quinta-feira, 30 de junho de 2011

postagem - desculpa pela demora


Capítulo 7: Última Aula
Miley Narrando

A força que foi usada para me tirar do veículo foi tão grande, que meu corpo foi ao chão, fazendo-me bater a cabeça.
“Sua oferecida! Pensa que vai ser fácil assim roubar o que é meu?”-Fiquei extremamente surpresa em ver Susan me encarando, furiosa.
Esfreguei a cabeça e tentei levantar-me, mas a maldita me empurrou para o chão novamente.
“Susan, o que acha que está fazendo?”-Perguntou Liam, vindo preocupado ao meu encontro.
“Estou tirando essa feiosa dos braços do MEU NAMORADO!”-Ela enfatizou bem o “meu namorado”. Fiquei paralisada no chão, na dúvida se Liam tinha falado sério quando me disse que havia encerrado o relacionamento. 
“Nós não somos mais namorados, Susan!”-Ele alterou-se.

Nicholas Narrando

Joe e eu saímos para o jardim, estávamos doloridos por conta das bolsadas que levamos. Queria relaxar e tomar uma cerveja. Era bom saber que nada mais de ruim poderia me acontecer aquela noite.
“Nick...”-Falou meu irmão, com uma expressão confusa.
“O que foi?”
“Por que a Miley está ali sentada no chão, enquanto Liam e a namorada discutem?”
Olhei para a direção que meu irmão apontava e vi exatamente a cena que ele acabara de descrever. Imediatamente, corri para a rua, a fim de saber o que estava acontecendo. Joe veio comigo, já todo animado.
“Por que fez isso comigo, Liam? Por quê? Nós tínhamos algo especial e você me troca por isso...”-Susan indicou uma Cyrus embasbacada no chão. Aquelas palavras foram o suficiente para eu entender o que estava se passando. “OLHA PRA MIM E OLHA PRA ELA! ECA, A FEIOSA É RIDÍCULA, NÃO É METADE DA MULHER QUE EU SOU! SE TIVESSE ME TROCADO POR UMA MULHER MAIS BONITA, EU ATÉ ENTENDERIA, MAS ISSO CHEGA A SER PIADA.”
“Pára de falar besteira, vamos embora agora!”-Liam segurou-a pelo braço, puxando-a para o carro, mas ela estagnou.
“Eu não vou a lugar algum, não até acabar com essa pirralha!”
”Ei! Só quem chama ela de pirralha sou eu.”-Reclamei chateado.
“CALA A BOCA, SEU ESTÚPIDO! VOCÊ A AJUDOU A ROUBAR MEU NAMORADO NOS CONVIDANDO PRA AQUELE BAILE IDIOTA!”-A ruiva gritou enfurecida.
“Se ele te deixou, aceite, não vem descontar em mim, sua maluca!”-Respondi, bravo por ter sido chamado de estúpido.
A palavra “maluca” deve ter despertado uma espécie de fúria feminina bizarra na ruiva, pois ela me deu um tremendo tapa na cara. Aquilo realmente doeu, a maçã do meu rosto pareceu queimar. Me contive, não ia bater nela, mas vontade não faltou.
Miley me encarou com um misto de incredulidade e ira.
“Nicholas...”
“Sim?”
“Aquele acordo de não falar palavrão e não bater nas pessoas ainda está valendo? Posso ser eu mesma agora?”
“Nesse caso, vamos abrir uma exceção. Está liberada!”-Respondi, satisfeito.
Ela levantou-se lentamente do chão, estalando o punho. Joe abriu um largo sorriso. Assim como eu, ele sabia que ela ia descer o cacete, bem do jeitinho que gosta.
“SUA PIRANHA DE MERDA, COMEÇA A REZAR QUE TU VAI SUBIR!”-Berrou meu frango encapetado, indo com tudo para cima de Susan, que levou um soco no meio da cara.
UI! FOI UM SOCO DOS GRANDES.
A garota tombou imediatamente. Miley agarrou-a pelos cabelos e começou a arrastá-la pelo asfalto. A ex-namorada do meu amigo berrava de dor e desespero.
“Parem com isso!”-Ralhou Liam, puxando a Cyrus pela cintura.
Rapidamente, passei um braço em volta do pescoço dele, o mantendo junto de mim, para que não interferisse na briga. Liam revirou-se, tentando se desvencilhar, mas o imobilizei usando toda minha força.
“FICOU MALUCO, CARA? ME SOLTA, TEMOS QUE SEPARÁ-LAS. ELAS VÃO SE MACHUCAR!”
“Só quem vai se machucar é a sua vaca ruiva, como diz a Miley. Quem mandou ela provocar?”-Ri das minhas próprias palavras. Parecia estranho estar fazendo aquilo, mas não queria acabar com a alegria do meu frango, afinal, ela adora bater.

Joe Narrando

Ainda bem que o cabeçudo não deixou Liam separar as garotas. Era divertido ver a filha do Billy socar várias vezes a ruivona gostosa. Observar duas garotas rolando no meio da rua era mesmo excitante.
“CHEGA, NICHOLAS, ME SOLTA!”-Gritou o Lobichona.
Eu nunca gostei do Liam. Ele se acha muita coisa, o bonzão, o melhor amigo do meu irmão, etc... etc...
O título de melhor amigo é meu e ninguém tasca.
Ok, ok! Confesso, eu tenho ciúmes!
“RELAXA, CARA. VAMOS SÓ ASSISTIR!”-Nicholas provocou divertido.
“ELA É MINHA NAMORADA, NÃO VOU FICAR SÓ ASSISTINDO!”-Foi aí que o Lobichona reagiu, pisou no pé do meu mano, e deu uma cotovelada no seu rosto.
O cabeçudo caiu pra trás, fazendo uma expressão engraçada de dor. Ficou vermelho de raiva, seu olho esquerdo tremeu e trincou os dentes. Eu soube na hora que Liam estava ferrado.
Nick jogou-se em cima do Liam e os dois tombaram no asfalto. Meu irmão meteu o punho com força na cara dele, pude até ouvir o estalo. Poucas vezes o vi tão zangado e me perguntei o que teria despertado o Jean Cloud Van Damme adormecido dentro dele. Dei de ombros, isso não importava, afinal, ERA BRIGA!
Agora eram duas brigas acontecendo à minha volta. Pulei contente. Era bom demais pra ser verdade, melhor que assistir luta livre na TV.
Observei Susan jogar areia nos olhos da Miley, que caiu, esfregando o rosto. Então, ela aproveitou para bater nela.
Cara, que golpe baixo!
Felizmente, a Samara reagiu igualzinho em “O Chamado”, plantou o terror!
Liam, deu uma chave de braço em Nick que, para minha surpresa, conseguiu sair dela e lhe socou o estômago.
Fiquei saltitando em volta deles, quase explodindo de alegria. O Lobichona estava apanhando. YAHOOOOOO! Eu queria era ter soltado fogos.
“DÁ NELE, NICHOLAS BALBOA!”-Gritei pra incentivar. 
Eu precisava narrar aquela luta, podia ser minha única chance na vida.
“DO MEU LADO DIREITO, A LUTADORA MILEY-SAMARA...”-Apontei para ela, que acabara de montar em cima do corpo da gostosona. Resolvi continuar.“Ela é da categoria peso extremamente leve, tem uns 10 quilos de ossos e muita cara de pau, campeã mundial da pentelhação. Sua adversária é SUSAN-RUIVONA. É da categoria peso médio, tem uns 60 kilos de puro chifre e muita gostosura, líder internacional das cornas.”-Me acabei de rir sozinho. “AGORA DO MEU LADO, ESQUERDO...”-Procurei por Nicholas e Liam, nem sinal deles. Só quando ouvi o alarme do carro do Liam soar foi que olhei para trás e percebi que o Zé Ruela acabara de jogar o Lobichona contra o próprio carro. “CONTINUANDO, DO MEU LADO ESQUERDO, O LUTADOR NICKZINHO BALBOA...”-Esse era um novo apelido que, com certeza, eu não iria esquecer. “Ele é da categoria peso pesado, tem uns 200 quilos só de cabeça. Campeão mundial de arremesso de ex-amigo. Seu adversário é LIAM-LOBICHONA. É da categoria peso pesado, tem uns 300 quilos de muita sorte, tem duas mulheres se matando por causa dele aqui. Campeão mundial de uivo e habilidoso adestrador de pulgas para circo.”
Gargalhei alto, já fazendo minha dancinha da vitória. Coloquei as mãos no joelhos e balancei o popozão.
Nesse momento vi toda a galera vir correndo ao nosso encontro. Provavelmente, os gritos de “socorro” da ruivona e o som do alarme, os fizeram perceber a zorra que estava acontecendo fora de casa.
ACABOU MINHA DIVERSÃO, DROGA! QUE POVO ESTRAGA PRAZER!
Logo Billy e Kevin separaram o Balboa e o Lobichona. Já Emily e Taylor, impediram a Samara de enfiar a cabeça da gostosona no asfalto.
20 Minutos depois, Miley e Nicholas estavam sentados no sofá da sala, ouvindo o comedor de mães, Billy, passar o maior sermão. Ri baixinho quando minha mãe colocou bife nos olhos deles, que estavam realmente ficando pretos.
Nem prestei atenção no que meu futuro padrasto falava, era um monte de baboseiras como “vocês não são crianças, brigar não leva a lugar algum”, toda aquela chatice. Eu acho que brigar sempre resolve, sentar pra conversar é coisa de bichona. Falando em bichona, lembrei do Marius, ECA! Eu ia ter pesadelos mais tarde, tinha certeza, depois de ver a velhinha zumbi ressuscitar. Nem fudendo que eu ia dormir sozinho! Mamãe e o comedor de mães vão tem que aguentar essa noite.

Miley Narrando

Uma tempestade de proporções bíblicas caía sobre a Itália. Tentava, a todo custo, dormir e sonhar com o beijo que deveria ter acontecido entre mim e meu lobo, mas os trovões e relâmpagos tiravam a minha paz. A única coisa no mundo que me causava pavor, além, claro, de ver Billy casar com Denise, era trovões. Sempre tive medo deles, desde pequena. Um medo inexplicável e incompreensível, não tinha terapia que desse jeito naquilo. O som ensurdecedor de um trovão me fez saltar da cama.
Minhas pernas tremiam, quando cheguei à cozinha escura para beber um pouco de água, na tentativa de me acalmar. Eu só conseguia pensar em uma coisa: filmes de terror! Já reparou que nos filmes sempre tem uma tempestade com trovões altíssimos e os flashs produzidos pelos relâmpagos sempre iluminam a aparição fantasmagórica ou a silhueta do assassino? Pois eu achava que iria ver algo do tipo a qualquer momento. Tentei acender a luz da cozinha, mas não achava o interruptor em meio a histeria em que me encontrava. Me aproximei da mesa para me apoiar nela, pois minhas pernas não estavam dando conta do meu peso. Olhei para um faca que estava jogada lá em cima e me perguntei se aquilo era uma pegadinha. Tinha mesmo que ter uma faca próximo a mim em uma noite horripilante?
Miley?”
“AAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!”-Gritei histérica, segurando a faca. Um relâmpago iluminou parcialmente o rosto do Nicholas e eu constatei que estava mesmo em um filme de terror.
Ele acendeu a luz e pude respirar ao verificar que não tinha me molhado toda, ou pior.
“O que você está fazendo?”-Perguntou ele, com a maior cara de tapado.
Olhei para a faca e em seguida, para ele.
“Ah, entendi. Estava planejando me assassinar essa noite? Desculpe estragar seus planos.”
Bufei e soltei a faca na mesa.
“Eu só vim beber água.”-Respondi, tentando não demonstrar minha covardia.
“Eu também.”-Ele foi até a geladeira e encheu um copo com água.
De repente, um trovão rasgou o céu, fazendo com que eu me perguntasse se Deus estaria zangado.
Instintivamente, me joguei em baixo da mesa, tremendo mais que uma britadeira.
Me deu raiva ouvir o imbecil do Nicholas rir com vontade.
“A valentona está com medo de trovões?”
“Não!”-Esbravejei.
Outro trovão explodiu nos céus, me fazendo sobressaltar e bater com a cabeça na mesa. Foi uma dor filha da mãe. Ainda assim não iria sair dali.
“Vai dormir, pirralha!”-O Jonas apagou a luz, já saindo da cozinha.
“ACENDE A LUZ!”-Berrei e a anta gargalhou.
QUE ÓDIO!
“Porque você não vai dormir?”-Perguntou sarcástico.
“Porque eu não quero!”-Não queria dar o braço a torcer.
“Vem!”-Ele me puxou para fora do meu esconderijo. “Estou vendo que você está com medo de dormir sozinha. Você é mesmo uma criança.”
COMO ELE SABIA? OK, FOI UMA PERGUNTA IDIOTA!
“Você dorme comigo essa noite!”-Nicholas me arrastou até a sala.
“Por nada desse mundo! Sua cara é mais assustadora que os trovões!”
“Mesmo?”-Perguntou, erguendo uma sobrancelha.
Uma merda de trovão assustou-me. Como uma louca, me agarrei ao otário. Quando percebi minha sandice, o larguei nervosa.
QUE DROGA! POR QUE EU TENHO TENDÊNCIA A FAZER ISSO?
O débil mental divertia-se.
“Anda, Miley, vamos logo dormir, deixa de ser chata!”
“Eu vou dormir com Emily.”-Afirmei orgulhosa.
“Acho que ouvi Kevin me dizer que ela iria dormir com ele essa noite.”
“Então vou para quarto do meu pai.”
“Acredite, Joe já está lá.”
Fiz careta, não querendo imaginar a cena.
“Por que não tenta a Taylor?”-Perguntou ele, curioso.
“Ela bateria a porta na minha cara, ela já fez isso antes.”
“E o gostosão do Nicholas?”-O anormal fez piadinha e só ele achou graça.“Vamos logo para o quarto, medrosa.”
Um trovão alto decidiu por mim. Subi as escadas correndo, enquanto o Jonas ria de mim.
Quando adentrei o cômodo, me arrependi instantaneamente de ter concordado com a idéia absurda dele. Era melhor dormir embaixo da mesa segurando a faca. Ele trancou a porta e eu não acreditei quando tirou a camisa, ficando apenas com uma calça de moletom preta.
“Isso é mesmo necessário?”-Tentei não transparecer constrangimento.
“Está calor.”-Afirmou sorrindo torto. E como eu odiava aquele sorriso!
“Como pode estar calor? Está chovendo canivete!”-Retruquei, apontando para a janela, onde o vento forte a fazia chacoalhar, mesmo fechada.
“Acredite em mim. Está calor.”-Risonho, jogou-se na cama.
Pus as mãos na cintura, o fitando ameaçadora.
Miley...”-Ele alisou o colchão. “Vem deitar!”-Deu dois tapinhas na cama.
FALA SÉRIO! QUE PIADA SEM GRAÇA!
Puxei o edredom, peguei um travesseiro e os joguei no chão, ao lado da cama.
“Você vai dormir ali!”-Apontei.
“Que é isso? Não sou cachorro!”-Carrancudo, cruzou os braços.
“Nicholas, vai dormir no chão!”
“Nem morto!”-Ele deitou-se, agarrando um travesseiro. “Vai para o chão você!”
Bufei com ódio.
“Você que teve a idéia, então, vai ter que me ceder a cama.”
O imbecil rinchou.
“Vamos dividi-la, não tem problema algum.”
Revirei os olhos e me deitei no chão, disposta a dormir ali mesmo.
“Se é assim que você quer...”-Ele apagou a luz do abajur e tudo ficou completamente e sinistramente escuro.
Engoli seco, ouvindo a tempestade rugir na noite. Foi aí que um trovão ecoou mais alto do que qualquer coisa que já ouvi na vida. Em um súbito, me joguei na cama, agarrando Nicholas, enquanto tremia incontrolavelmente. Ele ligou o abajur só para me olhar, surpreso. Desconcertada me dei conta do que fiz. O larguei, querendo enfiar minha cabeça em um buraco. Amaldiçoei a mim mesma por estar sendo tão covarde. De mansinho, fui saindo da cama para voltar ao chão.
“Tem certeza que quer fazer isso? Vai ter mais trovões, não quer ficar logo?”
Tentei pensar nas minhas alternativas, mas o medo ridículo que eu sentia limitava meus pensamentos. Calada, deitei-me no cantinho da cama, quase caindo.
Ele rosnou impaciente e me puxou para o meio da cama. Isso nos fez ficar quase colados. Quanto o vi erguer a mão para fechar o abajur, tive vontade de gritar.
“Deixa ligado.”-Pedi em um fio de voz. O filho da mãe riu das minhas fraquezas.
“Tudo bem.”
Outro trovão rompeu o silêncio da noite me fazendo sobressaltar. Puxei o edredom e me cobri inteira até a cabeça. Meu coração parecia que ia sair pela boca. O som horripilante ecoou por mais alguns segundos.
Miley...”
“O que é?”-Perguntei, ainda escondida embaixo do cobertor.
“O que estava acontecendo dentro do carro para Susan ficar tão irritada?”-A voz dele estava serena e ao mesmo tempo curiosa. 

