?”
Mal acabei de falar, ouvimos um barulho irritante de panelas. Todos ficamos em silêncio e olhamos para o fogão.
“Ai,... ratos?”- Emily choramingou.
Nos aproximamos para examinar. Afinal, estávamos curiosos, pois o som parecia cada vez mais forte. Se eram ratos, deveriam ser gigantes! Paramos ao notar que uma enorme panela de pressão agitava-se, enquanto outro som podia ser ouvido vindo de dentro dela, mas estava muito abafado para ser entendido.
A tensão foi crescendo e ninguém tinha coragem de abrir a panela. Foi aí que Joe reconheceu os grunhidos.
“Toicinho!”-Ele destampou o recipiente e, logo, pudemos ver a cara aliviada do leitão, que saiu, apavorado e foi consolado pelo abraço forte (talvez quase mortal) de seu dono.
“Toicinho, você quase me matou de susto! E olha só pra você, ia virando torresmo naquela panela!”-O burro falava isso como se o porco fosse lhe dar alguma explicação!
Marius, vendo que meu irmão não parava de abraçar e beijar seu mascote, não perdeu a oportunidade e provocou:
“Ai, como eu queria ser uma leitoa!”
Joe virou-se pra ele, em fúria.
“Olha aqui, seu viado pervertido, a culpa de tudo isso é sua! Você devia ter segurado ele o tempo todo!”
O pavão fez uma cara sexy e estendeu os braços.
“Deixa o Toicinho pra lá e vem você pra mim, que eu te seguro direitinho, gostoso! HU!...OHOHOHOHOHOH!”
Antes que Joe o matasse, eu (mais uma vez) me coloquei entre ambos e cochichei para meu irmão:
“Cara, não escuta ele, você já achou seu porco. Não era isso que queria?”-Ele continuava com aquela cara de assassino em série, podia jurar que Miley sussurrou algo que não consegui entender. Foi aí que a própria pronunciou-se. 
“Pára tudo! Quem colocou o suíno dentro de uma panela? Essa eu quero saber!”
Ninguém conseguiu responder. Trocamos olhares, intrigados. Naquele manicômio, poderia ter sido qualquer um. Então, pra evitar o pior, eu mesmo levei meu mano para a sala, tentando deixá-lo longe de Marius, que pentelhava com aquela risada horrível.
“HU!...OHOHOHOHOH!”
Apalpei os bolsos da minha calça em busca do celular para contatar Billy, e, para minha surpresa, eu já nem tinha carteira. Não consegui disfarçar minha expressão de choque.
“Não acredito! Levaram meu celular e carteira na hora do tumulto.”-Resmunguei atônito. “Alguém me empresta um celular, preciso ligar pro pai da pirralha, antes que ele ache que todos morremos.”
“Eu já estava sem celular.”-Miley afirmou com descaso.
Já os outros começaram a vasculhar seus bolsos, perplexos. Ninguém tinha coragem de verbalizar o óbvio. 
“PUTA MERDA! FOMOS ROUBADOS!”-Xinguei, chutando uma lata de cerveja no chão.
“Como isso é possível?”-Liam ainda tentava achar seus pertences.
“Na hora do empurra-empurra, eu senti mesmo que enfiavam as mãos nos meus bolsos. Como eu estava preocupada em não ser pisoteada, nem dei importância. Poxa, levaram tudo!”-Emily fez biquinho, choramingando.
“Como eu estava na gandaia, nem liguei, podia me levar até a roupa que nem ia perceber.”-A gazela sarcástica continuava a sorrir. 
“Foi um arrastão! Limparam a gente!”-Esse foi Joe, puto da vida.
“Madre de Dios, também fomos roubados! No respeitam más um narcotraficante internacional!”-Resmungou o colombiano de lenço vermelho.
“Quer saber? Vamos embora.”-Liam foi o primeiro a sair da casa, chateado.
Ele tinha razão,precisávamos ir embora antes que a noite piorasse.
“NÃO! DROGA! NÃO!”-O grito do meu amigo fez todos nós sairmos da casa, correndo ao seu encontro. “FILHOS DA MÃE, LEVARAM ATÉ MEU CARRO!”-O otário, socava o ar, irado.
Ri alto, divertindo-me com a cena e Joe também.

