sábado, 2 de julho de 2011

postagemm!!! sou boazinha haha


Capítulo 8: Presente de Joe
Miley Narrando

Congelei. Normalmente, estaria aos berros, mas não sabia o que fazer.
“O que meu... nome... está fazendo na sua... nuca?”-Balbuciei com voz trêmula.
“Seu nome na minha nuca?”-Perguntou atônito, passando a mão atrás do seu pescoço.
“Sim, é uma tatuagem!”
Quando ouviu a palavra tatuagem, o babaca correu para o espelho. Não adiantava tentar ver, ele não tinha olhos atrás da cabeça.
“Você tem certeza? Quer dizer, viu direito? Não pode ser!”-Nicholas virou-se para mim e voltou a me olhar estranho, pendeu a cabeça para um lado, analisando-me. Só aí, me dei conta que ainda estava nua.
PUTA MERDA!
Reagi, baixando-me rapidamente para pegar o lençol. Se vergonha matasse, eu já estaria em um caixão. Me cobri rapidamente e engoli seco.
“Espera, tem uma coisa na sua nuca também. Quando baixou-se, vi algo entre seus cabelos.”
“Do que está falando?”
O imbecil não respondeu minha pergunta, me virou e levantou meus cabelos.
“Você só pode ter feito isso para me irritar, só pode ser!”-Ele murmurou entre os dentes, fiquei ainda mais confusa.
“O que foi? Me fala, me fala!”
Nicholas permaneceu em silêncio. Foi nesse momento que entendi a merda que tava acontecendo.
“Oh, não! Por favor, me diga que não tem uma tatuagem aí também.”-Pedi, fechando os olhos e trincando os dentes. “Tem? Fala logo!”
“Não tem...”-Murmurou.
“Sério?”-Perguntei aliviada.
“Não! Está tatuado NICKZINHO.”
Rapidamente o encarei, totalmente chocada. Nesse momento, eu devia estar mais branca que papel. Meu estômago embrulhou e o quarto pareceu girar.
“Você não vai gritar, vai?”-Ele ergueu uma sobrancelha, tenso.
“AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH!!!”
Nicholas Narrando

Tapei a boca da pirralha o mais rápido que pude. Não queria que ninguém ouvisse a gritaria e adentrasse meu quarto, achando que eu estava estuprando-a. Do jeito que ela me odeia, seria bem capaz de confirmar, só para assistir Billy me capar.
“Shhh! Ficou maluca? Quer que todos venham para cá?”-Chateado, aturei os olhares mortais que ela lançava-me.
Aos poucos, fui afastando minha mão de sua boca, receoso.
A doida saiu correndo pelo quarto com as mãos na cabeça em um escândalo silencioso. Chacoalhava-se como se estivesse querendo espancar a si mesma. Me perguntei se as coisas que eu tinha feito nela na noite passada, teriam deixado-a ainda mais insana. Então, parou e me encarou raivosa.
“Você! A culpa é sua!”-Apontou o dedo para mim e me senti ofendido.
“Por que a culpa seria minha?”
“Eu nunca tatuaria seu nome em mim! Você deve ter feito alguma coisa,Nicholas, eu vou te matar!”-Ameaçou, já vindo em minha direção.
“Espera!”-Dei um passo atrás. “Estou me lembrando de algumas coisas, me recordo de rir muito e gravar algo no meu celular.”
“Sim... eu também me lembro de um celular.”
Peguei o telefone no criado mudo, sentamos na cama e comecei a vasculhar os arquivos em busca de um vídeo qualquer. Encontrei um que pareceu suspeito. Apertei o play, curioso. 
A imagem estava trêmula no visor, mas percebemos que era Miley que ria descontroladamente no vídeo.
EU QUERO FAZER TATUAGEM!”-Berrou, jogando as mãos para o alto, segurando uma garrafa de rum.
Pressionei os lábios, numa tentativa de conter o riso, pois a cara que a Cyrus fez ao meu lado era hilária.
SIM! VAMOS TATUAR NOSSOS NOMES!”-Fiz careta quando percebi que a voz de embriagado no vídeo era a minha.