Só a pronúncia do nome da vaca ruiva já me enfurecia, jamais iria esquecer que ela atrapalhou o melhor momento da minha vida. Ao menos o que era para ter sido o melhor momento. O beijo com Liam. Tentei afastar os pensamentos frustrados da minha mente e me restringi respondendo a pergunta de Nicholas.
“Ele me pediu em namoro.”
“É, isso eu percebi quando ele te chamou de namorada. Estou perguntando se vocês se beijaram.”
O que eu deveria responder? Pensei por poucos segundos e resolvi responder o que pretendia considerar a versão oficial daquele acontecimento, só para não dar o gostinho a vaca ruiva de estragar a minha felicidade. 
“Sim, nos beijamos!”-Manteria aquela resposta para sempre, mesmo que não fosse verdade. Eu não deixaria aquele momento me ser roubado, depois eu e meu lobo tornaríamos a minha versão mais real.
Coloquei a cabeça para fora do cobertor verificando se o otario estava rindo da minha cara. Fiquei surpresa ao vê-lo sério, encarando o teto.
“Que foi? Eu não fui fácil! Fiz tudo direito, do jeito que você ensinou, não vai se gabar de ter cumprido sua parte do acordo?”-Fiquei mesmo curiosa, o que será que estava passando pela cabeça daquele anormal?
“Pois é, você conseguiu! Nós conseguimos, afinal.”-Falou ele, com um certo descaso.
“Sim, eu sou demais!”-Sorri, olhando também para o teto. “Consegui fisgar Liam.”
Ficamos em silêncio por cerca de 10 segundos. Me dei o luxo de absorver a idéia de que tinha alcançado meu objetivo.
“Preparada para a última aula?”-Perguntou ele, deitando-se de lado.Fiz o mesmo, confusa.
“Que última aula?”
“Ela se resumiria em partes de mim dentro de você, mas não virei suicida ainda. Não quero que me cace com aquela faca. Então, vamos fazer algo mais simples.”-Sorriu.
Precisei de um tempo para entender aquelas palavras. Quando entendi, meus olhos arregalaram-se e gaguejei. Infelizmente, isso despertou mais risadinhas sarcásticas no idiota.
“Antes que você comece com o escândalo, vou esclarecer uma coisa: Liam é um homem, não um moleque. Como namorado, ele vai querer algumas coisas que você, provavelmente, nem sabe o que é. Bem, é aí que eu entro... literalmente.”-Ele riu da própria piada, e eu me preparei para descer o braço nele.
Nicholas prevendo minha reação. Abruptamente, se pôs em cima de mim, imobilizando meus braços.
“Meu namorado bateu demais na sua cabeça, é isso? Ficou maluco, NICKZINHO?”-Esbravejei incrédula.
“Calma, pirralha, não vou fazer nada, até porque percebi agora que você é muito criança para isso. Susan tem razão, você não é metade da mulher que ela é, não adianta eu tentar ensiná-la,eu não faço milagres.”
“O que?”-Questionei, enquanto ele soltava-me e voltava a deitar ao meu lado.“Eu sou mais mulher que aquela nojenta, sou muito melhor!”-Sentei-me, irritada. Quase explodi em ira quando vi o anormal virar-se, me dando as costas, totalmente indiferente.
“Tá certo, Miley, me deixa dormir.”-Balbuciou em meio a um bocejo.
Como ele podia achar que Susan era melhor que eu? Certo que eu não tinha nenhuma experiência sexual e que Liam devia ter dormido com muitas mulheres e quando ele fosse me comparar a elas, iria... Meu raciocínio parou aí, eu havia até esquecido o que estava tentando formular antes.
Oh, Meu Deus! Liam vai odiar ficar comigo!
Nicholas tinha razão, eu não sabia de nada. E agora? E se meu lobo começar a achar também que não sou metade da mulher que Susan é?
Fiquei simplesmente apavorada, atônita, perdida. Passei a mão na testa, enxugando um filete de suor que escorria, devido ao meu nervosismo. Eu precisava realmente da última aula, precisava ter a mínima noção do que fazer quando chegasse meu momento com namorado.
“Nicholas...”-Murmurei em um fio de voz.
“Hum?”-Perguntou, sem nem olhar para trás,
“Tudo bem, vamos ter a última aula.”
“Eu não quero mais.”
Meu queixo caiu. Como não queria? Mais essa agora, vou ter que insistir?
“Por quê?”-Perguntei impaciente.
“Porque não quero tocar em você.”
Revirei os olhos.
“Vamos lá, Nicholas... eu realmente preciso.”-Já estava sendo difícil admitir aquilo para mim mesma, em voz alta era quase uma tortura. “Anda, só um pouquinho, prometo que não vou te bater.”
“Você perdeu sua chance, pirralha, agora me deixa em paz. Já falei que não vou te tocar.”
Esfreguei o rosto chateada. Por que ele estava tornado aquilo tão difícil? Era estranho querer tanto aquela aula pervertida, mas eu sabia que ele era a pessoa certa para me ensinar, pois nenhuma dica do Jonas tinha falhado até aquele momento.
“Me toca!”-Pedi, por fim, me segurando ao resto de paciência que ainda possuía.
“Não!”-Murmurou, sem dar a mínima pra mim.
“Vai, Nicholas, eu estou pedindo, droga! Me toca agora!”-O cutuquei apreensiva.
“OK!”-Ele sentou-se de frente para mim tão rápido ,que me assustou. “Já que você está pedindo com tanto jeitinho, eu toco.”-Ele sorriu tão descarado que me senti um anta por ter implorado por aquilo. “O que você sabe sobre sexo?”
“Ah... que uma cegonha bonitinha trás os bebês?”
Ele arregalou os olhos.
“Calma, eu estou brincando!”-Falei, antes que ele surtasse.
“Você realmente me assustou com essa história da cegonha.”-Bagunçou os próprios cabelos.
“Eu sei o que todo mundo sabe, né? Só não sei como agir quando chegar o momento de... de...”-Estava procurando uma palavra qualquer para definir aquilo.
“Ta certo, relaxa!”-Ele levantou-se e foi em direção ao seu aparelho de som.
“O que está fazendo?”-Perguntei curiosa.
“Eu disse para relaxar. Fica caladinha.” 
O Jonas colocou um CD com uma música agradável e voltou para a cama, sentando-se, de frente para mim.
“Quando te beijei aquele dia no pescoço, você reagiu meio engraçado. Eu percebi que você não conhece seu próprio corpo. Acho difícil você saber o significado da palavra prazer.”-Me senti corar, engoli seco e fitá-lo, se tornou extremamente difícil. Porém, ele, parecia muito calmo, nada constrangido, como se estivesse me explicando como se joga ping-pong. Quando o otário ajoelhou-se e me puxou para junto de si, eu achei que sairia correndo, mas, ao invés disso, estremeci ao toque de suas mãos. “Não se preocupe, eu vou apenas ajudá-la a fazer algumas descobertas. Se você quiser desistir em qualquer momento, é só falar, mas por favor, nada de agressão física. Entendido?”
Balancei a cabeça sinalizando um “sim”, desviei o olhar, encarando a cama abaixo de nós. Quando senti a ponta dos dedos dele na minha cintura, me perguntei onde estaria o meu juízo.
Nicholas foi puxando lentamente a blusa do meu pijama para cima. O nervosismo me atingiu, me paralisando e isso o impediu de continuar, já que não levantei os braços para ajudá-lo a me despir. Ele aproximou-se ainda mais e pude sentir sua respiração quente e uniforme junto a minha orelha.
“Não tenha medo.”-Sussurrou, rouco.
Por alguma razão, aquela frase destravou algo dentro de mim, fazendo meu corpo reagir e o nervosismo chegar a um nível tolerável. Fechei os olhos quando ele começou a beijar minha orelha, lambendo-a e mordiscando-a de um jeito que me causava arrepios. Sua boca escorregou para o meu pescoço onde depositou beijos calmos e tranquilizadores. Aquilo me encheu de uma estranha confiança no Jonas. Em resposta, meus braços ergueram-se, então, ele pode puxar gentilmente minha blusa para cima, tirando-a.
Me abraçou carinhosamente, nossas peles tocaram-se. Foi agradável sentir as mãos dele acariciando minhas costas, aumentando meus arrepios. Fiquei na expectativa quando Nicholas alcançou o fecho do meu sutiã branco e, simples, com grande habilidade, logo o abriu. Minha respiração ficou suspensa no momento em que ele afastou-se, puxando as alças consigo. Elas deslizaram pelos meus braços e a peça caiu sobre a cama.
Nicholas suspirou ao ver meus seios, ficou parado por alguns segundos analisando-me. Imaginei que morreria de vergonha nessa hora, mas, eu só conseguia encará-lo, mal estava prestando atenção em mim mesma. Foi incrivelmente fácil admitir para mim o quanto ele estava lindo, boca entreaberta, olhos semi-cerrados brilhando em um intensidade diferente, ofegante.
Foi aí que ele tocou um dos meus seios. Uma descarga elétrica passou por mim, me causando ondas de prazer. No início, sua caricia foi tímida, receosa, mas logo tornou-se intensa e ousada. Seus dedos brincavam com meu mamilo, o deixando extremamente eriçado. Me contive severamente, aquela carícia era enloquecedora.
Ele deitou-me na cama, me olhando de um jeito que nunca ninguém me olhou antes. Ainda não sabia definir que tipo de olhar era aquele. Outra vez, beijou meu pescoço, agora mais ousado, mordendo-o levemente, lambendo, enquanto acariciava meus seios. Meu corpo estava reagindo de formas que nunca imaginei. Sentia-me queimar em um desejo quase que incontrolável. Os lábios e as mãos do Jonas estavam agravando meu estado como um doce vinho sendo jogado em labaredas vorazes. As sensações desconhecidas me embriagavam.
Nicholas Narrando

Eu estava louco para beijar Miley, queria sentir seus lábios macios, sua língua quente. Mas me contive, os lábios haviam sido de Liam, eu não os provaria naquela noite. Iria ocupar minha boca com outras partes do corpo da Cyrus, partes que eu teria a agradável honra de saborear antes dele. Beijei, deliciando-me, a jugular da pirralha, o doce cheiro que exalava de sua pele inebriava-me, fazendo com que eu ficasse ainda mais excitado, se é que isso era possível, pois sentir os seios perfeitos de mamilos rosados em minhas mãos, me causava euforia e espasmos contínuos de prazer. Já não me aguentando, puxei, suavemente, a calça do pijama dela. Não queria assustá-la, nem deixá-la insegura, almejava apenas sua confiança, sua entrega total em minhas mãos. Quando consegui jogar para longe a calça, me afastei para admirá-la.
NOSSA! Será que eu estive todo esse tempo cego? Como não percebia a beleza extraordinária daquela pirralha? Ela era um mulher estonteante, rosto de linhas delicadas, seios de tamanho perfeito e tentadores, coxas roliças, curvas que mais pareciam miragem aos meus olhos. Foi preciso usar todo o meu alto controle para não avançar em cima dela e saciar todos os meus desejos mais ferozes e impuros. Quanto mais eu tentava me controlar para não demonstrar o quanto meu corpo reagia ao dela, mais eu pulsava, mostrando justamente o contrário.
Não suportando, delirando de vontade, puxei a calcinha de Miley, mesmo sabendo que resistir a ela depois daquilo chegaria a me causar dor física. Assim como eu imaginei, me conter foi doloroso ao extremo. A garota completamente nua me deixou deslumbrado, precisava tirar os meus olhos dela antes que eu cometesse uma loucura ainda maior do que já estava cometendo.
Arriscando ser impedido por ela, decidi beijar-lhe os seios. Poderia ser minha única chance e eu não iria desperdiçá-la me perguntando se era certo ou errado. No início, os beijei com cautela e ela suspirou alto, isso me incentivou a, finalmente, saciar-me, me fazendo perder-me no sabor de sua pele quente e sedosa. Nunca havia sentido tanto prazer na minha vida, e o mais absurdo era que ela nem precisou me tocar para isso. Eu devia estar perdendo a sanidade, já que estava mesmo louco, apertei a coxa dela, mostrando-lhe o quanto eu a queria. Pude senti-la estremecer e cortar a respiração, isso me encheu de vaidade. Confiante, derrapei a mão para a parte interior da sua coxa, revirei os olhos perdendo-me em luxuria, quando ela finalmente gemeu baixinho. Fiquei surpreso por, ela não perceber o barulho dos trovões que ecoavam constantemente pelo quarto. Miley estaria curada de sua fobia? O motivo era eu ou as novas sensações que eu estava lhe proporcionando? Não importava. Afinal, ela estava ali, embaixo do meu corpo, entregue a mim como jamais esteve entregue a ninguém, era o que importava para mim.
Parei de beijar seu busto para encará-la. Seus olhos estavam fechados apreciando minhas habilidosas caricias, ruborizada mordia os lábios. A desejei de forma indecente. Como eu queria fazer mil coisas com ela. Não liguei paro o fato de Liam tê-la como namorada, aquela noite de tempestade, ela era apenas minha e eu degustaria meu frango com prazer. Sorri mentalmente ao perceber que o meu ex-amigo estava sendo corno logo no seu primeiro dia de namoro.
Suspirei cheio de tesão por Miley, finalmente, toquei seu lugar de beleza extrema. Ela gemeu e eu também, ambos ao mesmo tempo. Percebi que nós dois queríamos muito aquilo. Estimulei-a como nunca fiz em nenhuma outra mulher, com carinho, dedicação, paciência. Em troca, fui recompensado com gemidos que quase me fizeram chegar ao ápice do prazer. Não demorou para que eu fizesse a minha pirralha ter o primeiro orgasmo de sua vida. Ela contorcia-se, arfava, gemia, e eu quase explodi de felicidade. Agora eu sabia, eu queria aquela garota problemática para mim. Eu ainda não sabia o tamanho do meu sentimento por ela, só sabia que a queria com todas as minhas forças. Ela mexera comigo, me deixava louco de raiva e ao mesmo tempo delirando de paixão. As confusões que partilhamos, não eram nada diante das confusões dentro do meu peito. Minha vontade era tê-la todos as noites, trêmula, ofegante, dependente assim como eu estava naquele momento. Se ela era um problema, eu não me importaria em ser a solução.