Miley Narrando

Tive vontade de chutar o NICKGAYZINHO por estar rindo. Será que ele não percebia que, sem o carro, nós dificilmente sairíamos do bairro? Meu lobo estava mesmo revoltado, queria consolá-lo, mas não sabia como. Perder um Aston Martin devia ser mesmo horrível.
“E agora? Como vamos embora?”-Perguntou a Fofolete preocupada.
As palavras da minha prima trouxeram os Jonas idiotas de volta a realidade.
“Ah, não. Mais essa agora!”-Nicholas esfregou o rosto.
“Qual o plano?”-Perguntei, fitando-o.
“Ok, ok!”-Ele pareceu esforçar-se para manter a cabeça no lugar. Então, virou-se para encarar os meus sequestradores. “Vocês tem telefone aí na casa?”
“Claro que no, isto se trata de un cativeiro. Nós somos profesionales.”
Com aquela resposta, eu comecei a me preocupar também.
“Vamos sair por aí em busca de um táxi, ou um orelhão!”-Marius falou, achando-se mega-inteligente.
“En ese momento? Yo no faria isso. Sabem como se chama este bairro?”-O narco de chapéu, alisou o bigode, sorridente. “Beco de la bala perdida.”
“Por quê?”-Perguntei ingênua.
Minha pergunta foi interrompida pelo estampido de tiros, que pareciam vir de todos os lados.
“AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!”-Corri gritando para dentro da casa, sentindo que estava sendo acompanhada pelos outros.
“SE JOGUEM NO CHÃO!”-Liam nos alertou.
Podia ver todos jogando-se ao solo, enquanto o tiroteio continuava. Eu não sabia o que fazer, até o NICKZINHO me puxar para junto de si.
“AAAHHH, VAMOS TODOS MORRER!”-Emily berrou aos prantos, estirada no piso com as mãos na cabeça.
Eu iria repreender minha prima, mas estava tão apavorada quanto ela.
“QUE DROGA É ESSA?”-O Jonas esbravejou pra um dos narco.
“Briga de gangue. Ellos estão só passando pela rua. Logo las cosas se acalmam.”-O mais feio respondeu tranquilamente. “Alguém quer la danadita pra relaxar?”
“NÃO!”-Respondemos em uma só voz, zangados.
“Onde está ela?”-Joe perguntou animado.
AH, UMA JAULA PRA ESSE AÍ!
Minutos depois, o tiroteio cessou e agora, todos discutiam na sala um modo de sairmos daquela situação.
“Vem comigo.”-Sussurrou Liam, arrastando-me para a cozinha.
Ele me abraçou e eu quase não consegui reagir, de tão surpresa. Com muito esforço, retribuí o ato.
“Está tudo bem?”-Perguntei confusa.
“Eu que deveria te fazer essa pergunta.”-Lá estava seu sorriso perfeito de volta ao seu rosto.
“Estou bem, quer dizer, tudo parece tão louco e surreal. Mas, acho que tudo vai voltar ao normal.”-Respondi calma.
“Fiquei com medo de ter acontecido algo com você.”-Ele retirou uma mecha de cabelo que estava à frente do meu rosto. “Sinto muito por tudo isso, eu sei que a culpa é minha.”
“Não se preocupe, não é sua culpa se a vaca... oops, Susan é maluca.”
“Nunca imaginei que namorar você fosse tão difícil.”-Ele aproximou-se, colando seu corpo ao meu. Fiquei nervosa só de imaginar que ele pudesse me beijar.“Sabe, estou cansado de Verona, as coisas não dão muito certo pra mim aqui.”
“Entendo.”-Não entendia nada, mas não ia bancar a otária.
“Eu ia contar algo a você após o jantar, mas tudo começou a sair do controle desde o incidente com seu pai.”-Liam riu irônico. “Na verdade, é mais um convite. Todo ano passo três semanas em Paris, disputando um campeonato amador. Adoraria que você fosse comigo. Gostaria muito de ficar com você longe de Verona, seu pai, das confusões, até mesmo do Nicholas. Só você e eu. O que você me diz?”
Fiquei procurando o chão embaixo dos meus pés. Aquele convite era totalmente inesperado. Pisquei os olhos algumas vezes, tentando encontrar palavras para responder satisfatoriamente, mas não as achava em minha mente.