Memórias vagas me fizeram perceber que havia gravado imagens do local, e era exatamente isso que assistíamos naquele momento. Era um bar de motoqueiros barra pesada. Muitos deles riam de nós, enquanto um homem grandalhão cheio de tatuagens e barbicha engraçada nos esperava em um canto rodeado de equipamentos e, ainda por cima, contando um dinheiro que, provavelmente, era nosso pagamento pelas tatuagens. Focalizei um homem gorducho com tranças, que sorria, transparecendo embriaguez.
Filma a gente!”-Pedi. Outra vez, a imagem ficou trêmula. Devia estar lhe entregando o celular.
Miley, com olhos fixos no vídeo, gargalhou quando eu apareci. Eu realmente estava um bagaço. Muitos botões da camisa abertos, cabelos mais bagunçados que nunca e uma tremenda cara de manguaceiro.
“O que vocês vão tatuar?”-Perguntou o gorducho que nos filmava.
Miley e eu, extremamente bêbados, ríamos, um apoiando-se no outro.
Vamos tatuar o nome um do outro para mostrar que não existe mais ressentimentos.”-Ela deu um grande gole na bebida em suas mãos.
É, tatua meu nome na sua bunda!”-Disse soluçando.
Coloquei a mão na boca quase me partindo de rir, quando a garota me encarou temerosa.
“Tatuei?”-Perguntou, em fio de voz.
“Não sei, me mostra?”-Zombei risonho, ela tremeu em raiva. “Calma, é brincadeira, você não tem nada lá, acredite, eu verifiquei ontem.”-Cyrus ficou inacreditavelmente vermelha.
Vocês são namorados?”-O motoqueiro pareceu interessado.
Miley e eu assistimos a nós mesmos tendo uma crise de riso no bar. Era estranho nos ver em um estado tão deplorável.
Eu e o NICKZINHO? NAMORADOS?”-Gritou, contorcendo-se em risadas extravagantes. “Oh, sim, sim. NICKZINHO, QUER NAMORAR COMIGO?
SIM, PIRRALHA!”-Respondi, parecendo zonzo e puxando-a para mim.
Ficamos tão sem ação assistindo aquela cena, que mal percebi minha boca abrir em espanto.
CALA A BOCA, QUERO VOCÊ AGORA!”-Ela agarrou-me e me tascou um beijo violento, isso fez o gorducho de trancinhas gargalhar.
Ficamos lá sentados na cama, feito dois palermas embasbacados, assistindo a cena surreal em que nos agarrávamos com desespero.
Desliguei o telefone, atônito e encarei a garota ao meu lado, pálida. 
“Você me pediu em namoro antes de aceitar o pedido do Liam? Isso faz dele o amante e eu o corno?”-Perguntei, enquanto coçava a cabeça, tentando entender minhas próprias palavras.
“NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! NÃO!”-Histérica, subiu na cama, esfregando o rosto e pulando. “NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! NÃO!”
“Você me quer... você me quer... meu frango me quer...”-Cantarolei, divertindo-me. Lógico que eu não ia perder a oportunidade de zombar dela. “Não se sinta mal, você não tem culpa de eu ser irresistível.”
“Eu estou tendo um AVC, estou sentindo, vou morrer a qualquer momento. ESTOU VENDO A LUZ, ESTOU VENDO A LUZ!”-Ela mais parecia uma lunática com as mãos para o ar.
Revirei os olhos. A pirralha quando quer, consegue ser tão dramática!
“Calma, sua doida!”-Subi na cama também.
“Calma? Como você me pede para ter calma com essa porcaria de tatuagem em mim? Me sinto como uma daquelas vacas de rebanho marcada a ferro quente.”-Respondeu alterada.
Ri da comparação que ela acabara de fazer.
“Você é uma vaquinha histérica.”
“Ria o quanto quiser, você também está marcado como um touro!”-Falou, colocando as mãos na cintura.
“EI!”-Esbravejei, tateando a testa. “Touro? Não gostei da comparação. Não posso ser um garanhão reprodutor?”
“Ah, Meu Deus, seu Jonas burro...VAMOS TER FOCO? O que vamos fazer com a droga das tatuagens?”