Miley Narrando

Abri meus olhos sonolenta, estava cansada, queria dormir por horas, mas eu tinha muita coisa para fazer, tratar do jantar em que Liam seria apresentado formalmente. Rolei na cama e meu corpo chocou-se com outro, mas não era um corpo qualquer, era o corpo de Nicholas Jonas.
Rapidamente, as lembranças da madrugada vieram à minha mente, cada mínimo detalhe desconcertante. Sentei-me rapidamente, enquanto ele continuava a dormir de bruços. Quis gritar, mas a última coisa que eu queria era acordá-lo e ter de encarar o único homem que já me viu nua, aliás, o único homem que me tocou. Eu não saberia o que fazer.
Calma, Miley, talvez tenha sido só um sonho. Fica fria!
Olhei por debaixo do edredom, na esperança de estar vestida e isso provar que os acontecimentos da madrugada não passavam de um sono ou alucinação. Ao constatar que estava nua, todas as minhas esperanças foram por água abaixo.
Levantei lentamente da cama para não despertar o Jonas. Me envolvi em um lençol e, na ponta do pés, comecei a catar as peças de roupa no chão. Estava querendo dar uma surra em mim mesma. Tudo bem que tinha sido uma noite fantástica, em que senti coisas que não imaginei ser possível, mas ter que encarar NICKZINHO depois de tudo aquilo, era constrangedor e perturbador.
Meu sutiã estava debaixo do corpo do dele, pude avistar somente parte. Me aproximei de olhos fixados na peça, estava me perguntando se deveria puxar ou deixar ali mesmo. Foi aí que olhei para Nicholas e notei algo inacreditável em sua nuca.
Meu queixo caiu e meus olhos arregalaram-se em choque.
“O QUE MEU NOME ESTÁ FAZENDO NA SUA NUCA?”-Berrei embasbacada.
“O QUE?”-Despertou assustado. Ele me encarou. Atônita, deixei minhas mãos penderem para os lados. Isso fez o lençol cair junto com o que sobrou da minha dignidade. 
“Wow!”-NICKZINHO, ergueu uma sobrancelha.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

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consegui entrar hj, e aproveitei p postar! ta dificil de entrar.. viu!