Eu não tinha dúvidas de que Billy me proibiria até mesmo de pensar na possibilidade de aceitar o convite. Mas, pouco me lixava para a opinião dele, afinal, ele não pediu a minha, quando propôs casamento à mosca morta. Iria fazer das tripas coração pra embarcar com meu lobo na tal viagem, só precisava saber como. Liam me fitava apreensivo, esperando minha resposta. Não tinha nem o que pensar. Paris com Liam? É claro que sim!
“Vou com você!”-Afirmei segura.
“E seus pais?”
“Pais no plural? Não, é singular, pai. Quanto à ele, não se preocupe, eu dou um jeito. Quando partiremos?”-Sorri animada.
“Como já passa, e muito, da meia-noite, hoje à tarde. Eu sei que falta pouco tempo, eu devia tê-la avisado antes. É que fiquei esperando o momento certo para convidá-la, e acabou que o momento nunca surgiu. Por isso, estou te propondo isso assim, em cima da hora.”
Cocei a cabeça, confusa. Tudo bem, queria viajar com meu lobo, mas faltavam apenas algumas horas, era pouco tempo para enfrentar Billy, arrumar as malas e me despedir da família. Até senti uma repentina tontura, de tão pressionada que fiquei.
Miley? Tudo bem? Você ainda vai comigo?”-Perguntou ele, acariciando meu rosto.
“Sim, vou!”-Falei sem convicção. “Que hora pretende viajar?”
“15:30h. Posso comprar sua passagem pela manhã e te buscar em sua casa.”
Liam roçou os lábios no meu pescoço e isso me fez perder a linha de raciocínio. Era a primeira vez que ele fazia aquilo, quase gritei de contentamento.
Seus lábios estavam subindo pelo meu maxilar e a expectativa do beijo estava tornado-se quase insuportável. Foi aí que ouvimos alguém pigarrear.
Virei-me abruptamente só para dar de cara com o mal educado do Nicholas. Pensei que o xingaria, mas a reação que eu tive, surpreendeu a mim mesma. Fiquei extremamente constrangida, como se estivesse fazendo algo errado. Mas, por que isso agora?
Ok, Miley! Você não deve explicações a esse babaca só porque quase o beijou na sala. Seu namorado é Liam,não esse... esse... ai, Deus, eu preciso de terapia!
Bufei, na tentativa de me convencer, mas não estava dando certo. Engoli seco, tentando disfarçar o nervosismo.
“Decidimos por ficar aqui até o dia amanhecer, é a única opção. Não falta muito, já que são quase 02:00h.”-Ele pôs as mãos nos bolso da calça, parecendo chateado. “Podem continuar o que estavam fazendo.”-Falou, antes de sair.
Encarei Liam e, em seguida, a porta da cozinha.
“Vamos para a sala. Está quente aqui.”-Ruborizei.
Enquanto atravessava a porta, tinha vontade de colocar minha cabeça em um vaso sanitário e apertar a descarga.
QUE PORRA EU ESTAVA FAZENDO?
Os rapazes e Emily conversavam, entediados, enquanto o Jonas permaneceu sozinho, próximo a uma janela, encarando a rua com um olhar meio vazio. Qual era a dele, afinal?
Disfarçadamente, fui aproximando-me dele, fingindo querer olhar através da janela também.
“Er... Será que Billy já chamou a SWAT?”-Brinquei totalmente sem jeito.
“Não sei.”-Respondeu seco.
Por alguma razão, queria dizer a ele que nada tinha acontecido entre mim e seu amigo. Mas não encontrava palavras, muito menos coragem. Ajeitei minha roupa, já quase desistindo da conversa.
“Eu ouvi o papo de vocês.”-Nicholas estava indiferente.
Arregalei os olhos, espantada. Abri a boca para responder, mas minha voz simplesmente não saiu.
“Billy não vai mesmo permitir que você viaje com Liam.”
“Ele não manda em mim. Vou enfrentá-lo!”-Consegui responder com muito esforço.
Nicholas deu de ombros como se não quisesse saber sobre o assunto.Aquilo me irritou profundamente.
“Desisto.”-Murmurou ficando de costas para mim.