“Não sei, mandamos tirar quando voltarmos aos EUA.”-Dei de ombros. Estava surpreso em ter marcado meu corpo com a nome da Cyrus, mas não achava que aquilo era motivo para morrer, embora não gostasse do fato de ter o apelido que tanto odeio na pele dela. 
“Não posso me dar o luxo de esperar, como vou explicar isso para as pessoas, e Liam?”-Lá estava ela agindo como se o mundo estivesse prestes a acabar.
Miley, sei lá, diz que você é mesmo uma vaquinha!”-Pra que eu fui falar isso? Ela me lançou uma olhar negro e me socou o ombro esquerdo.
“AAAAÍÍÍÍÍÍ!”-Reclamei. “Usa-me, depois maltrata.”-Fingi mágoa e não colou.
Cyrus respirou fundo e finalmente pronunciou-se.
“Preciso me concentrar no jantar dessa noite. Penso em como arrancar seu nome da minha nuca depois!”-Ela desceu da cama e se direcionou para a porta.
“Ei, namorada, não está esquecendo de nada não?”-Ironizei, sorrindo enquanto girava na ponta do meu dedo, sua peça íntima. Foi divertido vê-la ruborizar.
Ela aproximou-se e, sem me encarar, arrancou a peça de minhas mãos. Antes dela abrir a porta para fugir do constrangimento, provoquei uma última vez.
“Nicholas Jonas proporciona serviço completo e garantia de satisfação. Vai virar cliente fixa?”-Pisquei o olho, passando a mão no peito.
Miley já estava ficando roxa de vergonha. Abriu a boca para responder, mas estava nítido que ela, simplesmente, não sabia o que falar. Por fim, saiu, batendo a porta. 

Me joguei na cama, e achava muita graça. Eu estava agindo como o Joe, como isso foi acontecer comigo?
“É, não tem jeito. Ela vai ser minha!”-Falei para mim mesmo, encarando o teto.
Miley Narrando

Olhei para o relógio na parede da cozinha, marcava 16:30h. Emily e eu não sabíamos o que preparar para o jantar. Começava a me arrepender de ter dispensado a cozinheira, ela estava me deixando louca, tagarelando palavras em italiano que mais pareciam xingamentos à minha pessoa. Desejava fazer algo especial para o meu namorado queria que ele sentisse o quanto é importante.
“E agora, Emily? E agora?”-Perguntei, pondo a mão na testa.
“Calma, vai dar tudo certo. É só comida, não é um monstro de 7 cabeças.”-Respondeu, pondo a mão no meu ombro.
“Depois de passar pelas minhas mãos, é bem capaz de virar um.”
“O que estão fazendo?”-O intrometido do Nicholas sentou-se no balcão da cozinha.
Revirei os olhos.
“Tentando cozinhar.”-Minha prima respondeu, sorridente.
“Ah, vai ter mais carne carbonizada?”-Riu o sujeitinho.
Miley, vamos pedir ajuda a Denise, ela cozinha muito bem.”-A Fofolete só podia estar tirando onda com a minha cara. Nem morta que eu ia pedir ajuda a mosca morta.
“Ela acabou de sair com Billy.”-Afirmou o Jonas. “Mas... se a pirralha pedir com jeitinho, eu ajudo.”
Emily me lançou aquele olhar de criança pidona, o qual fiz questão de ignorar.
“Pode deixar, eu me viro sozinha.”-Peguei uma grande travessa de vidro e joguei-a sobe a mesa. Aquilo foi fácil, decidir o que colocar dentro era outra história.
“Anda, Miley, deixa de ser orgulhosa,temos que terminar logo isso. Ainda tenho que dar um trato no seu visual, lembra?”-Tive vontade de bater na cabeça da tagarela com aquela travessa. Como ela podia falar as palavras “trato no visual” na frente do idiota do NICKZINHO? Foi horrível ter que suportar o olhar do tipo “é, minhas aulas mudaram você”.
Bufei, cedendo à vontade dos dois.
“Tudo bem, pode ajudar? O que ponho ali dentro?”-Perguntei, apontando para a travessa.
“Qual a palavrinha mágica que se usa nessas ocasiões?”-O idiota desceu do balcão e se aproximou.
“ESSA EU SEI, ESSA EU SEI!”-Berrou Emily, saltitando com a mão para cima.