Capítulo 4: Transformação de Miley
Miley Narrando
Já passavam das 07:00h quando adentrei, vagarosamente, o quarto Nicholas. Ele estava largadão na cama, ainda vestido com a fantasia de caçador. Coloquei um copo de água no criado mudo, então, lhe observei por alguns segundos. Ele dormia profundamente, mais parecia uma pedra. Sorri lembrando-me do estado alcoólico dele na noite passada. Nunca imaginei que ele precisaria ser carregado inconsciente para casa. Pior é que o meu lobo também precisou ser levado para seu hotel, em um estado lastimável. Ri tentando imaginar se a vaca ruiva ainda estaria trancada no banheiro de Marius. Por mim, poderiam lacrar a porta com uma parede de tijolos, mas, à essa altura, alguém já devia tê-la encontrado. Susan deve estar querendo matar minha prima lentamente. Bem, se ela quiser tirar satisfação, eu encaro a perua de cabelo cor de fogo sem problemas.
Decidi, então, parar de relembrar o baile e me preparei para dar o troco em Nicholas. Queria que ele sentisse, na pele, o que é ser acordado com um balde de água fria.
Ergui o balde por cima dele e despejei todo de uma vez.
“AAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!”-Gritou ele, saltando atordoado da cama.
“HU!...HOHOHOHOHO!”-Imitei a risada de Marius.
Não demorou para que o NICKZINHO percebesse o que estava se passando.
“Sua filha do capeta, por que fez isso comigo?”-Esbravejou, estupefato.
“Vamos correr, NICKZINHO, vamos correr!”-Respondi, largando o balde e tentando me aquecer.
Ele me encarou, incrédulo.
“O que foi? Não foi você que disse que eu precisava me exercitar?”-Foi divertido vê-lo embasbacado.
“De onde saiu esse seu entusiasmo? Você não odeia correr?”
“Digamos que uma noite maravilhosa pode fazer uma garota mudar de idéia.”
“Eu não vou correr, pirralha, não vê que eu estou de ressaca?!”-Nicholas jogou-se na cama, sonolento.
“Não, não, não! Nada de dormir, eu preciso da sua aula hoje.”
O Jonas ergueu a cabeça para me fitar, outra vez embasbacado.
Era difícil admitir que eu precisava do imbecil, mas eu não tinha como esconder que as aulas dele haviam realmente me ajudado a me aproximar de Liam. Após o beijo maravilhoso que trocamos durante o blackout da pegação, eu já não me importava com mais nada. Se Nicholas me mandasse sair de casa com um melancia pendurada no pescoço, eu sairia. Meu Liam valia qualquer sacrifício.
Depois de um longo suspiro, ele ergueu as sobrancelhas.
“Como foi que você entrou aqui?”
“O Joe te trouxe pro quarto ontem e deixou a porta aberta.”
Nicholas rolou na cama, com as mãos na cabeça, demonstrando dor.
Como eu já esperava por isso, lhe entreguei o copo com água, que havia lhe trazido e tirei do bolso dois analgésicos.
Ele olhou, receoso, para o copo e os remédios. Eu ri.
“Pode tomar, eu não cuspi dentro, nem lhe trouxe laxante. Preciso de você inteiro hoje.”
Por fim, ele acabou tomando os remédios.
“Não interessa, Miley, eu não vou sair da cama hoje.”-Ele afundou o rosto no travesseiro.
Fiquei impaciente ,sentei-me ao seu lado e comecei a chacoalhá-lo com força.
“ME DEIXA EM PAZ,MILEY!”-Berrou o rabugento.
“ANDA, NICKZIHO, ANDA!-Ele me ignorou. “Inventa alguma coisa, convida o Liam para nos visitar. Preciso de outro momento maravilhoso com ele.”
“Momento maravilhoso?”-Perguntou ele, finalmente me dando atenção.
Ri mais uma vez, tudo me parecia engraçado. Eu estava simplesmente feliz.
“Digamos que suas aulas, enfim, deram algum resultado.”
“Traduz!”-Ele sentou-se.
“Liam me beijou.”
“Beijou? Quando? Onde?”-Perguntou, surpreso.
“Dãaaar! No baile, na hora do blackout da pegação. Ele, simplesmente, me agarrou.”-Respondi, delirando em satisfação.
“E como foi o beijo?”-Perguntou, revirando os olhos.
Olhei para o teto, me questionando se deveria revelar aquele meu segredo para o idiota. Por fim, resolvi contar, eu queria era gritar pra todo mundo que Liam tinha me beijado. 
“O beijo foi, simplesmente, perfeito...”-Suspirei. “Não, não, perfeito é pouco, na verdade, foi extraordinário! MEU DEUS! Como ele beija bem!”- Eu já estava mergulhando em doces devaneios, quando ouvi as gargalhadas do Jonas.
De alguma forma, ele pareceu estar se divertindo.
“O que foi? Por que está rindo?”-Perguntei aturdida.
“Eu não estou rindo, só estou com sono.”-Ele enfiou um travesseiro no rosto. Eu já não podia ouvir as gargalhadas, mas via o corpo dele, inteiro,tremer em risadas silenciosas.
Bufei e resolvi ignorar, ele era mesmo anormal.
“Pode rir à vontade, não estou nem aí, o que importa é que Liam me beijou.”
“Sabe, eu acho que você está sendo fácil demais. Nós já havíamos falado sobre isso antes.”-Disse Nicholas, tirando o travesseiro do rosto.
“Eu não fui fácil! Eu não tenho culpa se ele me agarrou.”
“Aposto que agora, já perdeu a graça para ele. Duvido que ele te dê atenção.”-Falou ele, com descaso.
O Jonas mal acabou de falar, e meu celular vibrou no bolso da calça, assustando-me. Rapidamente, olhei para o visor e havia uma mensagem.
[Mensagem] 07:25h
Liam: Quer jantar comigo esta noite?
“SIM!!!”-Saltei empolgada da cama.
“O que foi?”-Perguntou Nicholas, confuso.
Mostrei-lhe a mensagem, toda orgulhosa. Não podia ser mais perfeito que aquilo, meu lobo solitário não só queria jantar comigo, mas também fez Nicholas parecer ainda mais idiota.
“Levante-se, Jonas. Eu tenho um jantar essa noite. Você falou que ia me dar as tais aulas de como me vestir. É uma boa hora para isso, Liam, estranhamente, ficou impressionado com minha mudança de visual no baile.”-Tagarelei tudo de uma vez, para não perder a coragem.
“Não enche, Miley,vai vestida do seu jeito trombadinha mesmo.”-Nicholas fechou os olhos, acomodando-se na cama.
“Você está quebrando o acordo. Isso significa que eu posso infernizar a vida da mosca morta novamente.”-Minhas palavras tiveram exatamente o efeito desejado.Nicholas levantou-se da cama, contrariado e bufando.
“Tudo bem... Eu não vou quebrar o acordo.”-Respondeu, por fim.
Senti um frio na barriga e um nervosismo imensurável. Em algumas horas, estaria novamente com Liam. Dessa vez, eu sabia que era diferente, eu não havia convidado-o para um café, e sim, ele me chamou para jantar. Era demais para mim, pouco me importava os meios ou as roupas absurdas que teria de usar, para mim só importava Liam.
Nicholas Narrando
Eu bem queria sacanear Miley e fazê-la ir vestida com uma fantasia de banana, só para chamá-la de bananinha maluca. Mas, eu havia dado minha palavra e não iria voltar atrás, além do que, ela, provavelmente, descontaria sua raiva em minha inocente mãe.
Caminhei lentamente em volta dela, analisando-a. Como eu poderia fazer a pirralha ficar bonita?
“Deixa eu ver o seu corpo!”-Disse-lhe sério.
“Hein?”-Perguntou ela, visivelmente assustada. Eu quase ri.
“Como eu já disse antes, todos tem alguma parte no corpo que se destaca das demais. É preciso saber valorizá-las corretamente.”-Miley até pareceu ter entendido, mas não estava disposta a colaborar. “Não seja criança, puxe as pernas da calça, deixe-me ver suas varetinhas.”
Miley me encarou, como se estivesse prestes a me socar, engoliu seco e fez o que pedi.
Ela levantou as pernas da calça até um pouco acima dos joelhos, e eu logo gargalhei.
“Você nunca ouviu falar de depilação?”
“Eu tenho mesmo cara de quem pensa nesse tipo de coisa?”-Falou, carrancuda.
“Pois agora vai pensar. A primeira coisa que faremos é te levar em um salão para transformar suas pernas de homem em pernas de mulher e arrumar essa palha que é o seu cabelo.”-Tudo bem que eu estava exagerando, mas ver a cara dela chocada era impagável. “Cara, se você não depila as pernas, quem dirá...”
“Nicholas Jonas, se você terminar essa frase, considere-se um homem morto!”-interrompeu, furiosa.
Ri quando vi a expressão assassina no rosto de Miley.
“Tudo bem, eu percebi que você tem... é... um busto...”-Eu queria falar bonito, mas não queria ser ameaçado de morte outra vez. Então, apenas me expressei com as mãos, erguendo os polegares e a Cyrus logo me entendeu. “Vamos tentar valorizar o busto com decotes. Eu acho que vai ficar bom.”
O que era aquilo? Miley estava corando?
“Eu vou ficar... tipo... sexy?”-Perguntou ela, fazendo careta.
“Que é isso, Miley, lógico que não! Você vestindo algo sexy, seria a mesma coisa que fantasiar o Bin Laden de Papai Noel.”-Zombei.
Esfreguei o queixo, sabendo que precisaria de ajuda, de uma outra opinião masculina, e já tinha a pessoa certa em mente. Mas será que ele ia conseguir entender meu acordo com Miley? Dei de ombros, mesmo se ele não entendesse, eu sabia que ele iria só pra zoar.
Uma hora depois, eu, Miley e Joe estávamos em um salão prestigiado de Verona.
Uma simpática baixinha de cabelo rosa, veio nos atender.
“Oi, meu nome é Marcella, que posso fazer pelos senhores?”-Perguntou ela, sorridente.
Olhei para a Cyrus dos pés a cabeça então respondi...
“Um milagre!”
A meu pedido, Marcella levou Miley para a setor de depilação. Joe e eu ficamos sentados em uma pequena sala de espera, olhando para uma porta branca, imaginando o que se passava dentro do cômodo, pois ouvíamos os gritos e incríveis palavrões saídos da boca dela, que assustavam todos os clientes do salão. Eu já havia perdido a conta de quantas moedas ela teria que colocar no pote de palavrão.
“Meu Deus, estão matando a Miley!”-Falou meu irmão, assustado.
“Calma, Joe, é só depilação, a pirralha que é exagerada.”
“Exagerada? Eu depilo o peito, eu sei bem como é isso, é horrível.”
“Joe, é por que você também é exagerado.”-Zombei.
Como um homem daquele tamanho podia achar depilação horrível? O bisonho me encarou, mexeu a boca de uma lado para o outro e então, sinalizou com a mão para que a mulher de cabelo rosa viesse até nós.
“Posso ajudar?”-Perguntou ela.
“Sim, meu irmão aqui, não sabe ao certo como funciona depilação com cera quente. Poderia dar uma pequena amostra para ele?”
“Claro!”-Respondeu de imediato.
Marcella trouxe um vasilhame branco e, com uma espátula de madeira, passou um pouco de cera nos pêlos do meu braço. Eu sorri, só era um pouco quente, nada que fizesse alguém gritar.
“Joe, é coisa de mulherzinha gritar por causa disso, que ridículo.”-Afirmei, debochando da cara de meu irmão e de Marcella.
“Puxa!”-Disse Joe para Marcella, e ela gargalhou.
“Pode puxar, eu nem vou... AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!!
Eu juro que meu grito fez dois clientes saírem correndo. Eu nunca havia sentido uma dor daquelas na vida. Parecia que tinham arrancado a minha pele, eu até lacrimejei. Olhei para o meu braço e estava vermelho no local depilado. Joe ria descontroladamente. Engoli seco, envergonhado por ter gritado feito uma mulherzinha.
“Por favor, Marcella, pode ir ver se Miley ainda esta viva?”-Pedi, em um murmúrio.
A garota fez o que eu pedi e não demorou para que ela estivesse de volta, com um olhar sombrio. Era a primeira vez, desde que chegamos, que ela não mantinha um sorriso.
Joe e eu levantamo-nos preocupados por causa da expressão estranha no rosto de Marcella.
“Chegou a hora...”-Falou ela cabisbaixa.
“De que?”-Perguntei, já quase invadindo a sala onde Cyrus estava.
“Depilação na virilha.”-Respondeu ela.
“PUTAAAAAAAAAAAAA QUEEEEEE PAAARIIIIIIIUUUUUUUUUUUUU!!!”-Gritou Miley.
Joe e eu chacoalhamos o corpo, para dissipar o calafrio na espinha que sentimos.
Algum tempo depois, um viado cuidava do cabelo de Miley. Foi quase uma hora de discussão entre ela e o cabeleireiro, que queria deixá-la loira.Por fim, chegamos a conclusão de que seria melhor a Cyrus desistir de seu cabelo castanho claro e tingi-lo de castanho escuro. Quando ela viu no espelho que o tom de seu cabelo ficou parecido com o meu,ela quase enfartou. Foi preciso Joe segurá-la com força para a garota não descer o cacete na bichona, que saiu aos berros, em um choro incontrolável. Após muitos palavrões, gritos e escândalos vindos até de mim, que gritei, quando me depilaram o braço, fomos proibidos de voltar no salão.
Logo fomos para uma enorme loja feminina, chamada Gianna's Boutique. Miley precisava de um vestido e eu mesmo escolhi vários estilos para ela provar. Cyrus ficou do meu lado, carrancuda, de braços cruzados, ainda chateada por causa do cabelo.
“Eu vou ter que provar tudo isso?”-Esbravejou ela,quando lhe joguei as roupas. Foi engraçado vê-la tentando segurar os vestidos, que lhe caiam dos braços.
“É, Miley, vai ser divertido. Você prova um por um, e nós falamos como ficou.”-Fingi entusiasmo para convencê-la.
Ela revirou os olhos e saiu marchando em direção à um corredor, onde ficavam os provadores.
“Nicholas, me fala, outra vez, porque estamos aqui brincando de clube da luluzinha.”-Disse meu irmão impaciente.
“Eu já expliquei, Joe.”-Bufei. “Faz parte do meu acordo com a pentelha, foi o único jeito de fazê-la largar do pé da nossa mãe.”
“Ok!”-Falou, chutando o vazio. “Mas vamos, ao menos, sacanear a Miley um pouquinho, eu estou entediado!”
“O que você teria em mente, gênio?”
“Vamos dar um susto nela no provador! Vamos, vamos, por favor.”-Pediu ele, animando-se.
Refleti por um segundo, acho que nem isso. Eu queria também sacanear a pirralha.
“Ok, o plano é o seguinte, chegamos lá de mansinho. Sem fazer o menor barulho, então puxamos a cortina de uma vez. Miley vai estar provavelmente seminua e eu tiro uma foto com o celular.”-Nós gargalhamos, só de imaginar a cena.
Joe, entusiasmado, foi o primeiro a se dirigir aos provadores. Eu o segui. Olhamos, de relance, as cabines e todas pareciam vazias. Uma das primeiras estava com a cortina fechada. Só podia ser aquele.
Rimos baixinho, eu preparei o celular para tirar a foto e Joe pôs a mão na cortina, pronto para puxá-la.
Nos encaramos rapidamente. Então, Joe puxou com força a cortina.
“AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH!”-O grito ensurdecedor veio de três pessoas ao mesmo tempo. Eu, Joe e uma velhinha de uns 70 anos de calçola e sutiã.
“SOCORRO, TARADOS! TARADOS!”-Gritou ela, já pegando uma enorme bolsa verde.
Olhei rapidamente para o meu lado e avistei Miley, saindo do último provador, no final do corredor, gargalhando.
“Desculpa, vozinha, nós não...”-Joe tentou se explicar, nervoso, mas levou uma bolsada no meio da cara. Eu ri, e levei uma bolsada também.
A velhinha devia carregar pedras dentro daquela bolsa, porque a cada bolsada que levávamos, doía mais que um soco.
“SENHORA ,ACALME-SE, NOS DEIX...”-Ela não queria me ouvir. Não tinha jeito.
“AAAAAAAAAAAAAíííííííííí!!”-Gritou Joe, quando a velhinha lhe bateu outra vez.
“CORRE, JOE! CORRE!”-Gritei atordoado.
Joe saiu correndo pela loja e a velhinha o seguiu, com a maldita bolsa verde. Poxa, aquela senhora deveria malhar, não estava se cansando de correr atrás do meu irmão, que pedia por ajuda, desesperado. Alguns clientes da loja ficaram chocados com a cena. Até mesmo eu fiquei. Não é todo dia que se vê uma velhinha seminua correndo atrás de um homenzarrão choramingando.
Corri atrás deles, para tentar tirar meu irmão daquela fria.
“CALMA, VOZINHA, FOI UM ACIDENTE, NÃO SOMOS TARADOS!”-Gritei o mais alto que pude.
Ela parou, virou-se e me encarou com um olhar assassino. Cara, nunca tive tanto medo de uma velhinha antes.
“SEU PERVERTIDO, VOU LHE ENSINAR A NUNCA MAIS ESPIAR UMA MULHER.”-Berrou ela, vindo em minha direção com a bolsa verde do inferno.
Olhei para os lados, não havia nada que eu pudesse fazer. Engoli seco e, então, saí correndo pela loja também.
“SALVE-SE, NICHOLAS, SALVE-SE!”-Pude ouvir meu irmão bisonhento gritar, preocupado.
Corri o mais rápido que pude, mas a vozinha era uma fera.
Então, ouvimos o som estridente de um apito. A velhinha parou e eu também, tentando recuperar o fôlego.
“ORDEM!”-Gritou um segurança barrigudo, furioso.
“Segurança, não é nada disso que o senhor está pensando.”-Falei em minha defesa, aproximando-me do barrigudo pelo outro lado da loja, evitando o máximo possível a velhinha possessa, que me encarava raivosa.
“Digam-me o que está acontecendo.”-O segurança colocou as mãos na cintura, altivo
A velhinha e Joe, aproximaram-se do barrigudo, a fim de, cada um, lhe explicar sua versão dos fatos.
“Esses dois pervertidos estavam me espiando no provador. Eles querem o meu corpo!”
“O QUE?”-Gritamos surpresos, eu e meu mano.
O segurança barrigudo já ia pondo a mão no rádio em sua cintura, provavelmente para chamar a polícia. Então, interferi.
“Olha, não foi nada disso, foi um acidente, não tínhamos intenção de espiá-la. Nós tentamos explicar isso a essa senhora, mas ela começou a nos bater com a bolsa.”-Gesticulei nervoso.
“Minha senhora, você está velha demais para sair correndo por aí, vamos resolver isso com calma.”-Pediu o segurança, amistoso.
“VELHA DEMAIS?!"-Berrou ela, ofendida, dando uma bolsada na cara do segurança.“VOU LHES MOSTRAR QUEM É VELHA DEMAIS!”-Ela girou a temível bolsa no ar, preparando-se para bater em quem se pusesse à sua frente.
“SALVE-SE QUEM PUDER!”-Gritou o segurança barrigudo, erguendo a mãos para o ar.
Não teve jeito, nós três saímos correndo em uma fuga desesperada.
Cara, que velhinha demoníaca.
Demorou um pouco para que conseguissem conter a estranha senhora. Por fim, as vendedoras colocaram eu e meu irmão de castigo, sentados em frente ao provador onde Miley trocava-se. Estávamos acabados, vários locais do meu corpo doíam, e o bisonho ao meu lado, massageava o rosto constantemente.
“Nicholas e Joe Jonas, o terror das velhinhas!”-Zombou Cyrus, de dentro do provador. Ignorei, eu já estava estressado o suficiente para dar atenção a ela.
“Eu estou muito afim de ir para casa, então, vamos acabar logo com isso.”-Pedi, ranzinza.
“Sabe, pensando bem... eu acho que mudei de idéia, não quero fazer isso.”-Falou ela, em um fio de voz.
“Você só pode estar brincando. Depois de tudo que passamos? Sai logo daí, deixa a gente te ver!”-Ordenei.
Miley colocou somente a cabeça para fora do provador, incrivelmente corada.
“Não quero piadinhas!”
“Anda, Miley, não vamos te zoar.”-Respondeu Joe. Me perguntei se ele já estava zoando com aquela afirmação.
Quando Miley saiu do provador, eu fiquei meio chocado. O vestido vermelho havia ficado extremamente apertado, curto e exibindo atributos que a pirralha, provavelmente, nem sabia que tinha.
“É, Miley, agora você já pode ir para uma esquina e conseguir uma graninha pra nós.”-Falou Joe, rindo.
Miley escondeu-se rapidamente atrás da cortina. Eu balancei a cabeça, sinalizando um “não”. Ela parecia mesmo uma prostituta.
“Experimenta o vestido rosa.”-Pedi, esforçando-me para não rir.
Minutos depois, ela saiu com um vestido rosa muito chamativo, cheio de babados brancos e detalhes em pedrinhas.
Ela girou sorridente, provavelmente, não se dando conta de o quão ridícula estava.
“O que acham?”-Perguntou Miley, curiosa.
Joe e eu começamos a cantar...
I'm a Barbie gir,l in a Barbie world. Life in plastic, it's fantastic...(Eu sou uma garota Barbie, vivo no mundo Barbie. A vida no plástico, é fantástica...)
A pirralha entendeu o recado e entrou no provador, soltando fumaça pelo nariz.
“Põe o vestido verde!”-Falou Joe. Ergui uma sobrancelha, ele nem sabia que havia um verde.
Não tivemos que esperar muito, lá estava a filha do capeta de verde. O vestido era feio, fazia Miley parecer uma bibliotecária solteirona. Golas, botões, pregas, mangas, tudo muito cumprido e formal.
“Ei, Miley, ficou parecendo uma tiazona. Aquelas tias feias que ninguém come.”-Joe riu muito, ele estava se divertindo mais que qualquer um ali.
Gesticulei, impaciente, para que ela voltasse para a cabine.
Minutos depois, Cyrus saiu do provador. Levantei-me imediatamente e, pela minha visão periférica, vi que Joe também. O vestido tomara-que-caia preto, tinha um cumprimento que posso descrever como tentador e, ao mesmo tempo, discreto. Tudo naquele vestido, parecia deixá-la à beira da perfeição, lhe destacando as melhores partes do seu corpo, cintura esbelta, pernas, agora depiladas e busto. Por algum estranho motivo, suspirei alto demais e pude sentir a mão do meu irmão fechando-me a boca. Fiquei extremamente embaraçado.
“Então, como ficou?”-Perguntou ela, girando timidamente.
Tentei pensar em uma palavra para defini-la, mas minha mente não trabalhou racionalmente.
“UH-HUUUUUUUUUUUU!!!!”-Gritamos, Joe e eu ao mesmo tempo ,aplaudindo com vontade. Ele até assobiou um “fiu-fiu”.
 “Miley, cara, você está linda!”-Joe disse sem rodeios.
Cyrus sorriu envergonhada, outra vez suas bochechas ficaram coradas, mas ela ficou realmente uma gracinha, constrangida.
A pirralha voltou para a cabine, feliz.
“Nick, se eu soubesse que Miley tinha potencial para gostosa, eu tinha dado em cima dela.”-Sussurrou o bisonho. Achei aquilo engraçado, e lhe dei um tapinha amigável nas costas.
Esfreguei meu rosto, tentando pôr meus pensamentos em ordem. Fitei meu irmão experiente e decidi lhe perguntar sobre algo que estava me incomodando.
“Mano, me responde uma coisa.”-Sussurrei.
“Fala!”
“Você já quis uma coisa, só porque outra pessoa também queria?”-Perguntei baixinho.
“Como assim?”-Ele pareceu-me confuso.
“Bem... vou tentar exemplificar. Digamos que você está em um restaurante, certo? Você olha no cardápio e tem frango e carne. Você pensa consigo mesmo,eu não quero frango, eu odeio frango. Daí, você pede carne. Carne é mais gostoso, é mais a sua cara... está entendendo até aqui?”-Verifiquei e Joe sinalizou que sim, com a cabeça. Continuei. “Então, o cara da mesa ao lado pede o frango. Você olha o frango no prato dele e parece delicioso, muito mais bonito que a carne. Só aí, você percebe que a carne no seu prato não é o que você quer. Você quer frango. O que você faz?”-Fiquei à espera da resposta, ansioso.
“Você não pode pedir frango também? Não pode comer os dois?”
Ri sem humor.
“Não, Joe, eu não conseguiria comer o frango e a carne ao mesmo tempo, eu não sou desse tipo, você sim é do tipo que conseguiria comer os dois. Além do que, só existe um frango, e já é do cara da mesa ao lado.”-Falei, me sentindo levemente derrotado.