“Do que você está falando?”
“Nada.”-Rude, falou como se encerrasse a conversa.
Tive vontade de socá-lo até não ter mais forças. Ele não podia simplesmente me virar as costas e ignorar, eu não havia acabado de falar. Me preparei pra descer o braço no maldito, quando o ouvi perguntar.
“Namorar com Liam está sendo tudo aquilo que você esperava?”
“Não sei, sempre que tentamos dar o primeiro beijo, alguém aparece pra atrapalhar!”-Disse-lhe, meio sem pensar, com a intenção de provocá-lo, mostrando-lhe o quanto ele foi inconveniente na cozinha.
“Espera aí!”-Nicholas virou-se e me encarou confuso. “Você não disse que já tinha beijado o otário?”
ME FERREI!
Queria humilhá-lo e acabei humilhando a mim mesma, passando atestado de mentirosa. Deu uma vontade louca de costurar a boca.
“Er... bem... eu...”-Ah, droga, lá vinha a maldita gagueira.
O cabelo ensebado gargalhou.
“Você mentiu!”-Acusou com sorriso torto.
“Não!”-Fiz careta.
“Eu deveria te dar umas boas palmadas por isso.”
“Ei!”-Me fingi de ofendida, mas, na verdade, não estava muito.
“Obrigado por ser burra e entregar a si mesma, o que disse faz toda diferença!”-Nicholas ajeitou o colarinho da camisa, bem humorado.
“Do que você está falando, seu maluco?”-Eu estava mesmo perdida no assunto.
“Você é muito lerda.”-Ele colocou uma mão no meu ombro. “Mas ainda é o meu frango, e não vou desistir dele.”-O Jonas afastou-se contente.
Poxa, por que ele continua me xingando de frango? Não achei graça da piadinha. O que ele quis dizer? Que vai continuar me atormentando a vida e inventando apelidos ridículos pra me humilhar? Ai, saco, esse cara deveria vir com um manual. Talvez assim eu entendesse qual é a dele.

Nicholas Narrando

Passamos meia hora bebendo tequila para fugir do tédio. Se eu escutasse mais outra dica de como fugir da cadeia, me mataria! Pois os amigos de Joe só falavam sobre isso.
“Por favor, vamos jogar alguma coisa. Isso aqui está ficando chato.”-Emily se manifestou.
“Vamos jogar Strip Poker!”-O Pavão levantou-se, com um sorriso de orelha a orelha. As garotas, claro,
“Isso é jogo pra tarado!”-Miley resmungou.
Como eu já estava “mamado”, resolvi provocar.
“Vocês são umas fracas. Já sabem que vão perder e, por isso, tiram o corpo fora. Eu sabia que vocês iriam arrumar alguma desculpa esfarrapada.”
“Também não estou muito a fim. Quase não tem mulher.”-Joe embalava o Toicinho nos braços.
“E eu aqui?Preciso andar com um letreiro pendurado no pescoço?”-Lógico que essa frase veio de Marius. “Quero curtir, amores! HU!...OHOHOHOHOHO.”
Os colombianos sorriam maliciosos. Com certeza, já conheciam o jogo e estavam loucos para ver alguém pelado.
“Como mi falecido padre siempre hablava: Boi em terra de los otros, és vaca.”-O Narco de lencinho na cabeça falou aquilo com um ar sábio.
Um segundo depois, desatou a gargalhar com seu conterrâneo. Nós nos limitamos a olhar para eles, sem entender nada! O que tinha a ver aquele ditado colombiano com nossa situação? Só Joe que, mesmo sem entender, passava mal de tanto rir.
“Essa foi boa, foi... boa, compadres!”
“É, vamos jogar Strip Poker, vai ser interessante.”-Liam piscou para Miley, que ruborizou.
Revirei os olhos, sabendo que ela aceitaria o desafio, só para não ficar pra trás. Tipicamente orgulhosa.
“Eu só topo jogar se prometerem que não vão contar para o Kevin. Ele é certinho, não vai entender.”-Emily até fez cara de inocente, mas não colava. Do jeito que ela era assanhada, devia estar louca pra ver todo mundo nu.
Por fim, Joe concordou em participar. Afinal, bagunça era com ele mesmo.