Olhei de forma assassina para ela, então, a criatura baixou a mão fazendo beicinho.
“Estou esperando.”-O irritante homem cruzou os braços à minha frente. “Vamos, eu vou te dar uma ajudinha, você só tem completar a frase: Nicholas você pode me ajudar ....”
“Agora?”-Ergui uma sobrancelha.
“Não!”
Minha prima já estava angustiada com a demora. Foi nesse momento que dei o braço a torcer.
“Ok, ok! Você pode me ajudar... por favor?”
Ele sorriu satisfeito, dobrando a manga da camisa.
“Viu só? Nem doeu.”
Esfreguei o rosto, impaciente.
“Muito bem, temos que escolher o prato principal.”-O tonto nos encarou.
“Ah, já sei! Que tal frango?”-Emily animou-se.
“Liam comendo frango? Hum, isso não me soa bem. Podíamos fazer peixe. Tem peixe?”-Nicholas fez uma cara engraçada.
A louquinha saiu correndo em direção ao freezer e trouxe um peixe grande, colocando-o em cima do balcão.
“Eu posso fazer a sobremesa? Eu sei uma receita de pudim! Onde será que está a farinha?”-Emily sabe fazer pudim?
Fofolete correu para a dispensa e Nicholas ficou analisando o peixe.
“Olha, Miley, parece com você.”-Disse ele, mostrando-me a cara do peixe morto. O mais ridículo veio a seguir, o imbecil tentou imitar minha voz enquanto fazia o pobre peixe de fantoche. “Não me coma, não me coma!”
Revirei os olhos e dei um tapa atrás de sua cabeça. Ele estava mesmo merecendo.
“Pára de palhaçada.”-Pedi, chateada.
“Ok. Me responde uma coisa, você falou pro seu pai que vai apresentar seu segundo namorado hoje?”
“Falar... falar... assim... Não falei. Apenas avisei que teríamos outra pessoa para o jantar. Por quê? Você acha que ele não vai gostar do Liam?”-Perguntei curiosa.
Infelizmente, Nicholas não respondeu. Foi para a pia tratar do peixe. Seu silêncio me encheu de dúvidas quanto à reação de Billy ao meu namoro.
“ENCONTREI A FARINHA!”-Berrou Emily, correndo em minha direção, animada com o saco de farinha aberto nas mãos.”ENCONTREI A FARINHA, MILEY!”

Ela tropeçou no tapete da cozinha e meus olhos arregalaram-se, quando vi a farinha para bolo vir em direção à minha cara.
Cuspia a farinha que adentrou a minha boca, enquanto o Jonas e a desastrada riam.
“AHAHAHAHAHA! Você parece um fantasma!”-Minha prima estava querendo morrer? “Você sempre me assustou, mas agora...NOSSA!”
Eu parecia mesmo um fantasma, estava toda branca devido a maldita farinha. Tentando manter o controle, baixei-me, peguei o saco com a farinha, enfiei a mão dentro do pacote e joguei um punhado do ingrediente na cara da desastrada. Ela ficou parada, com o rosto todo branco já fazendo beicinho. Isso despertou ainda mais gargalhadas em Nicholas.
“Está rindo do que? Você é o próximo!”-Ameacei.
“Hein?”-Perguntou, largando o peixe.
Enfiei a mão dentro do pacote e ele correu. O ridículo foi nós dois correndo em volta da mesa. Eu não estava conseguindo acertar o maldito.
“VOLTA AQUI, NICHOLAS! VOLTA!”-Gritei irritada, mas não conseguia conter o riso.
“CABEÇUDO! TENHO UM PRESENTE PRA VOCÊ!”-Joe adentrou a cozinha, empolgado.
Tanto a minha futura vítima quanto eu, paramos de correr, confusos em ver o bisonhento, segurando uma enorme caixa. Algo dentro dela fez um barulho estranho. Ambos demos um passo atrás. Vindo de Joe, podia ser qualquer coisa.
“O que tem aí dentro, cara?”-Perguntou NICKZINHO.
“MUUUAHAHAHAHAHAH!!!”-O idiota riu.
“Eu não gostei disso.”-Emily juntou-se a nós.
“Preparados?”-Ele colocou a mão na abertura da caixa.