“Meu irmão, vou ser sincero com você!”-Ele pôs a mão no meu ombro.“Esse seu restaurante é uma pobreza, vai no McDonalds, lá tem de tudo!”
Revirei os olhos. Não ia adiantar ter aquela conversa com Joe.
“Nick, já terminamos? Eu preciso devolver a fantasia de caçador na loja.”-Perguntou ele, olhando para o relógio.
“Tudo bem, cara, pode ir.”
Ver Joe levantar-se, me deu uma bizarra idéia.
“Espera, sei que parece, no mínimo, estranho, mas preciso muito ir nesse jantar da Miley, porém, não quero que ninguém saiba e também não quero ir sozinho.”-Passei as mãos pelos cabelos, buscando coragem para terminar meu pedido.“Nos arranja uns disfarces, algo que nos faça ficar irreconhecíveis. Você pode fazer isso por mim? Por favor?”-Sussurrei.
Joe me encarou confuso, mas assentiu.
“Tudo bem, Nick, eu vou arranjar algo legal. Confia em mim! Eu vou te ajudar!”-Ele sorriu e eu me perguntei se havia pedido aquilo para a pessoa certa.
Quase meia hora depois, Miley estava sentada, provando sapatos e sandálias. Cyrus usava uma saia de pregas cinza, um pouco acima dos joelhos e uma blusa baby look preta com o desenho de uma guitarra no peito. Foi difícil convencê-la a comprar aquela roupa, mas eu não podia deixar passar. Eu havia achado ideal para ela, ficou feminina, sem deixar de lado seu próprio estilo de roqueira.
A garota pareceu-me meio enrolada com uma das sandálias, haviam muitas tiras. Sorri, enquanto observava a pirralha quebrar a cabeça, tentando adivinhar como se calçava a estranha sandália. Por fim, decidi ajudá-la.
Ajoelhei-me diante dela, segurei seu pé esquerdo, aproximando-o do meu peito. Cyrus arregalou os olhos, embasbacada, mas não pronunciou uma só palavra. Com a outra mão, peguei a sandália, analisei-a por um segundo e joguei-a para longe. Era muito complicada, tiras demais. Peguei um sapato preto de salto agulha e coloquei delicadamente em seu pé. Ela ergueu uma sobrancelha, tive vontade de rir da cara dela, mas me contive, ela estava mesmo chocada com minha atitude.
Tentei manter meus olhos no sapato que Miley usava, mas era incrivelmente difícil. Não estava conseguindo parar de olhar para as pernas da garota, se alguém me falasse algumas semanas atrás que eu iria ficar quase babando pelas pernas da encapetada, eu teria rido até morrer.
Suspirei desconcertado e, em uma atitude impensada, passei a mão em sua perna, do tornozelo até a coxa. Miley levantou-se abruptamente.
“PERDEU A NOÇÃO DO PERIGO, JONAS IDIOTA?”-Berrou ela, irritada.
ALGUÉM ME EXPLICA PORQUE EU FIZ ISSO!
Quis chutar a mim mesmo. O que estava acontecendo comigo? Ok, pensa, rápido, pensa rápido! Me pus de pé.
“Sem escândalo, pirralha, eu só queria ver como ficou a depilação. Credo, eu não estava acariciando você!”-Sorri amarelo, eu tinha acariciado sim. O pior é que eu tinha gostado.
OK, AGORA EU ADMITO! PRECISO DE TERAPIA!
Ela sentou-se bufando e eu voltei a me ajoelhar. Peguei outro sapato e ela me lançou um olhar mortal.
“Se você inventar novamente de ver como ficou a depilação, vai ficar sem mão, eu juro!”-Miley parecia um gatinho raivoso.
Eu gargalhei, não sei se dela ou se de mim, que havia perdido a sanidade mental.
Peguei o pé dela e coloquei um sapato preto-e-branco, não havia ficado bom. Imediatamente, o tirei, sem deixar ela verificar. Acidentalmente, o meu polegar roçou na planta de seu pé e Miley riu.
Fitei-a curioso e a garota fingiu não ter sentido cócegas.
Eu sorri e ela já sabia o que eu ia fazer.
“Nem pense nisso, Nicholas!”-Disse carrancuda.
Foi inútil, eu comecei a fazer cócegas em seu pé e ela riu descontroladamente.
“AAAAAAHHHHHHH, PÁRAAAA!”-Pediu ela, contorcendo-se em meio a risadas. Não dei importância, continuei com as cócegas.
As gargalhadas da Cyrus eram tão altas que, mais uma vez, chamamos a atenção. Então, decidi parar antes que fôssemos expulsos da loja.
“Nickgayzinho, eu deveria chamar aquela velhinha para lhe dar outra surra!”-Esbravejou ela.
“Ah, não, por favor, aquela vozinha é sinistra!”-Respondi e nós rimos.
Já passavam da 19:30h. Eu andava pelo meu quarto, impaciente. Nem sinal do bisonho do Joe. Miley já havia ido ao encontro com Liam e eu não queria perder mais tempo.
“CHEGUEI, CHEGUEI, CHEGUEI!!!”-Berrou ele, adentrando o quarto, correndo.
“Porra, Joe, onde você estava?”-Disse-lhe chateado.
Ele pôs as mãos nos joelhos, arfando.
“Eu... me... distraí... com.. umas garotas!”
Esfreguei o rosto, tentando ficar calmo para não voar no pescoço dele.
“Joe, estamos atrasados. Não podemos perder mais um minuto. Cadê os disfarces?”
Ele ergueu a enorme sacola preta e jogou todo o seu conteúdo em cima da minha cama. Coloquei a mão no peito, temendo enfartar. Meus olhos não creram na visão à minha frente. Perucas,vestidos,sandálias plataforma,estojo de maquiagem... Encarei um Joe sorridente.Meu olho esquerdo tremeu em fúria. Eu ia explodir.
“CARALHOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!”-Gritei, pondo as mãos na cabeça.
“Calma, Nicholas, cuidado com o derrame do coração.”
Sentei-me, obrigando-me a contar de 1 até 10, ou estrangularia Joe, com um dos vestidos.
“Cara, você só pode fazer isso de propósito, só pode, ninguém pode ser tão burro!”-Murmurei para o teto.
“Ei, a culpa não é minha. Você falou que era para eu arrumar um disfarce que ninguém nos reconhecesse. Garanto que ninguém nunca vai imaginar que a loira e a morena somos nós.”-Disse ele, chacoalhando as perucas. “Além do mais, estava de promoção, metade do preço. Você acha que eu sou rico?”
Deitei-me na cama, eu estava esperando o início do meu AVC.
“Joe, acho que tinha algum feitiço naquela pena do Marius. Ele te transformou em uma bichona.”
“Eu sou muito macho, tá ligado?”-Respondeu chateado.
“E é por isso que você quer tanto vestir uma meia calça?”-Perguntei, jogando-a em direção ao irmão mais burro do mundo.
“Vamos ou não a esse restaurante? Eu estou com fome! Deixa de ser dramático, mano, leva na esportiva. É como quando nos fantasiamos na peça da escola.”
Bufei. Eu estava mesmo fodido. Puxei a peruca loira das mãos do animal e lhe ameacei.
“Se alguém souber que fizemos isso, juro que te capo, Joshep Jonas, JURO!”-Enfatizei a última palavra, para que ele percebesse o quão sério eu estava falando.
“Fica frio mano, agora toma seu sutiã com enchimento!”-Falou o retardado, jogando-me a peça na cara.
"Meia hora depois"
Senti que estava pagando todos os meus pecados, quando coloquei o pé na calçada do restaurante em que Miley encontraria Liam. Se alguém me matasse naquele momento, eu até agradeceria.
Eu podia ouvir as gargalhadas do futuro defunto ao meu lado. Eu sabia o porque Joe estava agindo daquela forma. Eu estava mesmo ridículo.
Usava uma peruca loira, que vinha até os ombros, vestido vermelho que, por sorte, cobria os braços e boa parte das pernas, agora cobertas por uma grossa meia calça preta. Jóias, muita maquiagem para evitar que alguém me reconhecesse e uma sandália de salto plataforma que deve ter pertencido a alguém que adorava música disco! Eu mal conseguia me equilibrar em cima daquilo.
“Nick, desculpa dizer, mas se você fosse uma mulher, seria uma baranga!”-Zombou Joe, risonho.
“Oh, não me diga, Joe, você também não está nenhuma miss universo.”-Ironizei.
Meu irmão até parecia uma ofensa aos travestis, de tão feio que estava.
Sua cabeça vazia estava coberta com uma peruca preta cheia de cachos, fortemente maquiado, todo enfeitado com jóias espalhafatosas, que pareciam ter saído dos anos 80, meia calça, vestido azul bem parecido com o meu, e, como se já não fosse o suficiente, ainda tinha uma bolsa rosa.
 Capítulo 5: Meu Frango
Nicholas Narrando
O lugar estava cheio, fiquei extremamente nervoso, não querendo chamar nenhuma atenção.
“PUTA MERDA!”-Xingou Joe ao meu lado, quando o salto de sua sandália entortou, quase o fazendo cair.
Todos no restaurante pararam para nos olhar, horrorizados. Juro que um dos garçons até derrubou um prato, provavelmente, chocado com nossa aparência. Definitivamente, não dava para passar despercebidos, não só porque éramos uma loira e uma morena de quase 2 metros de altura, mas, também, porque os trajes que o bisonhento do meu irmão escolheu eram extravagantes por si só.
Baixei a cabeça e, rapidamente, fui para a mesa mais escondida em um canto do restaurante, pouco movimentado. Joe me seguiu, rindo da cara dos clientes embasbacados.
Assim que nos sentamos, colocamos cardápios à frente de nossos rostos, tentado evitar, a todo custo, sermos reconhecidos. Ainda escondendo a maior parte do meu rosto, dei uma espiada no restaurante à procura de Liam e Miley. Não demorou para eu avistar a pirralha, distraída com um copo de água à sua frente, sozinha em uma mesa.
Será que Liam vai dar outro bolo nela?
Me perguntei, analisando a expressão melancólica da garota.
“Os senhores...”-O garçom magrelo de olhos incrivelmente grandes nos fitou, confuso.“Quero dizer... senhoritas já fizeram seus pedidos?”
“Vê se dessa vez pede logo a droga do seu frango!”-Esbravejou Joe, com sua típica voz grossa. O magrelo arregalou os olhos, deixando-os ainda mais assustadores. O bisonhento sorriu, amarelo, quase estragando nossos disfarces.”É, que ela adora frango.”-Falou ele, com uma voz fina e afeminada.
“Traz frango mesmo e uma cerveja.”-Pedi, também com voz igualmente fina, tentando sair logo daquela situação.
O garçom olhou para Joe esperando que ele fizesse seu pedido. Para o meu ódio, ele ficou lendo todas as opções do cardápio lentamente. Fala sério, ele estava querendo que eu o fizesse engolir aquele menu?
“É para hoje, sua idiota.”-Resmunguei.
“Tudo bem, eu vou querer duas porções de batata frita, dois hambúrgueres com bastante cebola, sem picles e aquelas maionesesinhas de sachê extra. Eu adoro levar algumas pra casa.”
“Desculpe, senhorita, não servimos esse tipo de comida aqui.”-Respondeu o magrelo, com nariz empinado.
Joe inclinou-se para mim e murmurou.
“Eu falei que esses restaurantes são uma pobreza.”
Minha paciência já estava quase se esgotando. Com meu cardápio, bati com força na cabeça do animal.
“Ele... desculpe... ela, vai querer frango também.”-Respondi.
Mal o garçom me ouviu, já saiu sussurrando alguma coisa que, com certeza, não eram elogios à nossa pessoa. Só consegui entender duas palavras: “bichas pobres!...”
Olhei mais uma vez para Miley e ela continuava lá, imóvel, com seu belo vestido preto, maquiada, elegante, enfim, absolutamente linda. Me perguntei o que estava se passando na cabeça dela e por qual motivo Liam se daria o trabalho de convidá-la para sair, se não pretendia aparecer. Foi aí que Joe pigarreou e já lhe encarei mal humorado.
“O que foi agora?”-Perguntei.
“Estamos sendo fortemente paquerados, loira furacão.”
Olhei para o lado e avistei dois adolescentes orientais, bem o tipo CDF, óculos de grau, aparelho dental, roupas sociais, cabelos lambidos e muitas espinhas.
Era só o que me faltava, ser paquerado pelos dois garotos mais feiosos do mundo. Eles sorriam para nós e um deles até acenou. Credo!
“Eles devem pensar que somos mulheres de verdade.”-Joe tirou uma mecha de cachos do rosto.
“É lógico que pensam, olha pra eles. A última vez que tocaram uma mulher foi quanto abraçaram a própria mãe. Ignore-os.”
Tentei novamente me concentrar na Cyrus. Ela parecia alheia a tudo à sua volta, acho que nem se gritássemos o nome dela, ela nos notaria ali. Tive vontade de ir até lá, mas eu estava vestido de mulher. Caramba! No mínimo Miley iria me zoar até o final dos tempos, não me deixando jamais esquecer aquele triste e humilhante episódio, e eu realmente queria esquecer.
“A Miley levou um tremendo fora.”-Afirmou meu irmão, notando o que estava se passando.
“Eu não entendo qual é a dela. Porque ela ainda gosta do Liam se ele faz esse tipo de coisa? As mulheres gostam mesmo de sofrer.”
“As paixões cegam. O verdadeiro amor é que nos torna lúcidos."-Suspirou Joe.
“Cara, isso foi profundo!”-Disse-lhe, extremamente surpreso. Desde quando o meu irmão recita versos?
“Está pensando o que? Joe também é cultura. É que quando a embalagem é bonita, ninguém presta atenção no conteúdo.”-Todo vaidoso, sorriu.
Não deu para deixar de gargalhar. Ficamos alguns segundos em silêncio, apenas observando a pirralha.
“Estão tão solitárias.”
Sobressaltamos, assustados, ao perceber que os CDF’s já estavam sentados à nossa mesa.
NOSSA, COMO ELES FIZERAM ISSO?
“O que estão fazendo aqui?”-Perguntei com a voz fina, em um sorriso falso.
“Já que vocês estão sozinhas, e nós também, decidimos vir aqui nos apresentar.”
“É verdade, afinal, não conseguimos tirar os olhos de vocês, já que são tão lindas.”-Disse o outro espinhento, com o nariz escorrendo e olhos fixados em Joe, que estava totalmente sem ação.
“Qual seu nome?”-Perguntou o oriental mais atirado.
Mil nomes femininos passaram na minha mente. Por fim, acabei escolhendo o mais improvável.
“Taylor.”-Minha voz saiu trêmula e aviadada.
Joe quase explodiu em riso, mas conteve-se, graças a Deus.
“E o seu, morena tentação?”-Perguntou o moleque, ainda com o nariz escorrendo e alisando o braço musculoso do meu irmão.
“Err...”-No início, ele ia falar grosso, mas lembrou-se de nosso bizarro disfarce. “Se ela é a Taylor, eu sou Emily.”
Pus a mão na boca pra não rir.
“Que nomes lindos, mas não tão belos quanto vocês, eu garanto.”
QUE TIPO DE MANÉ CONSEGUIA NOS ACHAR LINDAS? ÉRAMOS UNS CANHÕES!
“Loirinha, você pode me chamar de Dr.Love.”-O espinhento alisou a minha mão. Ergui uma sobrancelha. Esse cara está querendo morrer?
“Vocês não podem nos deixar a sós? Sou tímida.”-Pedi, com um risinho bem fresco, na tentativa de realmente parecer tímida.
“Não ouviu, idiota? Ela quer ficar a sós comigo.”-Falou Dr.Love para o amigo. Quase tive o tal derrame do coração.
“NÃO. NÃO, NÃO!”-Interferi aflito.”-Eu estou me referindo a mim e à minha irmã, peço que nos deixe sozinhas.”-Eu já não estava suportando aquela situação, mas precisava manter os disfarces, não desejava chamar ainda mais a atenção.
De relance, vi Joe puxar uma das canetas de dentro do bolso do melequento e começar a rabiscar um guardanapo.
“Você é tão fortinha, morena tentação, eu nunca conheci uma mulher assim.”-O adolescente nojento falou, limpando o nariz na manga da camisa.
“É que eu malho muito.”-Joe sorriu, novamente emboiolando, ao me passar o guardanapo.
Tentei ler, esquivando-me do Dr.Love.
[Eu vou descer o cacete, Nicholas, vou descer o cacete se esse trambolho alisar meu braço com aquela mão cheia de catarro mais uma vez.]
Tomei a caneta e logo tratei de responder o bilhete.
[Fica frio, não vai demorar, logo vamos embora. Não quero escândalo, já passamos por situações constrangedoras demais por um dia.]
Meu mano leu o bilhete e bufou.
O garçom finalmente trouxe nossos pedidos.
“Ah, vejo que agora estão acompanhadas.”-Disse ele, visivelmente zombando da nossa cara, ao colocar os pratos na mesa. Os retardados orientais riram satisfeitos.
O garçom finalmente trouxe nossos pedidos.
“Ah, vejo que agora estão acompanhadas.”-Disse ele, visivelmente zombando da nossa cara, ao colocar os pratos na mesa. Os retardados orientais riram satisfeitos.
“Vou pedi-la em namoro, acho que estou apaixonado.”-Dr.Love sorriu, sacana.
Arregalei os olhos, perturbado.
“É, Taylor, namore o rapaz, não fira os sentimentos dele.”-O bisonhento incentivou, rindo.
“Sendo assim, posso fazer o mesmo pedido para você, Emily?”-O catarrento acariciou o rosto do meu irmão e eu vi os olhos dele queimarem em ódio. O chutei por debaixo da mesa e lhe lancei um olhar do tipo “sem escândalo”.
“Já que vamos namorar, podemos dividir tudo, come o frango, querido.”-Peguei o frango com a mão e esfreguei na cara do espinhento.
“Como você é violenta, loirinha, eu gosto disso.”-Dr.Love apertou minha coxa e foi a gota d´água.
Levantei, bruscamente, erguendo o espinhento pelo colarinho. Ele era tão baixinho, que seus pés ficaram chacoalhando no ar.
“ESTÁ QUERENDO APANHAR, IDIOTA?”-Esbravejei com minha voz rouca e masculina. O garoto arregalou os olhos, assustado.
Joe pigarreou.
“Taylor, querida, não assuste as pessoas.”
Só aí, eu percebi que todo o restaurante nos fitava,em uma mistura de incredulidade e confusão. Uma senhora da mesa ao lado com cara de granfina, pôs a mão no peito, chocada.
Fiquei extremamente constrangido. Lentamente, coloquei Dr.Love no chão e sorri sem graça, retomando meu disfarce.
“É que ele é tão atrevidinho...”-Nunca falei em um tom tão afeminado. “Estamos assustando as pessoas, amor.”-Abracei Dr.Love tão forte, que ele gemeu de dor.
“Nicholas, a Miley!”-Disse Joe, me chamando a atenção. Ela saía apressada do restaurante. Não me parecia nada bem. O que havia acontecido? O que eu perdi?
Larguei Dr.Love e tentei segui-la. Infelizmente, tropecei no maldito salto plataforma e caí desastrosamente em cima do garçom magricela. A bandeja que ele segurava voou para cima da senhora granfina, lhe enchendo de uma estranha sopa verde. No mesmo instante, ela começou a berrar, enojada. À essa altura, eu já não conseguia mais ver Miley.
“É a nossa deixa, Joe! Vamos dar no pé.”-Levantei-me do chão o mais rápido que pude.
“Hu, sopa de ervilha!”-Disse o animal, passando o dedo no rosto da granfina e colocando-o na boca. “Está no ponto, madame.”-Ela o observava, paralisada.
O puxei pelo vestido azul em direção à porta.
“EI, A CONTA!”-Gritou o garçom.
Virei-me, encarei o Dr.Love, que estava com a maior cara de paspalho e lhe disse com minha voz normal, já não me importando com o disfarce:
“Paga a conta, namorado!”
O moleque começou a chorar. Joe gargalhou e corremos para fora do restaurante.
Liam Narrando
Mais uma vez, tentava telefonar para Miley, mas ela não atendia. Me perguntei se ela estaria furiosa comigo. Até eu estava furioso comigo mesmo. Bufei, largando-me no sofá do apartamento de Susan. Ela me trancou e fugiu com um falso choro. Aquela mulher não é do tipo que chora, eu bem sei. Terminar com Susan foi fácil, bem mais fácil do que eu imaginei, infelizmente, ela não aceitou bem o término do relacionamento. É extremamente possessiva, apesar de não demonstrar nenhum sentimento profundo por mim.
Eu estava impaciente, parecia que Susan  não ia chegar nunca com o bendito chaveiro. Queria poder explicar para Miley o que tinha acontecido comigo, antes que ela pensasse que eu tinha lhe dado outro bolo. Era estranho como, no início, cheguei a cogitar a sanidade mental da garota, mas, quando ela ficou horas esperando por mim no hotel, eu, simplesmente, percebi que ela era diferente. Miley realmente se importava comigo.
Eu sempre fui solitário. Meu amigo mais chegado era Nick. Somente ele me entendia, mas depois que saí pelo mundo com uma mochila nas costas, nos distanciamos. Família é uma palavra incompreensível para mim, meu único parente é Lucas, nem sei se o posso chamar de pai. Ele é um homem rude, que só pensa em dinheiro. Insiste em tentar me colocar rédeas, quer me fazer ficar em sua empresa e liderá-la depois que ele não puder mais. Nunca foi o que eu quis para mim, meu espírito nômade não permite. Meu mundo se resume a rachas perigosos, dinheiro ilegal, mulheres fúteis e noites vazias.
A atrapalhada Miley me lembrou como é ser descontraído, agir por impulso, falar bobagem, rir. Ela realmente mexeu com o garoto Hemsworth dentro de mim e nem se quer, sabia disso.
Miley Narrando
Dei várias voltas pela cidade, tentando esquecer minha desastrosa noite. Infelizmente, quanto mais tempo eu ficava sozinha, mais lembrava-me que havia sido novamente rejeitada. Subi as escadas da minha casa, desolada. A dor da decepção queimava em minhas entranhas. Para quem não sabe, angústia é mais que um sentimento, é uma tormenta constante. Ela dilacera a alma de quem a carrega consigo.
Vaguei pelo corredor vazio até chegar à porta do meu quarto. Eu não queria ficar sozinha ali, não queria mergulhar na depressão que me rodeava como um leão prestes a me devorar.
Fechei os olhos, lembrando-me de horas atrás, quando delirava em uma tola felicidade, dos momentos que passei rindo sozinha, fazendo planos ou, simplesmente, suspirando por achar que finalmente eu era “alguém” aos olhos de Liam Hemsworth. Me senti extremamente ridícula por gastar tanto tempo em aulas absurdas com o Jonas, para conquistar um homem que, constantemente, me pisava. Senti uma forte pontada no peito, e todo o meu corpo enrijeceu,em resposta. Era como se eu fosse cair em prantos, mas não haviam lágrimas, não havia nada, além de um sutil soluço. Talvez se eu conseguisse chorar, colocar minha dor para fora, me sentiria melhor, aliviaria parte do peso que carrego. Infelizmente, as lágrimas se recusavam a jorrar.
Após um longo suspiro, girei a maçaneta da porta e adentrei o quarto escuro. Sobressaltei ao me deparar com Nicholas, sentado em minha cama.
“Você estava demorando, então...”
Eu não esperei ele terminar de falar, corri para a cama e me joguei em seus braços. Naquele momento, pouco me importava estar abraçando o NICKZINHO, não fazia diferença se eu o odiava, eu só queria ser confortada, só queria um abraço. Ele me pareceu estupefato. Então, após alguns segundos, finalmente me envolveu em seus braços firmes e quentes. Nicholas afagou meus cabelos e foi como se a angústia lentamente me abandonasse. Ficamos por alguns minutos abraçados, nenhum de nós ousou falar, e eu tentei me agarrar com todas as forças àquela estranha paz.
O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO, MILEY?
Perguntei para mim mesma, confusa. Aos poucos fui recuperando o controle e afastei-me dele. Só aí, percebi um pouco de batom em seus lábios.
“Você está usando batom?”
“Não!”-Respondeu, esfregando rapidamente a manga da camisa na boca. Cara, ele ruborizou!-“Eu tentei te ligar para saber como estava sendo seu encontro, mas você esqueceu o celular aqui.”-Desconversou, apontando para meu telefone em cima do criado mudo.