“Eu posso dar as cartas, ser o Crupiê da rodada”-A bichona frisou bem a palavra “dar”, enquanto piscava para meu irmão, que engoliu seco.
“Nada disso! Quem tirar a maior carta vai ser o Crupiê.”-Liam interpôs rapidamente, já se ajeitando na mesa.
Foi aí que eu percebi a mesa redonda, típica de poker. Os dois hermanos narcotraficantes sorriram sorrateiros. Não queria nem imaginar de onde eles tiraram aquilo, ou furtaram. 
Miley correu para sentar-se do lado do Liam. Marius... bem, o Marius sentou ao lado do bisonhento, que, por sua vez, colocou o Toicinho no meio, em uma tentativa de manter distância. Emily ficou entre o boiola lunático e Liam. Quanto a mim, sentei entre os dois colombianos. De frente para a pirralha.
Então, começou o apocalipse! 
“AAAAHHHHHHH! Tirei a maior carta, eu dou!”-O pavão entrou em êxtase. Pelo visto, conhecia muito bem o jogo. Geralmente, Strip Poker acaba com uma suruba total. Eu bem sabia disso. Afinal, sou universitário e as líderes de torcida amam jogar e... err... animar.
“Antes de começar, vamos estipular as regras.”-Interveio Emily, com um sorriso maior que ela.
“Certo!” -Começou Liam. “As fichas serão as nossas peças de roupas, e vamos apostar uma peça por vez.”-Marius fez uma careta, desgostoso.“Quem ganhar a rodada manterá a sua peça de roupa. Todo mundo sabe que Strip Poker não tem regras nas jogadas.”-Liam deu uma risadinha sacana. 
ESPERA! ESSA RISADINHA AÍ FOI PARA O MEU FRANGO?
“Mas tem uma regra fundamental, que você esqueceu, Liam.”-Adverti. “Independente de quem estiver ganhando ou perdendo, quem conseguir a Royal Straight Flush (Sequência Real), escolherá alguém do jogo e, então, esse ou essa ficará do jeito que veio ao mundo.”-Pude ver Miley arregalar os olhos e o Marius em júbilo.
Fato. A bichona conhecia muito bem o jogo. Era melhor o meu mano burro começar a rezar.
O gay mais insano que já conheci, começou a embaralhar e distribuir as cartas. Colocou na mesa o Flop, Turn e por último o River. Recorri apenas uma vez pra pegar uma carta posta na mesa. Eu estava muito bem. Um Full House na primeira rodada. Como eu sou foda! 
Pela minha visão periférica, vi Marius xingar baixinho. Já Joe, mantinha aquela expressão de que nem sabe onde está. Emily parecia pensando, Miley estava com os olhos semi-cerrados, a criatura achava que podia blefar! Decidi acabar logo com a palhaçada.
“Tenho um Full House e vocês me devem umas pecinhas de roupa!”-Lancei meu melhor sorriso malicioso pra os derrotados. Pelo canto dos olhos, percebi que Joe cerrava o punho.
“Eu não cantaria vitória antes da hora!”-Liam disse com a maior cara de alegria do mundo. “Tenho um Full House de 9 e, pelo visto, o teu Full House de 7 não é páreo para o meu! HAHAHAHA!”-O maldito estava levando para o lado pessoal. “Agora eu que digo: Vocês me devem umas pecinhas!”
FILHO DA MÃE!
“Compadres e muchachas, não tirem las roupas ainda. Antes, quero colocar una canción para este momento especial. Nuestra homenaje para mi padre.”-O esquisitão latino, colocou a mão no peito, expressando emoção, mas, para mim, ele estava era muito chapado. “Amigo, vá buscar mi padre.”
Arregalamos os olhos assustados. Ia ter defunto? O homem estava mesmo morto? Em menos de 2 minutos, o de bigodinho voltou com uma urna colorida colocando-a no meio da mesa.
“Ótimo, era tudo que eu queria da vida! Jogar Strip Poker com narcotraficantes, um porco e cinzas de um colombiano.”-Miley resmungou, pondo as mãos no rosto.
Ela tinha razão! Cara, era sinistro demais!