“Não!”-Respondemos os três, temerosos.
 “Joe, seja lá o que for, me diga que não está vivo.”-Nicholas fez uma careta.
Foi aí que o presente de Joe colocou a cabeça para fora da caixa.
“AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!!!”-Gritei, assustando-me com um porco.
“É um filhote de porquinho. Ai, que fofo! E ainda usa um bonezinho.”-Emily aproximou-se do animal. ECA!
“ALGUÉM ME DIZ O QUE EU FAÇO COM ESSE ANIMAL!”-Esbravejou o Jonas.
“Ah... Põe na panela?”-Perguntei, duvidosa.
“Estou falando do Joe!”-Respondeu, impaciente.

“Toma seu presente mano!”-O serial killer tentou entregar o porco, que já se estrebuchava.
“PORRA, O QUE EU QUERO COM UM PORCO?”
“Ei! Não chama ele assim, o nome dele é Toicinho! Não fira os sentimentos do pobrezinho, ok?”-Quase morri de nojo vendo um animal acariciar outro. “É o seguinte, o Toicinho é seu. Você fala para a mamãe que ele vai morar aqui. Então, depois... assim como quem não quer nada, você me presenteia ele de volta.”
O burro sorriu enquanto seu irmão passava as mãos na cabeça, ameaçando explodir.
“Eu achei uma idéia brilhante.”-Emily também acariciou o filhote.
“Ouvi gritos, o que foi?”-Perguntou Kevin, na entrada da cozinha.
Quando Joe virou-se para encará-lo, vi o suposto maconheiro empalidecer.
“AAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH, MEU DEUS!”
O grito do maluco assustou o porco que estrebuchou até cair no chão. O animal saiu correndo e Kevin também. Sinceramente, eu não sabia se o filhote corria atrás dele ou com medo dele.
“Não corre, cara, o Toicinho não tem bactérias, aliás, bactérias nem existem! É só lenda, burro!”-Joe foi para a sala e todos nós o seguimos.
Os gritos desesperados de Kevin estava deixando o filhote que corria pela sala, descontrolado, nervoso. O maníaco por limpeza devia estar chapado, pois tentava acertá-lo com vasos de flores.
“SALVEM O TOICINHO!”-Berrou Joe, com as mãos para o ar.
Nicholas e Emily começaram a perseguir o porco pela sala, tentando agarrá-lo, mas ele parecia bem mais inteligente que todos ali. Fiquei apenas observando. Assim como o chapadão, eu estava com o maior nojo do animal de bonezinho.
Eu já ia começar a rir, quando vi o Toicinho correr em minha direção que nem uma bala.
“AÍ, NÃO!!!”-Subi no sofá onde já estava Kevin tremendo que nem uma mulherzinha.
Não acreditei quando vi o porco subir no sofá também.
MEU DEUS, É UM SUPER PORCO!
Ele fuçou grunhindo no pé do Kevin e o doidão desmaiou.
“Isso não vai dar certo!”-Murmurou Nicholas.
Emily abanava seu namorado, enquanto o serial killer agarrava seu mascote.
“Ei, gente, e o meu jantar?”-Perguntei, me dando conta do quanto tínhamos nos distraído.
“Pede pelo telefone!”-Responderam minha prima e o babacão de cabelo encebado, ao mesmo tempo.
Me joguei no sofá, dando-me por vencida. Nesse momento, enquanto estávamos calados, um barulho acompanhado de cheiro podre saiu de dentro do porco.
“Olha, ele peidou! Que legal!”-Só Joe mesmo pra achar aquilo legal.
Logo em seguida, um monte de coco caiu no carpete.
“Ainda bem que Kevin já está desmaiado.”-Nicholas ironizou.
Já passavam das 19:00h e eu ainda encarava meu reflexo no espelho. Estava tão diferente, quase não me reconheci. A blusa vermelha de gola e botões havia sido a escolha de minha prima. Já a saia preta era bem parecida com a que Nicholas escolhera para mim em outra ocasião. Botas cano longo agora faziam parte do meu dia-dia e, maquiagem era algo que eu estava aos poucos aprendendo a usar.