Eu nem tinha me dado conta que estava sem celular até aquele momento. Rapidamente, o peguei e vi que tinham 7 chamadas não atendidas de Liam. Meu coração palpitou, mas me contive, sentando-me ao lado de Nicholas.
“É, parece que eu estava mesmo distraída. Eu deveria era ter esquecido a mim mesma em casa.”-Murmurei.
“Vai me contar o que aconteceu?”
“Ainda preciso? Eu estou saltitando de felicidade?”-Bufei, resolvendo desabafar. Eu precisava.“Liam me deu outro fora. Outra vez banquei a idiota e não teve vestido bonito ou cabelo arrumado que desse um jeito nisso.”-Encarei NICKZINHO, à espera de que ele me falasse que a culpa era minha, por ter sido fácil demais, porém, ele permaneceu calado. Então, explodi. “Não precisa dizer que eu sou uma idiota, porque eu sei que sou uma idiota. Olha só para mim.”-Levantei-me. “Toda essa superprodução para nada, me depilei, fiz as unhas, a droga do meu cabelo está escovado, e para quê? Nada! Antes eu estivesse com minhas próprias roupas, assim eu poderia ir até Liam e quebrar a cara dele, ser eu mesma, xingar, chutar, fazer todas as coisas que eu sempre fiz na minha vida e... e...”
“Calma!”-Interrompeu Nicholas, colocando as mãos nos meus ombros. “Parte disso é culpa minha. Incentivei, fiz parecer fácil conquistar Liam, me desculpe.”
Dei de ombros e me joguei na cama. Outra vez, ficamos em silêncio, talvez não houvessem palavras para serem trocadas.
“Espera! Você tem toda razão, pirralha. Se arrumou toda, está linda!
“Estou?”-Perguntei erguendo uma sobrancelha.
“Não pode desperdiçar todo o trabalho que tivemos, eu até apanhei de uma velhinha para que você estivesse usando esse vestido. Nós vamos sair e você vai se divertir muito, eu prometo!”-Nicholas pareceu empolgado.
“Eu não sei... não estou a fim de sair, prefiro ficar em casa, afundar o rosto no travesseiro e tentar esquecer minha humilhação.”-Eu estava mesmo à beira da depressão.
“Não sai daqui, eu volto em 10 minutos.”
Ainda abri a boca para falar, mas era tarde, o idiota já havia saído.
Exatamente 10 minutos depois, Nicholas adentrou meu quarto sorrindo. Pisquei os olhos algumas vezes, só para ter certeza de que era ele mesmo. O Jonas usava calça preta, camisa de colarinho preta e uma jaqueta de couro marrom. NOSSA! De onde ele saiu? De um desfile Giorgio Armani?
Tentei não parecer embasbacada, mas estava, e muito.
“Como estou?”-Perguntou prepotente.
Engoli seco. Oh, Deus, o que eu respondo?
“Err... ah... hum... horroroso?”-Gaguejei um pouco, ao mentir na cara dura. Dizer que ele estava lindo não fazia jus a imagem à minha frente e nem eu seria capaz de dar o braço a torcer.
O imbecil gargalhou. Provavelmente, percebendo meu dilema interior.
“Vamos!”-Disse, puxando-me pela mão, sem me deixar escolha.
Nicholas insistiu para que fôssemos de táxi, alegando que encheríamos a cara para afogar as mágoas, e meia hora depois, o carro estacionou em frente a um clube. 
Fui a primeira a sair do táxi e, logo li a placa com letras em néon,“CLUBE DE SALSA LA LUNA”.Tive vontade de voltar para o carro imediatamente, mas o babaca do NICKZINHO me arrastou para dentro do clube, que estava lotado.
Confesso que o lugar era aconchegante, meia luz, música animada, bem decorado com bandeiras cubanas, pessoas simpáticas e muitos casais dançando salsa na pista de dança.
“Vamos dançar?”-Perguntou ele, ao pé do meu ouvindo.
“Está louco? Eu não sei dançar isso, eu não vou de jeito algum, esqueça!”-Respondi alto o suficiente para que ele ouvisse.
Ele bufou contrariado e nos direcionamos até uma pequena mesa. Uma garçonete nos atendeu e trouxe-nos dois cuba-libres.
Outra música começou a tocar, Nicholas parecia mesmo a fim de dançar aquilo, mexia-se de um lado para o outro, curtindo o ritmo.
“Onde aprendeu a dançar?”-Perguntei curiosa.
“Denise, ela adora dançar todo os tipos de música, você não a conhece bem. Minha mãe praticamente obrigava a mim e meus irmãos a dançar com ela desde que éramos pirralhos. Acabei por gostar, é relaxante e divertido. Você não sabe o que está perdendo.”
Fingi indiferença e, em um gole grande, bebi a maior parte do drink.
“Já que você não quer se divertir, eu vou convidar outra garota. Fica aqui.”-Nicholas levantou-se e foi para a pista de dança, onde chamou uma morena muito bonita para dançar.
Arregalei os olhos, quando o casalzinho começou a se exibir no salão. Ela usava uma saia azul tão curta que, quando girava pela pista, dava até para ver sua calcinha preta. Tudo bem que a maioria dos casais se envolviam na salsa, exalando sensualidade e swing, mas Nicholas e a morena parecia que iam fazer sexo ali mesmo! Fala sério! Ela precisava mesmo passar a perna em volta do quadril dele? E ainda por cima, o idiota pareceu gostar. Quanta babaquice. Desviei o olhar, fingindo nem ver os dois quase se comendo. Infelizmente, não consegui manter meus olhos em outra direção por muito tempo. Disfarçadamente, voltei a observar e meu queixo caiu, quando vi o retardado do Jonas erguendo a garota no ar. Isso fez a saia dela levantar totalmente.
QUE VADIA!
Tudo bem, fica na sua, Miley. Ele pode fazer o que quiser, aliás, pode até jogá-la para o alto, fazendo-a bater a cabeça no teto até que tenha um traumatismo craniano.
Eles faziam movimentos tão incríveis que nem acreditei. Qual é? Ninguém dança assim na vida real, só em filmes!
Bufei.
QUE EXIBIDOS!
Fiz sinal para a garçonete e ela me trouxe outro cuba-libre. O Meu copo devia estar furado, a bebida sumia muito rápido.
Fitei novamente os reis da dança promíscua e, agora, a morena passava as mãos pelo peito de Nicholas. Revirei os olhos, bem típico dele bancar o mulherengo.
Não estou nem aí, não estou nem prestando atenção! Coloquei para dentro quase todo o drink e engasguei, quando Nicholas passou as mãos na garota, das coxas até os cabelos.
OK, JÁ CHEGA! AS PESSOAS NÃO PRECISAVAM VER ISSO, PRINCIPALMENTE EU!
Por impulso, marchei até a pista de dança e, sem pensar, puxei a saia azul da vadia, rasgando-a. Ela gritou só de calcinha, tentando cobrir-se.
“O que foi? Só estou te ajudando, assim você não precisará rodar para mostrar a calcinha.”-Ironizei, exibindo a saia em minhas mãos.
Todos pararam para nos observar. Nicholas ficou atônito, imóvel.
“Que foi, gente? Ela queria mesmo mostra-se, eu só colaborei.”-Resmunguei em voz alta.
“É ISSO AÍ, GAROTA!”-Gritou um loira do outro lado do clube. Eu ri e Nicholas também.
A vadia saiu correndo só de calcinha, despertando várias gargalhadas pelo clube. Não demorou para que as pessoas voltassem a dançar e o acontecimento nem tivesse mais importância.
“Beleza, Miley, agora fiquei sem parceira.”-Nicholas reclamou.
“Fatalidades da vida, meu caro.”-Respondi sorrindo.
Ele puxou-me com violência para junto de si. Nossos corpos ficaram muito colados, ambos ofegamos.
“Preciso de uma parceira, e, dessa vez, você não vai fugir, pirralha.”-Disse o Jonas, encaixando sua perna entre as minhas. O movimento que ele fez a seguir, foi tão sensual que corei terrivelmente.
“Eu não vou dançar como aquela lá!”-Adverti ranzinza, até porque eu não sabia.
Por alguma razão, o imbecil gargalhou alto.
“Apenas dance, Miley, apenas dance.”-Ordenou, pegando minhas mãos e as movimentando no ritmo da música. Tentei acompanhar, mexendo-me como ele, de um lado para outro, com swing.
“O que eu faço?”-Perguntei constrangida.
“Divirta-se.”
Nicholas começou a me girar sem parar pela pista. Não fiquei enjoada, muito pelo contrário, gargalhava descontroladamente, estava sendo incrivelmente divertido. Então, me soltei, deixando o ritmo contagiante me conduzir.
Não éramos mais Nicholas e Miley, éramos apenas duas pessoas dançando animadamente, salsa. Cada passo, cada movimento era descontraído, não parávamos de rir um do outro. Me sentia leve, relaxada, como se não houvessem problemas, como se a música fizesse tudo sumir. Hora eu pulava, hora rebolava, algumas vezes batia palmas. Não importava se eu dançava bem ou mal, tudo que importava era a diversão. 
Paramos de dançar, nos encarando suados e arfando, mas o sorriso ainda estava estampado em nossos rostos.
Então, um música um pouco mais lenta começou a tocar, os casais já dançavam agarradinhos.
Eu não sabia o que fazer, deveríamos voltar para a mesa?
Nicholas aproximou-se lentamente de mim, pôs as duas mãos em minha cintura. Notei que ele engoliu seco. Outra vez, encaixou a perna entre as minhas e, como da primeira vez, corei absurdamente. Ele nos fez descer até embaixo, em um rebolado quase obsceno. O estranho é que não me importei, era só uma dança. Ficamos por alguns minutos, apenas nos movendo lentamente ao som da música. Relaxei totalmente, deixando-me ser guiada pelo Jonas em todos os sentidos. Eu não sei o que havia naquela canção, mas sentia-me embriagada, fora de mim e, com certeza, a culpa não era do cuba-libre.
Miley...”-Sussurrou Nicholas ao meu ouvido.
“Sim?”-Perguntei em um fio de voz, tentando manter meus olhos abertos.
“O beijo no baile à fantasia foi tão bom assim?”
“Foi.”
“Quer repetir a dose?”
A surpresa me atingiu como um raio, encarei atônita o Jonas.
“O QUE? FOI VOC...”