“Solicito un minuto de silencio, enquanto puesto la canción favorita de mi padrito, a música que tocou en su funeral.”-O chapadão foi até o aparelho de som, enquanto ficávamos esperando a música mais fúnebre e brega possível começar a tocar. O demente ergueu uma dose de bebiba no ar e gritou. “PAPI, ESSA ÉS PARA TI!”
PUTZ! LA BAMBA? E ISSO AINDA TOCOU NO FUNERAL?
Tentamos conter as gargalhadas em respeito ao momento do nosso amigo chapadão, mas era extremamente difícil. Observamos ele enxugar uma lágrima.
“AHORA SI, VAMOS LA SACANAGEM!”-Gritou o narcotraficante animado.
Eu tinha certeza que não ia esquecer aquela noite bizarra. 
Comecei tirando os sapatos, a anãzinha e a minha pirralha logo me imitaram. Os narcos fizeram o mesmo. Mas... ei! O viado já tirou a camisa? Pelo amor de Deus!
“Joe, o que você acha que esta fazendo?”-Emily o repreendeu. 
Foi então que eu percebi que o animal estava tirando o bonezinho do Toicinho, como forma de pagamento. 
“Eu não vou ficar pelado diante dele.”-O maluco apontou para o seu perseguidor afeminado, que, sem camisa, brincava com o peito magro e branco.
“Tá. Que seja, vamos logo jogar essa porcaria.”- Cyrus falou impaciente.
Desta vez,o Crupiê foi o hermano de bigodinho,e,agora,eu não ia vacilar se o Liam  achava que ia levar todas,estava muito enganado!Só eu podia tirar a roupa do meu frango!
A mesa estava silenciosa, notei que Marius mantinha um sorriso sacana na cara e, pelas cartas que ele pegou, provavelmente devia estar com um Full House. Os colombianos biriteiros estavam com uma cara engraçada, nem queria saber o que tinham na mão. Liam pretendia blefar, mas, pelas minhas combinações, no máximo ele tinha uma High Card. Peguei a última carta.
“Creio que ninguém tem a competência de ter um Four of Kind nas mãos!”-Falei satisfeito enquanto via a raiva transpassar no rosto do meu amigo idiota. 
Eu tinha uma jogada de quatro 9 de cada naipe. Liam e o outro malandro de lencinho na cabeça, tinham uma High Card, como havia previsto. Marius, porém, tinha uma Full House, a Emily só tinha fogo pra jogar, porque ela era tão competente quanto a pirralha e o bisonho. Este já tinha tirado a camisetinha camuflada do seu porco e me dado. 
No momento em que Liam tirou a camisa, Miley quase babou, literalmente, em cima dele. Deixei passar, eu sabia que era mais bonito mesmo.
Uma coisa me chamou a atenção. Se eu tinha quatro 9, de onde o narco tirou aquele outro 9? 
Para a alegria geral, o jogo transcorreu regado a muita tequila e performances em cima da mesa .Preciso mesmo citar o nome do cidadão que estava na mesa rebolando em direção ao meu irmão numa interpretação grotesca de Cher, “Deusa dos gays.”? 
O Joe, para minha surpresa, provou ser um assíduo jogador de Strip Poker. Ganhou mais 3 partidas, embora fosse duvidoso, porque juro que o jogo começou com 52 cartas, agora deveria ter umas 60 ou mais. Eu já tinha bebido muitas, mas não era cego.
Além do estado deplorável em que nos encontrávamos, eu, Liam e a meninas estávamos apenas com as roupas íntimas. Por sorte,Miley tentava cobrir-se com almofadas, era menos mal. Pois, se Liam a olhasse com aquela cara de lobo mau querendo comer a chapeuzinho, eu iria furar os olhos do sujeito. A convivência forçada com os “foras da lei” latinos, estava me deixando mais violento. 
Os narcotraficantes abraçavam-se cantarolando alguma música em espanhol. 
O suíno encrenqueiro era o único realmente pelado, já seu dono, surpreendeu a todos, mostrando-se esperto ao ficar apenas sem os sapatos e as meias. O cara estava praticamente todo vestido. O taradão purpurinado vestia uma minúscula cuequinha cor de rosa vibrante. Era arrepiante, juro que não quis olhar muito, mas aposto que aquilo era fio-dental.