Queria me concentrar em como agir perto do meu lobo, mas só conseguia pensar na noite que passei ao lado do maldito Jonas. Cada momento estava inacreditavelmente gravado na minha memória. Quando fechava os olhos, podia ver o rosto dele, os olhos brilhantes, suas atitudes, seu sorriso torto.
Suspirei, desejando tirar todas aquelas imagens da minha cabeça. As sensações e sentimentos estranhos faziam-me sentir como uma criança que abre os braços e começa a girar e girar no mesmo lugar, até ficar tonta. Uma criança que se não fixasse seus olhos em um ponto, em algo seguro, poderia cair.
O ponto em que meus olhos deveriam estar fixados era Liam. Precisava pensar apenas nele, ao menos até o final da noite.
Levantei-me e me forcei a sair do quarto. Quando abri a porta, fiquei surpresa em ver Denise à minha frente.
“Eu ia bater.”-Falou ela, sorridente.
“O que você quer?”-Fiquei intrigada.
“Nicholas me falou sobre você e Liam. Não se preocupe, eu não disse nada para Billy, entendo que você mesma queira contar-lhe. Eu vim apenas... bem... lhe desejar boa sorte.”
Ergui a sobrancelha, procurando entender por que a mosca morta estava tentando bancar a boazinha pro meu lado. Ela tocou minha orelha e dei um passo atrás, assustada. A idiota sorriu.
“Não sai daqui, eu já volto!”-Disse ela, adentrando seu quarto.
Em questão de minutos, ela voltou e estendeu a mão em minha direção. Aproximei-me, curiosa para saber o que ela estava tentando me entregar.
“Brincos?”-Falei confusa.
“Sim, use-os.”
“Não quero!”-Respondi indiferente.
“Vai ficar lindo em você. Seu namorado vai gostar.”
Fingi desinteresse quando analisei os pequenos brincos de diamantes na palma de sua mão.
Balancei a cabeça, sinalizando um “não”.
“Prometo que não conto para ninguém que os brincos são meus. Pode usar tranquilamente.”-Ela aproximou-se, colocando-os em minhas orelhas. Permiti, já me odiando. Ela, provavelmente achava que eu estava cedendo à sua tentativa de amizade. “Prontinho, perfeito!”-Sorriu satisfeita.
Passei a mão em uma das orelhas. Eu realmente estava querendo usar aqueles brincos. Não por causa da mosca morta, mas porque a jóia era linda.
Saí, deixando-a para trás. Quando me preparava para descer as escadas, virei-me para verificar se ela ainda estava no corredor. O pior é que estava exatamente no mesmo lugar.
“Valeu!”-Falei em um fio de voz.
“De nada.”-Respondeu serena.
Desci rapidamente a escada, querendo me socar por ter tido aquele momentozinho com a filha da mãe.
Eu estava feliz ao ver todos à mesa. Liam estava lindo de terno. Me perguntei se ele estava querendo impressionar meu pai.
“Que gato!”-Sussurrou Taylor, na maior cara de pau.
Revirei os olhos, tentando não dar bola.
“Então, Liam? Você e minha filha são amigos a muito tempo?”-Interrogou meu pai.
“Não, fazem apenas algumas semanas. Está sendo muito bom conhecê-la e... nós somos agora mais que amigos.”-Meu lobo respondeu com seu sorriso perfeito. Fiquei apenas admirando-o.
“Mais que amigos? Mesmo?”-Billy me fitou, parecendo chateado por eu não ter lhe contado. “Achei que você era apenas o amigo do Nick. E estávamos tendo esse jantar para que vocês se reconciliassem após aquele lastimável episódio de ontem.”
O Jonas pigarreou.
“Somos ex-amigos, Billy.”
Ele precisava mesmo atrapalhar falando aquilo?
“A verdade é que Liam e eu somos namorados agora.”-Resolvi contar, antes que Liam achasse que eu tinha desistido do relacionamento.
Meu pai encarou Denise e Taylor, que sorria constantemente para o meu namorado. FALA SÉRIO!
“Vamos saber mais sobre você então, Liam de onde você é? Quem são seus pais?”
Fiz sinal pro meu pai para que ele não tocasse naquele assunto. Não adiantou muito, meu namorado já estava cabisbaixo.