Ele não me deixou terminar a frase, tapou-me a boca com um beijo avassalador. Tentei reagir, tentei afastar-me, mas seus braços me aprisionaram. Eu estava indefesa contra aqueles lábios ferozes e língua sedenta. Meu coração reagiu do mesmo modo que no baile, pulsando fortemente, me lembrando de o quanto estava viva. Nicholas havia me falado para me divertir, e se ele considerava aquilo parte da diversão, eu não fugiria, eu simplesmente aproveitaria aquele beijo que, no final das contas, era mesmo um beijo espetacular. Então, Nicholas desistiu do beijo, justamente no momento que eu iria ceder.
“Me... desculpe... eu... agi por impulso, eu só queria... é... lhe divertir... acho...”-Coçou a nuca, muito confuso.
“Que se dane, Nicholas, depois nós enchemos a cara e nem vamos lembrar.”
Me joguei nos braços dele, beijando-o com a mesma intensidade que ele, segundos atrás.
Para minha felicidade, Nicholas correspondeu o beijo com entusiasmo. Meu corpo sentiu-se em glória. Era simplesmente delicioso sentir os lábios quentes, a língua macia, o hálito de menta, as mãos acariciando minha nuca, seus dentes mordiscando-me. Eu não conseguia entender como ele conseguia ser selvagem e ao mesmo tempo, doce. Agarrei seus cabelos com força, eu não queria que ele escapasse. Para falar a verdade, eu o mataria se ele parasse novamente. A essa altura, eu já nem lembrava o que era respirar. Jonas abraçava-me com tanta força, vontade, possessão. A cada segundo, o beijo se tornava mais inflamado, já beirávamos o desespero, a loucura. Senti o desejo explodir dentro de mim, como nunca acontecera antes e, inesperadamente, gemi. Em resposta, Nicholas gemeu também. Nesse momento, senti algo pulsar contra mim e eu bem sabia o que era. Dei um passo para trás, me desvencilhando daquele beijo desesperado.
Ambos arfávamos violentamente, a boca do Jonas estava avermelhada e, provavelmente, a minha também. Não consegui encará-lo, era estranho demais, não só havíamos nos beijado no meio da pista de dança, como, também, ficamos excitados. Coloquei a mão na testa, me perguntando onde estava o meu juízo.
“É uma boa hora para enchermos a cara.”-A voz dele saiu trêmula. 
“Concordo!”-Respondi.
Saímos da pista de dança direto para o bar, eu estava disposta a beber tudo que visse à minha frente.
Emily Narrando
Já passavam das 04:00h da manhã e eu caminhava de um lado para o outro no jardim, escondida de todos. Esperava ansiosa por Miley. Se ela não aparecesse até a hora do Billy acordar, nós duas estaríamos fritas, pois tive que mentir para ele, alegando que sua filha havia ido para a cama cedo. Onde Miley poderia estar metida? Será que ela estaria no hotel com Liam? E, em nome de Deus, por que ela não estava com o celular?
Um táxi estacionou em frente na casa. Meu coração quase parou em expectativa. Tinha que ser minha prima.
Ao longe, avistei Miley saindo do carro. Suspirei aliviada.
OBRIGADA, DEUS!
Quando Nicholas saiu do táxi também, mergulhei em confusão. O que eles estavam fazendo juntos? Bem, a pergunta que eu deveria fazer na verdade, nem era essa, e sim, por que os dois estavam agarrados cambaleando de tão bêbados? O que tinha acontecido?
Corri ao encontro deles.
“O que houve? Estão bêbados?”-Perguntei aflita, vendo Miley tropeçar e levar Nicholas para o chão consigo. Eles não pareciam se importar, pois gargalhavam descontroladamente.
“Está tudo bem, Emily.”-Respondeu Nicholas, com uma voz estranha.
“EMILY! CARA!”-Berrou minha prima, tentando levantar-se, sem sucesso. “Mulher, fomos a um clube incríveeeeel. Você precisa conhecer,tem muita... muita...”-Ela piscou os olhos, se esforçando para lembrar de algo. “Tem muita o que, NICKZINHO?”
“Muita salsa e cuba-libre.”-Completou ele, rindo.
“ISSO! foi tão divertido... eu dancei pra caramba. Cara, eu dancei melhor que todoooooooo mundo!”-A voz dela estava tão engraçada, mas ainda assim, só conseguia observar, embasbacada.
Os ajudei a levantar, foi quase um milagre eles conseguirem ficar de pé.
“Vocês ficaram a noite inteira em um clube? E Liam?”-Perguntei, encarando Miley.
“LIAM QUE SE FODA!”-Esbravejou o Jonas, chacoalhando as mãos.
“YEAH! LIAM QUE SE FODA!”-Miley repetiu, imitando até os movimentos com as mãos.
“Como é? E o encontro? Parem o mundo,eu quero descer!”
Os dois riram da minha cara, apontando-me.
“QUE ENCONTRO? FOI EU QUE FIQUEI COM O FRANGO. É MEU FRANGO!”-Nicholas berrou, batendo no peito.
“NÃO ESTÁ VENDO? O FRANGO É DELE, ELE É O CARA!”-A louca disse, mesmo sem ter a menor noção do que ele estava falando. Nem eu, que estava sóbria, entendi, que dirá ela!
“Ele é o cara? Vocês não se odeiam?”-Questionei, já quase ficando embriagada com o bafo deles.
“AHAHAHAHAH... Agente é amigo agora, muito amigo!”
Só Miley estando muito bêbada mesmo para falar aquilo.
“Amiguinho, é?”-Zombei sorrindo.
“SIM, NÃO VAMOS MAIS BRIGAR, ESTAMOS MUITO PRÓXIMOS, BEM CHEGADINHOS, COLADOS, EU DIRIA...”-O bebarrão soluçou. “PARA PROVAR NOSSA AMIZADE, OLHA SÓ O QUE EU FIZ.”
Nicholas virou-se me mostrando sua nuca.
“SANTO DEUS DO CÉU!”-Gritei, totalmente estupefata.
Na nunca do Jonas, havia o nome “MILEY”, tatuado em letras grandes.
“OLHA A MINHA, OLHA A MINHA!”-Pediu minha prima, aos pulos.
Ela levantou o cabelo e, em sua nunca, havia o nome “NICKZINHO”.
Coloquei as duas mãos na boca, totalmente chocada, enquanto eles gargalhavam quase indo ao chão novamente.
“A idéia das tatuagens foi minha.”-Miley mostrou-se orgulhosa.
“Espera aí, não foi sua, foi minha!”-Interferiu Nicholas chateado.
“Lógico que foi, nem vem, NICKZINHO! Eu quem disse, vamos fazer tatuagem.”
“Mas fui eu que sugeri os nomes, então a idéia foi minha.”
“Uma ova! Você é muito burro para ter um idéia assim! Se manca, cara!”
“Você é uma pirralha muito idiota, não aceita a verdade, e, adivinha, a idéia foi minha, minha, minha, minha mil vez.”
Miley o encarou, tremendo em raiva. E agora? Eu deixo eles se matarem?
“Nickgayzinho, vai à merda!”
“Vai você, banana louca!”
“EU TE ODEIO, SEU JONAS IMBECIL!”
“NÃO, EU É QUE TE ODEIO!”
Ambos bufaram e cada um saiu cambaleando para um lado.
Fiquei encolhidinha, assustada. Que cena bizarra!
Pelo visto, a peculiar amizade deles, durou apenas algumas horas.
E agora, meu Pai do Céu? Conto para eles a loucura que fizeram ou guardo segredo, esperando que um dia eles descubram as tais tatuagens sozinhos?
Nicholas Narrando
Saí do quarto querendo morrer, a minha cabeça doía demais, eu mal conseguia manter os olhos abertos. Queria voltar para a cama e dormir até o final do século. Infelizmente, Billy queria comunicar algo à toda a família. Eu não sabia ao certo o que tinha acontecido na noite passada, eu só tinha certeza de uma coisa, tinha muita bebida.
Desci as escadas, zonzo. Vi muitos arranjos de flores e balões por toda a sala, pisquei os olhos, averiguando se estava dormindo. Taylor estava sentada, emburrada. Então, decidi perguntar a ela o que estava havendo.
“De onde saíram todas essas flores?”
Ela já ia abrir a boca para me responder, quando vi Miley descer as escadas correndo, só de pijama. Emily estava em seu encalço.
“É PARA MIM! É PARA MIM!”-Pulou a pirralha feliz, pegando um dos cartões.
Haviam cartões por toda a parte. Peguei um que estava próximo a mim.
"Eu posso explicar o motivo da minha falta, espero que possa me perdoar. Liga para mim. Com amor para a garota que me faz sorrir.. .Liam."
Revirei os olhos e joguei o cartão longe.
“Meu Deus, quanta honra, estava com saudades de vocês. Teletubbie, Enfermeira Safada, Coelhinha da Playboy, Power Ranger, Pinóquio, Chapeuzinho Vermelho Masoquista, hum... Caçador.” -Não é que a bichona piscou para mim, sorridente?“Mas, de quem tive mais saudades foi de você, Bonequinho.”-Ele completou a lista, tentando alisar Joe, que se esquivou, enojado.
“Marius, viemos assim que me informou da sua trágica perda. Estamos aqui para ajudar no que puder.”-Falou Billy.
“Ah, sim, minha perda!...AAAAAAAAAAAHHHHHHHHH, MEU DEUS, BILLY, COMO EU SOFRO!!”-Marius jogou-se nos braços do meu futuro padrasto, novamente choramingando. “ME ABRACE, ME ABRACE COM FORÇA!”
Olhei para o meu lado, à procura de Joe, e não o encontrei.
“O QUE? EU NÃO ACREDITO! MORREU!”-Meu queixo caiu ao ver Joe pular, entusiasmado, em volta do caixão. MORREU! UH-HUUUUU! MORREUUUUUU!!! É ISSO AÍ! É ISSO AÍ! BATEU AS BOTAS!”-Meu Deus, agora ele estava até fazendo a nossa dancinha da vitória!!
A sala inteira estava chocada.
Corri para junto do meu irmão, na tentativa de impedir aquela insanidade, antes que fôssemos linchados.
“PÁRA COM ISSO, JOE, FICOU LOUCO?”-Gritei, lhe dando um tapa, na tentativa de fazê-lo voltar a si. 
“OLHA, NICHOLAS, OLHA QUEM MORREU.”-Apontou para o caixão.
E eu olhei.
“PUTA MERDA!”-Xinguei em voz alta.
MEU DEUS, ERA A VELHINHA SINISTRA QUE NOS ESPANCOU COM A BOLSA VERDE!
“Espera, vocês conheciam minha vozinha?”-Perguntou Marius, confuso.
Engoli seco, fitando-o com os olhos extremamente arregalados.
“Como ela morreu?”-Perguntou Miley, pasma.
“Enfartou horas depois de ter sido atacada por dois tarados em uma loja. Coitadinha da minha vozinha.”
Joe e eu nos encaramos atordoados.
Capítulo 6: O Velório
Nicholas Narrando
“Vocês não me responderam. Conheciam minha vovó?”
“NÃO!” - “SIM!”-Ao mesmo tempo, falamos. Eu neguei e o bisonho nos entregou. Estávamos realmente nervosos.
“O que? Sim ou não?”-Interrogou o pavão.
“SIM!” – “NÃO!”-Agora nossas respostas haviam se invertido. Por que o idiota do meu não podia simplesmente confirmar o que eu dizia? SACO! 
Marius nos encarou cheio de dúvidas, percebi que ele não iria nos deixar sair daquela situação facilmente, já que o animal do Joe comemorou com estardalhaço, em volta do caixão.
“Tudo bem, a resposta é sim e não. Nós tivemos apenas um infeliz encontro com a senhora sua vó, que Deus a tenha.”-Respondi sem saída, fingindo algum respeito.
“Encontro? Onde?”-Intrigado ajeitaou seu terno preto de bolinhas brancas.
Tentei pensar rápido, mas não conseguia imaginar nenhum lugar onde eu poderia conhecer uma velhinha demoníaca daquelas.
“Isso vai ser divertido de se assistir.”-Falou Miley, sorridente indo sentar-se em uma poltrona.
“Meu filho, o que esta acontecendo?”-Indagou minha mãe, colocando uma mão no ombro de Joe.
Eu o encarei sério, a fim de mantê-lo de bico calado.
“Nós não tivemos culpa, mamãe, não sabíamos que ela estava dentro do provador.”-O maldito respondeu, aninhando-se choroso nos braços de Denise.
Marius arregalou os olhos, já entendendo tudo.
“FORAM VOCÊS! VOCÊ SÃO OS TARADOS QUE MATARAM MINHA VOZINHA!”-Ele me chacoalhou pelos ombros. “SEUS...SEUS...TESUDOS!”-Esbravejou.
Um coro de vozes surpresas me fez engolir seco. “OHHHHHHH!”
“Mataram uma velhinha?”-Billy, disse incrédulo.
“Não foi nada disso, foi um acidente! Erramos de cabine,então, ela começou a nos atacar com aquele bolsa pesada.”-Respondi aflito, apontando para a bolsa nas mãos da defunta, dentro do caixão.
Ainda bem que aquela bolsa horripilante ia ser enterrada também.
“AAAAAAAAAAHHHHHHHHH, MEU DEUS! COMO EU SOFRO! QUE DOR EU ESTOU SENTINDO...”
Marius estava aos berros, quase arrancando os cabelos. Dessa vez, o choro dele parecia mais real.
“Eu sinto muito, querido, pelo que os meus filhos fizeram. Tem alguma coisa que possamos fazer por você?”-Minha mãe, sempre solidária, interveio.
O escandaloso parou de soluçar imediatamente e nos fitou cheio de malícia. Juro que me deu um calafrio na espinha.
“Sabe... eu sempre sonhei, desde pequenininha em fazer uma performance de Material Girl da minha ídola suprema, Madonna.”-O fresco fez beicinho para nos sensibilizar. “Gostaria muito de homenagear minha vozinha com essa performance.”
“E por que não faz?”-Questionou ela, meio receosa.
“Porque precisaria de dois homens bonitos, musculosos, sexys, selvagens para serem os dançarinos.”-O viado piscou pra Joe e nós sacamos na hora o que ele queria.
“Não, não, não, não! Sem chance.”-Me afastei, chateado.
“Nem se a defunta ressuscitasse!”-Disse o bisonhento, distanciando-se do caixão.
“AAAAAAAHHHHHHHHH, MINHA VOZINHA NUNCA VAI TER SUA HOMENAGEM...”-Ele saiu aos berros, girando pelo salão, novamente em prantos. “EU QUERO MORRER, NINGUÉM ME AMA ,NINGUÉM ME QUER, ATÉ O BONEQUINHO ME REJEITA!”-Começou a rasgar as próprias roupas, a cena era dramática e caótica. Cara, que lunático!
“Nicholas, Joe, façam alguma coisa!”-Ordenou nossa mãe brava.
“Por quê? Eu não vou bancar o dançarino pra esse doido digno de hospício!”-Respondi ranziza.
“Nem eu! Ele me assusta!”-O meu irmão praguejou, escondendo-se atrás de mim.
Miley veio correndo, já morrendo de rir toda feliz.
“Vocês precisam ser os dançarinos, precisam ser os dançarinos!”-Saltitou contente.
Nem morto que eu ia dar aquele gostinho a ela, de me ferrar sozinho.