Fomos para a última rodada quase sem roupas e, totalmente sem vergonha, pois a bebida tinha nos pego de jeito. A essa altura, já não importava de ficar pelado e dançar, ou fazer outra tatuagem maluca com meu frango.
Quando eu peguei a última carta, todos ao mesmo tempo, saltaram de suas cadeiras. O Pavão berrou de forma ensurdecedora, já fazendo uma dancinha esquisita.
Sim, o lunático de fio dental tinha uma Royal Straight Flush (Sequência Real). Ele podia exigir que qualquer um ficasse totalmente pelado!
NESSA HORA, SE EU FOSSE O JOE, ME PREPARAVA PRA CORRER!
“HU!...OHOHOHOHOH!”-Ele ficou literalmente “louca”. Chacoalhava-se em volta da mesa, enquanto encarava meu mano com cara de cobiça.
Não deu pra resistir, começamos a gritar:
“TIRA! TIRA! TIRA! TIRA! TIRA! TIRA! TIRA!”
Joe entrou em pânico. Agarrou o Toicinho e implorou ajuda aos seus amigos mafiosos. 
“Nem vem que não tem, não vou ficar pelado!”-Joe afastou-se da mesa.
“Se você não tirar a roupa, eu mesmo arranco ela de você!”-Marius ameaçou, batendo o pé no chão, decidido.
“Eu vou é descer o cacete nesse fresco, vou descer o cacete em todo mundo!”-Meu mano pareceu falar sério.
E isso nos fez gargalhar.
“Eu quero meu prêmio, centímetro, por centímetro dele! HU!...OHOHOHOHOHOH.”-O viado ria descontroladamente.
“Não vou tirar porcaria de roupa nenhuma!”-Meu mano retrucou, afastando-se da mesa.
“Não é justo, todo mundo tirou a roupa e o bonzão aí vai ficar imune?”-Miley reclamou. “Eu voto por tirarmos a roupa dele à força!”
“Agora a chapeuzinho falou a minha língua.”-A bichona abraçou a pirralha adorando a idéia.
“Vocês não fariam isso...”-O pobre estava era cavando a própria cova.
Os jogadores à mesa, indignados por meu irmão ter enrolado o jogo inteiro tirando a roupa do porco ao invés da sua, queriam vingança. E, pela troca de olhares entre si, conseguiriam.
“ATACAAAAR!”-Marius berrou, incentivando os demais que gargalhavam, enquanto partiam pra cima do bisonho.
Eu nem queria ver o estrago. Peguei a garrafa de tequila e coloquei uma dose pra mim tranquilo, enquanto ouvia os gritos de “socorro” vindo de Joe. Quando terminei de beber, os meus companheiros de Strip Poker voltaram à mesa sorrindo, satisfeitos. Só aí, decidi olhar para o lado, e lá estava um Joe totalmente pelado cobrindo “suas partes” com seu boné.
“Cara, arrasou hein!”-Zombei.
“Mamãe vai ficar sabendo disso!”-Melancólico, ele correu para a cozinha, com seu admirador em seu encalço, saltitando feliz. Logo, tratei de pegar minhas roupas e vesti-las, os demais fizeram o mesmo.

Miley Narrando

Minha cabeça doía muito, a sonolência não me largava. O enjôo típico de ressaca dominava meu corpo. Me forcei a abrir os olhos, cansada. A primeira imagem que vi foi de Emily jogada em um pequeno sofá, segurando uma garrafa vazia de tequila. A Fofolete até babava, enquanto dormia profundamente. Não queria acreditar que ainda estávamos na casa dos narcotraficantes. Esfreguei o rosto para ter certeza de que estava acordada, afinal, via Marius aninhado nos braços de um dos hermanos e, pior, eles estavam deitados em cima da mesa de poker. CRUZES! Joe, estirado no chão, roncava mais que o porco deitado em sua barriga. Ri baixinho, e foi nesse momento que percebi o braço em volta da minha cintura. Tive medo de verificar quem era, afinal, podia ser o outro colombiano.
Nota mental: Tequila + la bamba = MERDA. Nunca mais beber esse troço.
A pessoa atrás de mim fungou no meu pescoço e murmurou algo que não entendi. Era isso, só podia ser o chapadão colombiano.
EU QUERO MORRER!