“Er... eu sou de Florida e... meus pais... é...”-Quase me partiu o coração vê-lo se esforçar para responder. “Minha mãe fugiu de casa com o vizinho quando eu tinha 6 anos, e meu pai, hoje mora em Los Angeles. Nós não nos falamos.”
Fiquei chocada com aquela informação. Tive uma súbita vontade de consolá-lo.
“Sinto muito.”-Disse educadamente meu pai. “E o que você faz da vida? Está sozinho na Itália?”
Fazer sinas para Billy não estava resultando em nada. O nervosismo me atingiu. Se Liam confessasse que organizava e participava de rachas, meu pai moralista iria surtar.
“Vamos falar de outro assunto.”-Pedi.
Liam parecia extremamente tenso, sua mão apertava o guardanapo. A ira em seus olhos era visível.
“Não, não, se você vai namorá-lo, eu preciso saber o que ele faz da vida.”-Billy alterou-se levemente.
Eu queria começar a gritar, mas isso só deixaria a situação mais dramática.
“Prossiga, Liam, estou esperando sua resposta.”
Liam levantou-se violentamente da mesa, assustando a todos. Saiu da sala de jantar em passos largos.
“MUITO OBRIGADA, BILLY! OBRIGADA POR ESTRAGAR TUDO!”-Gritei irritada. Pela minha visão periférica, vi Nicholas impaciente, quase levantando-se da mesa. Eu podia apostar que estava preocupado com o ex-amigo.
“Eu não fiz nada, só perguntei o que todo pai perguntaria, se ele não quis responder é porque tem algo de errado. Eu não creio que esse seja o melhor momento para você namorar!”
“O QUE? VOCÊ FICOU MALUCO? NÃO ESTOU ESPERANDO SUA APROVAÇÃO, EU SÓ QUERIA QUE O CONHECESSE! VOU NAMORÁ-LO DE QUALQUER JEITO!”
“Lamento, mas não!”
Eu ia explodir, quebrar toda a louça exposta na mesa, mas engoli a raiva e saí correndo para fora da casa, na tentativa de alcançar Liam, antes que ele partisse.
“LIAM, ESPERE!”-Gritei, vendo-o próximo ao seu veículo.
Felizmente, ele deteve-se e o alcancei.
Nicholas Narrando

Não dava mais para suportar, me direcionei para fora da casa, muitíssimo preocupado com meu amigo e a pirralha. Eu sabia que Billy iria fazer perguntas das quais Liam se recusaria a responder, mas eu nada podia fazer. Engoli o orgulho e me aproximei para perguntar se ele estava bem.
Quando cheguei à calçada, avistei os dois conversando do outro lado da rua.
“LIAM, VEM CÁ!”-Pedi, com vontade de me chutar.
Miley encostou-se no carro, enquanto ele atravessava a rua para vir ao meu encontro.
“O que foi?”-Perguntou frio.
O puxei para um canto do jardim. A conversa que eu teria com ele não poderia ser ouvida por ninguém.
“Você volta pro jantar, e diz que é mecânico. Que conserta motos, não vai ser uma mentira tão grande assim, já que você sempre fez isso nas horas vagas. Eu confirmo.”
PUTA MERDA! O QUE EU TAVA FAZENDO? AJUDANDO MAIS AINDA O CARA A FICAR COM MEU FRANGO?
Ele me olhou, confuso.
“SOCORRO! SOCORROOOOOOO!”-Reconhecemos a voz da Cyrus imediatamente.
Corremos para fora do jardim, espantados, enquanto observávamos a garota, com a cabeça coberta por um saco preto, ser colocada à força por dois homens encapuzados, dentro de um carro.
Quando conseguimos nos aproximar, o veículo já estava saindo, cantando pneu. Naquele momento, eu não estava conseguindo raciocinar direito, não estava acreditando que tinham levado minha pirralha.
“Rápido, Liam, o carro!”-Falei, tentando abrir a porta.
Ele ficou procurando as chaves no bolso e eu quase o espanquei, de tão nervoso que eu estava.
“Acho que deixei as chaves em cima da mesa!”
Olhamos para a rua, agora deserta e sabíamos que era tarde demais para tentar segui-los. Já não havia rastro.
Coloquei as mãos na cabeça, atordoado.