“MARIUS, A CHAPEUZINHO TAMBÉM ESTAVA NA LOJA QUANDO SUA VOZINHA ENDOIDOU. A CULPA É DELA TAMBÉM!”-Gritei o mais alto que pude.
“O OUE???”-Perguntou ela, com os olhos arregalados. Dei um passo atrás, só para garantir que a pirralha não me socaria.
“Ótimo, preciso mesmo de três dançarinos pra ficar mais fodástico. HU!...OHOHOHOHOHOHO!”
“Por mim, pode chorar até morrer, que eu não vou pagar esse mico.”-Miley deu de ombros.
“TRAGAM A FACA DA COZINHA!”-Marius jogou-se no chão no meio do salão. Todos os viados começaram a chorar. “EU VOU ME MATAAAAAR!”-Rapidinho algum sacana lhe entregou mesmo uma faca. “NOSSA, NÃO PRECISAVA SER ASSIM TÃO RÁPIDO, MAS, ADEUS, MUNDO CRUEL!”
“Vocês mataram a vó dele, façam alguma coisa!”-Denise bateu o pé no chão, com aquele típico olhar de mãe que está prestes a explodir.

Joe Narrando
Estávamos dentro de um dos quartos do “sem pregas”, lógico, o Marius. Olhei para o meu irmão cabeçudo, ele estava extremamente furioso, vestia uma calça preta, sem camisa e, para finalizar, uma ridícula gravatinha borboleta. Gargalhei com vontade.
Nicholas é uma piada!
“Do que você está rindo? Está vestido igual a mim!”-Esbravejou, esfregando o rosto.
Minha gargalhada cessou, quando tive que admitir para mim mesmo que era verdade. Sim, éramos realmente os bonequinhos do boiolão.
“PODEM IR, EU NÃO VOU SAIR DAQUI NEM QUE O TETO DESABE SOBRE MINHA CABEÇA!”-Gritou a estressadinha da Miley, de dentro do banheiro.
“COMO ESTOU?”-Grunhiu, nos assustando, o “sem pregas” que entrou no quarto de surpresa.
Nick e eu fizemos careta ao mesmo tempo.
Não é que a bicha louca estava mesmo fantasiado de Madonna? Vestido de seda rosa, peruca loira, jóias, tudo que um baitolão tem direito.
“Como vocês estão gostosos, estão fashion... fashion-os-olhos e se joga em cima. HU!...HOHOHOHOHOH... Dá até vontade de morder.”
“Morde ele!”-Empurrei meu mano em direção à biba. Ele me encarou, com seu típico olhar de Zé Ruela, tremendo o olho esquerdo. O que será que isso significa? Nunca entendi.
“ÊPA! SEM PASSAR A MÃO!”-Gritou ele, afastando-se do gayzão, que tentou lhe apalpar.
“Cadê a chapeuzinho vermelho?”-Perguntou o trambolho.
“Ela não quer sair do banheiro.”-Murmurou o mano mais cabeçudo mundo.
“Oh, que tímida. Venha, minha purpurinada, ninguém aqui vai lhe fazer mal... eu acho.”
Miley nem se quer respondeu. Então, a biba invadiu o banheiro e puxou-a para fora. Sempre achei Miley a cara da Samara de “O Chamado”. Algumas vezes, até tinha medo dela, mas com a roupa que ela estava... Nossa! Eu passava o rôdo na versão pentelha da Samara rapidinho. Short preto bem curtinho, camisa branca de botões bem colada, gravatinha como a nossa e botas. EITA! Eu até teria me animado. Se não tivesse me distraído com a cara do Nick, ele parecia um daqueles cachorros que fica assistindo o frango rodar na máquina.
“Cabeçudo, ela não é um frango.”-Avisei, murmurando pelo canto da boca.
“É meu frango.”-Respondeu ele baixinho.
Como eu não entendi, resolvi tudo, lhe dando um tapa atrás da cabeça. Isso parece ter despertado o babão. Já Miley, estava vermelha que nem um tomate.
“Vocês são os dançarinos mais lindos que já vi. HU!...HOHOHOHOHOH.”-Pulou, batendo palmas, a versão da Madonna, depois de ter sido atropelada por um caminhão.
“Perguntinha...”-Samara sexy levantou o braço.“Onde você arranja essas roupas?”
“Sex shop, baby.”-A biba deu uma palmada na bunda da Miley, que arregalou os olhos assutada.“Eu dou umas festinhas particulares aqui em casa às vezes, vocês não gostariam de participar?”
“NÃO!”-Respondemos todos ao mesmo tempo.
Eu já tava até vendo as “festinhas particulares” que ele dava. Pense em uma pessoa que adora “dar” as coisas!
“HU!...HOHOHOHOHOHO.”
Aquele “sem prega” me causava mesmo pesadelos, e dos grandes! Ainda bem que a mamãe deixa eu dormir com ela e o Billy, às vezes.
“Vamos acabar logo com essa loucura.”-Pediu a pentelha, tentando puxar o short para baixo, em uma tentativa sem sucesso de cobrir suas pernocas.
“Tudo bem. Como se diz no teatro, vamos quebrar a perna.”-Marius animou-se.
Quebrar a perna? Finalmente, ele falou algo que eu entendia bem.
Chutei com força a perna da bichona, que caiu no chão aos berros.
Nicholas e Miley me olharam, assustados. Eu realmente odiava quando me encaravam assim. Era como se eu tivesse feito algo errado. Que merda, eu sempre faço a coisa certa!
“Que foi? Ele falou pra quebrarmos a perna, eu só estou ajudando. Aliás, agora é a vez de vocês!”
Cocei a cabeça, tentando entender porque os dois tinham saído do quarto às pressas.
Alguns minutos depois, o baitolão já havia se recuperado do seu plano de quebrar a perna e subíamos em um pequeno palco improvisado no salão, onde estava acontecendo o velório.
Olhei rapidamente para o caixão onde estava a vozinha mortona, notei que vários viados maquiavam enfeitavam a velha. O que eles estavam fazendo? Preparando ela para uma festa no inferno?
“Meninas e meninos, chegou meu grande momento: minha ascensão como cover da poderosíssima Madonna. Deliciem-se com a minha maravilhosa performance e meus dançarinos tesudos.”-Marius tagarelou em um microfone. “Dj, SOLTA O SOM!”-Gritou o “sem pregas”. Olhei para o meu irmão babão e a Samara, eles estavam paralisados, logo atrás da Madonna.
Uma das bichas saiu correndo para ligar o maldito som. A gaiola das loucas estava aberta.
Miley Narrando
Eu não sabia o que fazer, estava constrangida demais por conta da roupa estranha que o pavão nos fez vestir. Olhei para o lado direito e constatei que Nicholas não estava disposto a dançar para os amigos do lunático, principalmente, porque eles lhe mandavam beijos e um, até jogou uma cuequinha rosa no palco.
Fitei meu lado esquerdo e observei Joe, dançando empolgado. Fiquei na dúvida se aquilo era por causa da música, ou se pelo fato das bichonas estarem enfiando notas de Euro no cós da calça dele. Já o netinho sofredor, estava mesmo se divertindo, dublando a Madonna. Girava, pulava, fazia caras e bocas, até que notou que nem eu, nem o Jonas nos movíamos.
“VAMOS LÁ! JUNTO COMIGO, DANCEM.”-Continuamos imóveis. “QUEM NÃO DANÇAR VAI TER AULAS PARTICULARES DE DANÇA COMIGO NO QUARTO.”
É, aquilo foi um baita estímulo. Nicholas e eu dançamos, tentando não nos envolver muito na loucura à nossa volta.
Ao longe, distante da multidão que estava em volta do palco, avistei minha família e o restante dos Jonas gargalhando descontroladamente. Fiquei chocada em ver meu pai vermelho de tanto rir. Eles riam porque não sabiam como era difícil estar dançando “Material Girl”. Percebi que Emily não estava no meio dos meus familiares e que Kevin olhava à sua volta, provavelmente procurando-a. Não demorou para eu avistá-la próximo ao palco, pulando, chacoalhando as mãos para o alto e cantando a música, rodeada de viados em êxtase. Só Emily mesmo pra se divertir em um velório. Se é que dá pra chamar essa zorra surreal de velório. 
O pavão rebolou bem à minha frente, sorriu e foi em direção à Nicholas, alisando-o, provocando-o, fazendo carinha sexy enquanto continuava a dublar. O Jonas idiota dançava contrariado, suava e seu olho esquerdo tremia constantemente. Me perguntei o que ele estaria pensando, provavelmente, algo que envolveria outro caixão naquele salão.
A Material Girl finalmente alcançou seu xodó. Joe teve que aturar ele lhe arranhar o peito desnudo, dar um gemidinho e um rugido bem fresquinho. O pavão começou a se esfregar no Jonas burro, roçando principalmente a bunda. O serial killer não aguentou, empurrou Marius, derrubando-o em cima da multidão, que lhe ergueu no ar, como um astro de rock. Ele devia estar no céu, pois abriu os braços e gritou...
“EU SOU UMA MATERIAL GIRL!”
Logo que colocaram ele de volta ao palco, o pavão começou a berrar no microfone.
“EU ESTOU FELIZ! Não poderia estar mais feliz nesse momento, meu povo. AGORA SOU UMA MENINA RICA! Isso mesmo, RICA!”-Enfatizou bem o “rica”, chacolhando-se. “Aquela velha louca finalmente morreu, me deixando toda a herança que sempre me foi negada por ser gay. Ela me maltratou a vida inteira, me batendo com aquela bolsa infernal, me mandando virar homem, mas agora, graças aos meus novos melhores amigos e dançarinos, aquela mocréia bateu as botas. Já era hora.”-Meu queixo caiu com a revelação. Não só o meu, mas de toda a minha família. Ficamos chocados, fitando um Marius fora de controle, berrando com todas as forças. “QUEIME NO INFERNO, VELHA SAFADA! QUEIME NO INFERNO! Agora sou uma bicha LIVRE E RICA! LIVRE E RICA!”
“ISSO É O QUE VOCÊ PENSA!”
Acreditem ou não, aquela voz rouca veio da velha, levantando-se do caixão.
“AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!”-O grito de susto veio de várias pessoas ao mesmo tempo, inclusive de mim. A maioria saiu correndo imediatamente e o salão ficou quase vazio.
Meus olhos não acreditavam no que viam. Era uma velhinha morta-viva? Por instinto e puro pavor, me agarrei a Nicholas, que estava atônito ao meu lado. Ele me abraçou com força. De relance, vi Joe tremer igual vara verde, com a calça toda molhada.
PERAÍ, ELE SE MIJOU?
Já, a Madonna, mais parecia uma estátua do museu de cera, completamente rígido e pálido.
“Como isso é possível?”-Ouvi a voz do meu pai, incrédulo.
“Forjei minha própria morte, Marius, com a ajuda do Dr.Arturo....”-Todos olhamos para a direção que a morta-viva apontava e, em um canto do salão, havia um velhote, careca com olheiras profundas e uma fisionomia tenebrosa. Ele sorria maquiavélico.“Precisava saber se todos esse anos você cuidou de mim apenas por interesse, visando minha fortuna. Hoje, tive a confirmação, VOCÊ É UM APROVEITADOR!”
“Não é isso, vovó... não é isso... eu só quero ser aceito, eu só quero ser eu mesmo! Uma menina alegre e realizada.”
“EU VOU TE ENSINAR UMA LIÇÃO, SEU MARICAS!”-Ameaçou ela, aproximando-se do neto com a temível bolsa verde.
“AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH, SOCORROO!!!”-Clamou a bichona, correndo pelo salão com a velha em seu encalço, girando sua bolsa no ar.
“Billy, faz alguma coisa! Salve a Madonna!”-Pedi.
POXA, TA AÍ UMA FRASE QUE NUNCA IMAGINEI QUE DIRIA.
Meu pai aproximou-se da mulher, amistoso.
“Se acalme minha, senhora, deixe eu lhe receitar um calmante. Você está velha demais para ficar correndo por aí.”
“Ele não deveria ter falado isso.”-Sussurrou Nicholas, ainda abraçado a mim.
É verdade, meu pai acabara de dar uma dedada na bunda da morte.
“VELHA DEMAIS? EU VOU LHE MOSTRAR QUEM É VELHA DEMAIS!”-Pois não é que a vozinha dos infernos deu uma bolsada na cara do Billy?
“NÃO FAÇA ISSO, SUA MÚMIA DEMONÍACA!”-Gritei, aproximando-me. O que posso dizer?... Levei uma bolsada também.
CARA, COMO ISSO DÓI!
VOCÊS! SEUS TARADOS!”-Disse, erguendo uma sobrancelha e tremendo o queixo. É, a velha deve ter esperado bastante tempo naquele caixão para pôr as mãos nos irmãos Jonas. “Estavam comemorando a minha morte, hein? Vamos ver quem vai morrer agora!”
A maldita vozinha bufou que nem um touro em uma arena e partiu com tudo pra cima deles.
“AAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!”-Gritaram os dois, abraçando-se.
Já passavam das 20:00h, quando deitei na minha cama exausta, após um longo banho. Tinha sido um dia daqueles que a gente nunca esquece. Meu rosto ainda estava dolorido devido as bolsadas que levei. Foi difícil conter aquela senhora enraivecida, mas, após muita correria e gritos histéricos, a mosca morta da Denise conseguiu convencê-la a não nos matar. Felizmente, ela bateu nos Jonas o suficiente para eu não ter que perturbá-los por alguns dias. Abracei o travesseiro, feliz por estar indo dormir cedo.
“Preciso falar com você!”-Disse Emily, adentrando o quarto sem bater.
Revirei os olhos, com raiva de mim mesma, por ter esquecido de fechar a porta.
“O que você quer, Fofolete?”
Ela sentou-se ao meu lado, insegura e pensativa.
“O que você lembra da noite passada?”
Gemi, rolando na cama. Eu não me lembrava de muita coisa. As lembranças mais presentes eram o jantar em que Liam não apareceu, minha angústia e derrota pessoal, um abraço constrangedor no Jonas e o Clube de Salsa.
“Ah, eu não sei, Emily. Levei um fora, bebi demais, ri muito... e sei lá... o resto não passa de imagens sem foco e algumas coisas, tenho certeza que foram alucinações.”-Ao menos, eu rezava para que fossem.
“Preciso te contar uma coisa, você vai pirar...”
Minha prima foi interrompida pelo som de uma buzina de carro. No início, não dei importância, mas, então, o barulho continuou. Fomos até a janela do quarto espiar e quase caí para trás, quando percebi que era Liam, encostado em seu Aston Martin, em frente à minha casa.
O nervosismo me atingiu. Coração acelerado, falta de ar, euforia, pernas bambas. Isso tudo já estava virando rotina, eram consequências da presença de Liam.
“O que eu faço?”-Perguntei aflita.
Meu lobo mau me viu na janela e gesticulou, para que eu fosse ao seu encontro.
“Tira esse pijama horrível primeiro, né?”-Emily olhou para minha roupa com cara de nojo.
Em poucos minutos, eu já caminhava em direção ao meu sonho de consumo. Com a ajuda da minha prima Fofolete, me arrumei rápido. Estava vestida com a roupa que Nicholas me forçou a comprar, minha única saia cinza, blusa preta baby look com uma guitarra estampada no peito e botas pretas cano longo.
“Você está linda.”-Falou o homem de sorriso perfeito.
Tive que me aguentar para não me jogar em seus braços.
“Obrigada.”-Respondi, tímida.
“Venha, entre no carro, quero falar com você.”-Pediu ele, abrindo a porta do seu Aston Martin.
Nem pensei duas vezes e me soquei lá dentro.
Comemorei silenciosamente, enquanto ele dava a volta no carro, para sentar-se no banco do motorista.
Liam fechou a porta do veículo e suspirou, fitando o pára-brisa. Esperei que ele começasse a falar, porque eu não sabia o que dizer. Eu havia ficado arrasada quando ele me rejeitou na noite anterior, mas o seu gesto romântico de enviar dezenas de arranjos de flores, tinha amolecido meu coração, que um dia já fora duro como pedra. Ainda tentava entender o efeito que aquele homem tinha sobe mim.
“Eu queria muito ter ido ao jantar, mas fui impedido pela Susan, que me trancou em seu apartamento.”-Disse, virando-se para me encarar.
Baixei a cabeça e engoli seco brincando com uma mexa do meu cabelo. Então era isso? Ele não tinha ido por causa da namorada? Estava se divertindo com ela enquanto eu bancava a palhaça?
“Ah... não é isso que você deve estar imaginando. Eu fui até lá para terminar com ela.”
Meus olhos arregalaram e minha boca se abriu.
“Você...você..é...”-Ótimo Miley, boa hora pra começar a gaguejar.
“Terminei mesmo com ela.”-Foi inacreditável quando ele pegou minha mão e acariciou-a. Fiquei com medo de estar sonhando.“Miley, você é diferente das garotas que conheci nesses últimos anos. É engraçada, e espontânea...”-Ele riu. “Realmente gostaria de te conhecer melhor, ter a chance de lhe mostrar que eu não sou um cara tão mau assim.”
“Eu... adoraria.”-Consegui falar em um fio de voz.
“Não sei o que você sente por mim, mas sei que eu sinto é suficiente para querer conhecer sua família, seu mundo, você acha que seria possível?”
Eu estava ouvindo bem? Oh,Oh,Oh! Alguém me abane, que vou desmaiar.
“Err...sim...”-Respondi trêmula que nem uma tapadona. “Você quer jantar amanhã aqui em casa? Eu posso te apresentar meu pai.”
Suspirei ao vê-lo sorrir.
“Pode ter certeza que, dessa vez, eu não vou deixá-la esperando.”
“Se deixar, eu vou ter que te bater.”-Respondi do nada. Aquilo era uma coisa que eu não deveria ter dito.
Ainda assim, ele gargalhou. Me senti no céu, com anjinhos e trombetas tocando.
“Como você irá me apresentar a sua família? Porque eles acham que sou apenas o amigo do Nicholas.”
Fiquei confusa. O que eu deveria fazer? O que eu deveria responder?
Liam deve ter notado meu dilema interior, pois mais uma vez, riu.
“Por que não me apresenta como seu namorado?”
MEU MUNDO PAROU.
Eu podia ver Liam movendo os lábios em meio a conversa, mas tudo havia ficado silencioso para mim. Era como se alguém tivesse apertado a tecla mute do controle remoto da TV. Meu sonho havia se realizado, e eu não tinha forças pra reagir. Estava anestesiada.
Queria sair correndo, pulando, gritando, mas meu corpo congelou.
Então, meu lobo tocou meu rosto e o mundo voltou a girar.
Miley, você está bem?”-Perguntou receoso.“Você parece meio... estranha. Como quando nos conhecemos.”
OH, não, não, não! Reaja, droga, reaja! Não deixe ele pensar outra vez que você é excepcional.
“Só fiquei meio surpresa com o que disse, eu não esperava.”-Consegui pôr pra fora, ofegante.
“Por quê? Você não quer namorar comigo?”-Perguntou sério.
“Está louco? Puta merda, é o que eu mais quero.”-Só quando calei a boca, percebi a porcaria do palavrão que eu tinha dito. Onde estaria o maldito pote de palavrão? Por que eu tinha que estragar aquele momento com uma diarréia verbal?
Ele sorriu, para o meu alívio, aproximando-se de mim.
ESPERA! O QUE ELE ESTÁ FAZENDO?
O rosto de Liam estava cada vez mais próximo ao meu, eu podia sentir sua respiração, seu calor. OH, MEU DEUS! VOU MORRER, MORRER DE FELICIDADE.
Fiquei hipnotizada por aqueles lábios carnudos e sensuais, meu estômago embrulhou, minha visão ficou turva. A mão dele agarrou a minha cintura, enquanto a outra tocava levemente a maçã do meu rosto. Minha respiração havia ido pro espaço, quando senti sua boca a milímetros da minha. Era o momento, era a hora, era tudo que eu havia esperado e lutado para conseguir. Fechei os olhos, pronta pra me entregar àquele beijo com sabor de vitória.
“NÃAAAAAAAAOOOOOOO!”-Gritei quando uma mão forte e possessiva me puxou para fora do carro, violentamente.